A agricultura sempre foi uma das colunas centrais da economia brasileira. Além de abastecer o mercado interno e garantir segurança alimentar para mais de 200 milhões de pessoas, o setor é um dos maiores responsáveis pela balança comercial positiva do país. Mas o que nem sempre se destaca nos grandes debates econômicos é o potencial transformador da agricultura no desenvolvimento socioeconômico local — especialmente em cidades do interior que encontram no campo um caminho para prosperar.
Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio representa aproximadamente 24% do PIB nacional e responde por mais de 30% dos empregos no país, de forma direta e indireta. Em 2023, as exportações do setor alcançaram US$ 166 bilhões, consolidando o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos. Não à toa, o país é frequentemente chamado de “celeiro do mundo”.
Essa potência nacional se reflete em diversas cidades que transformaram suas realidades a partir do investimento estratégico na agricultura. Um exemplo emblemático é Luís Eduardo Magalhães (BA), que, em poucas décadas, saiu do anonimato para se tornar uma das cidades mais ricas do interior nordestino, com base em um polo agrícola moderno, focado em grãos. Outro caso de sucesso é Primavera do Leste (MT), que se consolidou como referência em produtividade e qualidade de vida, impulsionada pela força do agronegócio e por políticas públicas que favoreceram o empreendedorismo rural.
Nesses e em muitos outros exemplos espalhados pelo país, observa-se uma correlação direta entre o fortalecimento da agricultura e a melhoria dos indicadores sociais. Municípios com base econômica agrícola costumam registrar avanços significativos no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), melhoras nos sistemas de educação, saúde, além de aumento da renda per capita e oferta de serviços públicos. A geração de empregos qualificados no campo e na indústria de transformação agrega valor à produção e cria oportunidades para os jovens permanecerem em suas cidades natais, reduzindo o êxodo rural.
Mas para que uma cidade consiga de fato se desenvolver a partir do campo, não basta ter solo fértil e clima favorável. É essencial haver vontade política, planejamento estratégico, mobilização social e a implementação de políticas públicas eficazes. Investimentos em infraestrutura rural, acesso à tecnologia, crédito agrícola e capacitação de produtores são fundamentais para que o potencial do setor seja plenamente aproveitado.
O desenvolvimento sustentável com base na agricultura não transforma apenas a economia — ele transforma vidas. Gera dignidade, cria oportunidades e conecta tradição e inovação. Uma cidade que aposta no campo planta progresso e colhe cidadania.
Como escreveu o economista francês Jacques Attali, “o futuro pertence àqueles que dão sentido ao que fazem”. Ao apostar na agricultura como motor do desenvolvimento, damos sentido ao que temos de mais genuíno: a terra, o trabalho e a capacidade de alimentar não só o mundo, mas os sonhos de uma sociedade mais justa, próspera e equilibrada.