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A história do capitão da reserva que colocou general em maus lençóis


Rodrigo Zani Por Rodrigo Zani em 18/12/2024 - 06:00

Foto: Braga Neto e Jair Bolsonar. Crédito: Valter Campanato | Agência Brasil
Foto: Braga Neto e Jair Bolsonar. Crédito: Valter Campanato | Agência Brasil

Nascido em Glicério, tendo passado a adolescência em Eldorado, no interior de São Paulo, o jovem Jair Messias Bolsonaro iniciou a sua breve carreira militar no interior do Rio de Janeiro, mais precisamente em Resende, onde ingressou na Academia das Agulhas Negras em 1977. Serviu no grupo de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército Brasileiro. Como militar não realizou grandes feitos, talvez a passagem mais marcante do soldado Bolsonaro tenha sido um acidente de paraquedas na década de 80. No seu famoso “histórico de atleta” não consta nenhuma medalha ou grande feito, na verdade o Messias era sempre reserva do time militar.

Inconformado com o próprio salário, o soldado Bolsonaro, num gesto típico de sindicalistas da esquerda, promoveu manifestações ao ponto de ter sido preso e processado por elaborar plano para fragilizar o alto comando do Exército. Aos 33 anos foi reformado e se aposentou da carreira militar iniciando sua trajetória na política. Não era bem visto pela cúpula militar que o julgava como indisciplinado e na vida pública sempre muito bem acomodado no bloco do “Centrão”.

Como político, o militar reformado, não teve grande destaque. Foi vereador pela cidade do Rio de Janeiro, até conseguir se eleger deputado federal em 1991, se reelegendo sucessivamente até o ano de 2019, quando conseguiu se tornar Presidente da República. Como parlamentar o capitão da reserva teve baixa produtividade. Destacava-se mais por polêmicas, grosserias e fake news! Durante o processo da Comissão da Verdade, Jair Bolsonaro, foi ferrenho defensor do Governo Militar e de eventuais crimes cometidos durante o período da ditadura. Dado à esse gesto conquistou o coração de alguns generais remanescentes do regime ditatorial, que passaram a nutrir uma certa simpatia pelo, outrora, indisciplinado militar.

Já na presidência da república, o capitão Bolsonaro, acomodou generais e militares de várias patentes em cargos e funções estratégicas. Ao criar um ambiente de instabilidade institucional no País, alguns imaginavam que poderiam reviver os tempos de “glória” da ditadura militar e embarcaram numa aventura golpista. Os atos anti-democráticos do 8/1 foi a cereja do bolo nessa trama pelo fim da democracia. Investigações da Polícia Federal apontam que tudo não era ao acaso, mas, sim, fruto de uma articulação elaborada para abolir o Estado Democrático de Direito e retornar o grupo derrotado nas urnas para o poder. Dali em diante só Deus para saber o que poderia acontecer com a República do Brasil.

Na cabeça dos golpistas parecia o plano perfeito, mas, algo deu errado (claro que daria). As Instituições reagiram de maneira eficiente e o que era pra ser a “farra” dos golpistas se tornou, na verdade, o pesadelo do Messias e alguns de seus auxiliares. Aos poucos, com a elucidação dos fatos, um a um foi sendo capturado pela Polícia Federal. Havia a minuta do golpe, conversas de WhatsApp e o planejamento “impresso e auditável” do passo à passo da trama golpista. Batom na cueca! Um general de 4 estrelas, pela primeira vez na história, é preso pela PF, acusado de obstrução de justiça e planejamento de golpe. A cúpula das Forças Armadas entram em choque e o Exército na defensiva.

Sempre bom lembrar que nenhuma generalização é positiva e que houveram militares e comandantes legalistas que foram incisivamente contrários à essa tentativa maluca de golpe. Foram defensores da Pátria e da democracia! Vale destacar ainda que as Forças Armadas são Instituições de Estado e prestam relevantes serviços à sociedade e à Nação. O Exército brasileiro, por exemplo, é o maior da América Latina e um dos maiores do Planeta. Uma meia dúzia de maçãs podres não podem manchar toda uma Instituição.

Existe um provérbio que diz: “Passarinho que acompanha morcego acorda de cabeça para baixo”; aqueles Generais que se deixaram levar pelo “conto de fadas” golpista não podem pautar todas as Forças Armadas, que em sua grande maioria é democrática. Mas, justiça seja feita, os que se deixaram embarcar na “lorota” do capitão da reserva precisam ser exemplarmente penalizados.

Democracia não se negocia!

Rodrigo Zani

É Secretário de Formação Política da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar do Brasil - UNICAFES

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