Nove municípios goianos já registraram casos de infecção pela variante Ômicron, sublinhagem BQ.1. De acordo com o boletim da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), divulgado na quarta-feira, 30, foram notificados 27 casos por meio de sequenciamento de amostras feito pela Rede Genômica Estadual, integrada pelo Laboratório Estadual de Saúde Pública Giovanni Cysneiros (Lacen) da SES-GO, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). As amostras de Aparecida de Goiânia foram sequenciadas por laboratório contratado pelo próprio município.
No Brasil, o aumento de casos da doença causada pelo coronavírus ganhou força entre o final de outubro e o início de novembro. Dados da SES revelam que houve aumento expressivo dos casos de Covid-19 nas últimas semanas, em Goiás. Entre 30 de outubro a 5 de novembro, foram notificados 518 casos. E de 6 a 12 de novembro, o número de casos subiu para 1.489.
Devido à constatação da sublinhagem BQ1, em Goiás, a Secretaria de Saúde orienta a população a fazer o uso de máscara facial, principalmente as pessoas com fatores de risco para a Covid-19, em especial imunossuprimidos, idosos gestantes e pessoas com múltiplas comorbidades. “A proteção também é indicada para as pessoas que tiveram contato com casos confirmados de Covid-19, pessoas em situações de maior risco de contaminação pela doença, como as que ficam em locais fechados e mal ventilados, locais com aglomeração e serviços de saúde”, destaca a nota.
O médico infectologista Marcelo Daher também reforça a importância do uso de máscaras. “O que precisamos fazer neste momento é voltar a usar máscara, porque ela protege. A doença tende a ser mais branda na maioria das pessoas, mas a gente nunca sabe quem pode evoluir para os casos mais graves da infecção”, orienta o infectologista.
Recomendações
A vacinação completa conforme esquemas apontados pelo Ministério da Saúde, com completude do esquema vacinal, com especial atenção às doses de reforço e à vacinação de crianças, cujo número de hospitalizações por Covid-19 tem apresentado crescimento desde o início deste ano, principalmente em crianças menores de 9 anos.
Daher esclarece que mesmo que a pessoa tenha sido vacinada, não está imune às novas variantes. De acordo com ele, essa mutação não está ligada ao imunizante, mas é “uma característica própria do vírus”. Ainda, de acordo com o médico infectologista, essa subvariante “é muito mais transmissível”.

são necessárias”
O infectologista afirma que já devemos estar quase no pico dessa onda de infecções. “O que acontece é que a variante que é mais infectante consegue fugir mais dos anticorpos e passa a ser a variante mais dominante, e as outras deixam de existir. Não há mais a Delta e a Gama circulando. A variante que surgiu na cidade de Wuhan, na China, só existe lá, porque elas deixaram de existir a partir do momento que a variante mais infectante toma conta do cenário”.
Segundo dados da SES, ao todo foram sequenciadas 94 amostras de Covid-19, nos meses de outubro e de novembro pela SES. Nestas, foram identificadas a sublinhagem BA.5 em 60 amostras (64%), e outras sublinhagens em 19 amostras (20%). A sublinhagem BQ.1 foi identificada em 15 amostras, o que corresponde a 16% do total, distribuídas nos municípios de Goiânia, Senador Canedo, Valparaíso de Goiás, Alexânia, Anápolis, Caldas Novas, Jaraguá e Mineiros. Em relação às amostras de Aparecida de Goiânia foram sequenciadas 26 amostras, destas, em 12 foi identificada a sublinhagem BQ.1.
O Ministério da Saúde destaca que não há dados epidemiológicos que indiquem um aumento na gravidade da doença por essa sublinhagem. O impacto das alterações imunológicas observadas no escape da vacina ainda não foi estabelecido.
As novas ondas de coronavírus são motivadas por causas multifatoriais, incluindo características da circulação do vírus e do comportamento populacional. Nas últimas semanas, o Brasil registrou um aumento significativo no número de casos da doença causada pelo coronavírus.
“Essas variantes surgiram pela necessidade de o vírus fugir dos anticorpos. A pessoa tem a doença, toma vacina e produz anticorpos. E essas variantes que surgem são capazes de fugir dos anticorpos, infectam as pessoas e são muito transmissíveis. Essa é a característica delas. É complicado, e corremos atrás do prejuízo, porque a disseminação já está acontecendo”, informou Marcelo Daher.