Doador de sangue há mais de quatro décadas e de plaquetas há mais de dez anos, o empresário Francisco de Araújo, 63, é um voluntário assíduo do banco de sangue. Ele acaba de atingir o marco de 80 doações de plaquetas e afirma que pretende manter o hábito enquanto tiver vida e saúde, até a idade limite para o ato, que é de 69 anos. Além disso, o empresário diz que é também um doador de órgãos declarado.
Francisco enxerga a prática como um dever de cidadão e revela que se sente bem por poder ajudar outras pessoas. “É uma sensação que me faz bem. Porque eu tenho consciência da importância dessas doações para salvar outras vidas”, conta. Ele explica ainda que gosta de divulgar suas doações na internet como um ato desafiador a outras pessoas. “Não gosto de me vangloriar por isso, sinto como um dever; mas acho bacana e importante desafiar os outros a doar também”.
O bom exemplo pode mesmo servir de inspiração para socorrer o estoque dos bancos de sangue, que sofrem com quedas significativas nesta época do ano. É o que informa a diretora técnica do Banco de Sangue Hemolabor, Érika C. Paiva de Assis, e faz um alerta para que as pessoas que estejam aptas compareçam para doar, garantindo a continuidade dos atendimentos de emergência nas unidades de saúde.
“Sabemos que existe um desconforto em sair de casa neste calor e entendemos que muitas pessoas viajam nesta época, mas reforçamos a importância do abastecimento dos estoques. Pacientes com queimaduras, vítimas de acidentes de trânsito, pessoas com doenças crônicas e muitos outros carecem do suprimento contínuo de sangue para sobreviver”, explica.
Sobre doadores da terceira idade
De acordo com dados divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, a população nacional está apresentando um constante envelhecimento. Em dez anos, o número de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população, o que representa um aumento de cerca de 9 milhões de idosos no País.
Apesar dessa parcela da população apresentar problemas crônicos de saúde, o que são fatores que reduzem o percentual de pessoas aptas à doação, o crescimento da população idosa possibilita que esse público se torne potenciais doadores de sangue para contribuir com a manutenção dos estoques dos serviços de hemoterapia e bancos de sangue.
Vale ressaltar ainda que com envelhecimento da população aumenta também o número de indivíduos nesta faixa etária com doenças as quais fazem necessária a realização de transfusão de sangue.
Quem pode doar sangue?
Entre os critérios para a doação, estar em boas condições de saúde; ter entre 16 e 69 anos – desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos, precisam de autorização); pesar no mínimo 50 kg; e apresentar documento com foto emitido por órgão oficial, são os principais. Os homens podem doar com um intervalo de 60 dias, e as mulheres, 90 dias.
Como funciona a doação de plaquetas?
O procedimento de coleta de plaquetas por aférese consiste na retirada do sangue total do doador, separação dos componentes por meio de centrifugação, retenção de parte das plaquetas e retorno dos demais componentes do sangue para o doador. Todo o processo dura cerca de 90 minutos. A doação de plaquetas beneficia muitos pacientes, especialmente aqueles em tratamento para leucemias e outros tipos de câncer, os submetidos a transplante de medula óssea e a cirurgias cardíacas, as vítimas de trauma, dentre outros. Pode ser realizada a cada 7 dias, não ultrapassando 24 doações em 12 meses. A reposição das plaquetas pelo organismo é rápida e ocorre em torno de 48 horas.