Skip to content

Anistia ou Comida na Mesa? O Verdadeiro Debate que o Brasil Precisa Ter


Por Rodrigo Zani em 09/04/2025 - 08:48

Anistia é uma agenda nacional importante para os brasileiros? Foto: Elineudo Meira / @fotografia.75

Nos últimos tempos, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem pautado as discussões no cenário político nacional com uma proposta polêmica: a anistia para si e seus militantes radicalizados. Em um momento em que o Brasil enfrenta desafios econômicos graves, com uma alta inflação que afeta diretamente o bolso da população, Bolsonaro tenta desviar o foco das necessidades reais do povo ao mobilizar a nação em torno de uma causa que, a bem da verdade, não representa os interesses da grande maioria. Sua proposta de anistia, que gera divisão e bloqueia outras discussões no Congresso, é, na prática, uma vontade pessoal que não reflete as demandas urgentes do país.

De acordo com uma pesquisa da Genial/Quest, a maioria dos brasileiros se opõe à ideia de anistia para aqueles que atentaram contra o Estado democrático de direito. Esse dado revela que a sociedade brasileira não está disposta a abrir mão dos princípios democráticos em nome de interesses particulares ou de um projeto de poder. Bolsonaro, ao insistir nessa pauta, acaba ignorando a realidade cotidiana de milhões de brasileiros que estão lutando para colocar comida na mesa e garantir a dignidade de suas famílias.

Por outro lado, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também enfrenta desgastes. Durante a campanha, Lula prometeu que o povo brasileiro teria acesso a uma alimentação de qualidade, incluindo cortes de carne como a picanha, algo que agora parece um sonho distante. Hoje, a população se vê diante de uma crise alimentar, onde o preço dos alimentos, especialmente o da carne, atingiu níveis alarmantes, e até itens básicos, como ovos, se tornaram inacessíveis para muitos. A realidade de boa parte da população é a luta diária para garantir o sustento, e é essa a verdadeira preocupação do trabalhador brasileiro.

Enquanto isso, Bolsonaro continua a estressar a nação com suas mobilizações sem sentido, discursos raivosos e apelos à intervenção norte-americana. Seu apelo pela intervenção estrangeira fere a soberania do Brasil e põe em risco o país em nome de um projeto de poder que se destina apenas a manter sua base radicalizada mobilizada. Os eventos em Copacabana e na Avenida Paulista, apesar de contar com o aparato de mobilização sempre muito eficaz do bolsonarismo, não conseguem ultrapassar a bolha da extrema-direita. São eventos que representam um grupo específico da sociedade, um segmento que, por mais barulhento que seja, não reflete a diversidade e a pluralidade do povo brasileiro.

O fato é que Bolsonaro, embora ainda consiga mobilizar um grupo significativo de seguidores, encontra sua capacidade de expansão estagnada. O bolsonarismo, ao se voltar exclusivamente para a extrema-direita, deixa de dialogar com a maioria da população e, portanto, perde a chance de ser uma alternativa viável para o país. Seu poder de mobilização continua restrito aos reacionários, um grupo que não representa o Brasil como um todo.

Em relação à anistia, é importante deixar claro que esta não é uma agenda nacional. Ao contrário do que pregam Bolsonaro e seus aliados radicais, a aprovação desse projeto não traria benefícios para o país. Se aprovado, poderia até dar margem para interpretações perigosas, permitindo que grupos extremistas, tanto de direita quanto de esquerda, atentem contra o Estado de Direito e a democracia sem maiores consequências. O que o Brasil realmente precisa é de um debate sério sobre como construir um futuro melhor, com desenvolvimento e oportunidades para todos.

É hora de redirecionarmos nossa atenção para questões que de fato afetam a vida de cada brasileiro. Precisamos de projetos robustos que busquem soluções reais para a crise econômica, para o desemprego e para a falta de acesso à alimentação de qualidade. O verdadeiro debate deve ser centrado em como melhorar a qualidade de vida da população, com ações que promovam inclusão e sustentabilidade. O Brasil não pode continuar sendo refém de disputas ideológicas que nada agregam ao bem-estar da maioria.

A anistia de Bolsonaro e seus seguidores não é uma agenda nacional. O que o povo quer, de fato, é comida no prato e um país mais justo e igualitário para todos. É hora de focarmos em soluções que promovam o desenvolvimento e o bem-estar coletivo, deixando de lado os projetos de poder que só dividem a nação.

Mais artigos de Rodrigo Zani.

Rodrigo Zani

É Secretário de Formação Política da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar do Brasil - UNICAFES

Pesquisa