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Agricultura familiar: potencial para exportar e transformar o Brasil no mercado global


Por em 26/02/2025 - 10:06

A agricultura familiar no Brasil é marcada por uma forte herança cultural (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

A agricultura familiar tem se consolidado como um pilar essencial para o desenvolvimento rural e a sustentabilidade no Brasil. Mais do que uma fonte de alimentos para o consumo local, representa um modelo produtivo diversificado, gerador de empregos e respeitador do meio ambiente. Seu potencial vai além da simples produção para o mercado interno, podendo transformar o Brasil em um grande exportador e fortalecer sua economia, além de promover uma imagem positiva no cenário internacional.

Cerca de 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira vêm da agricultura familiar, conforme dados do IBGE e do Censo Agropecuário de 2017. Esse setor é responsável por mais de 80% dos estabelecimentos rurais e emprega aproximadamente 13 milhões de pessoas, ou 30% da força de trabalho rural. Além disso, a agricultura familiar tem um papel importante na preservação ambiental, adotando práticas sustentáveis que favorecem a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos.

Além de ser um pilar da segurança alimentar, a agricultura familiar é um vetor de desenvolvimento regional e inclusão social. Suas práticas agrícolas, que respeitam os ciclos naturais, alinham-se com as crescentes demandas globais por soluções mais sustentáveis.

A agricultura familiar no Brasil é marcada por uma forte herança cultural. Muitos de seus produtores são descendentes de comunidades tradicionais, como quilombolas, indígenas e imigrantes. Esse conhecimento empírico, passado de geração em geração, aliado às práticas sustentáveis, é uma característica que confere valor aos produtos familiares brasileiros.

Além disso, a agricultura familiar é responsável pela produção de alimentos que representam a identidade culinária do Brasil, como feijão, arroz, milho, mandioca, e uma vasta gama de frutas e hortaliças. Esses produtos, além de fundamentais na alimentação diária dos brasileiros, possuem um grande apelo no exterior, sendo também símbolos culturais que geram reconhecimento global.

A diversidade de produção da agricultura familiar, com alimentos orgânicos e de baixo impacto ambiental, faz com que esses produtos sejam cada vez mais valorizados no mercado internacional. Países como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão demonstram crescente interesse por alimentos sustentáveis e orgânicos. Mesmo mercados emergentes, como China e Índia, estão cada vez mais conscientes dos benefícios dos produtos naturais e ecologicamente responsáveis.

Esses produtos são especialmente apreciados por sua autenticidade, sabores marcantes e métodos de cultivo tradicionais. Essa diferenciação agrega valor aos produtos, tornando-os desejados em mercados internacionais.

No entanto, para que os produtores familiares possam acessar efetivamente os mercados globais, é necessário superar desafios estruturais, financeiros e logísticos. Acessar crédito para melhorias na produção, certificações de qualidade e infraestrutura é essencial, assim como adotar tecnologias agrícolas modernas que aumentem a competitividade dos produtos no exterior.

Além disso, a capacitação dos produtores para compreender as exigências dos mercados internacionais, como as certificações de produtos orgânicos ou de comércio justo, é fundamental. O cooperativismo também deve ser incentivado para facilitar o acesso a redes de comercialização maiores e mais lucrativas.

O governo tem um papel crucial na criação de um ambiente favorável à exportação da agricultura familiar. Deve atuar na promoção de acordos comerciais e políticas públicas de incentivo à internacionalização do setor. Programas de apoio à exportação e assistência na certificação internacional dos produtos podem ser diferenciais importantes. Além disso, o governo deve garantir infraestrutura logística adequada para o transporte e a exportação, especialmente para os pequenos produtores.

A agricultura familiar brasileira possui imenso potencial para se destacar no mercado global. Sua diversidade de produtos, capacidade de produzir alimentos saudáveis e sustentáveis, e a rica bagagem cultural conferem-lhe um apelo crescente nos mercados internacionais. Para que esse potencial seja plenamente explorado, é imprescindível que os produtores tenham acesso a crédito, tecnologia e capacitação, e que o governo adote políticas públicas que promovam a internacionalização do setor.

A exportação dos produtos da agricultura familiar não só geraria uma importante fonte de renda para milhões de brasileiros, mas também fortaleceria a imagem do Brasil como um país comprometido com a sustentabilidade, a qualidade alimentar e a preservação de suas tradições culturais.

Rodrigo Zani

É Secretário de Formação Política da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar do Brasil - UNICAFES

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