Primeiro caso no país, o bebê é visto como um sinal de esperança
Em Tubarão, município do Sul de Santa Catarina, uma médica de 33 anos recebeu o imunizante durante a 34ª semana de gestação, e acabou resultando no primeiro caso brasileiro de transmissão placentária de anticorpos contra a SARS-COV-2.
“Ficamos felizes e emocionados e que sirva de incentivo à outras gestantes. É uma dose de esperança a todos”, afirma a médica Talita Menegali Izidoro, mãe do bebê e integrante da equipe de pesquisa.
A vacina foi tomada sob a orientação de seu obstetra, pois até fevereiro ainda não havia um protocolo do Ministério da Saúde sobre a vacinação em gestantes. Em relato à Folha, ela afirma que levou em consideração o fato do feto já estar em fase final de formação e pelo imunizante da Sinovac ser produzido com vírus inativado. Por conta disso, o risco ao feto, em tese, seria menor.
“Não tive medo algum, pois, como médica, estava na linha de frente e a vacina traria muitos mais benefícios”, afirmou Talita.
De acordo com a diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, Rosana Richtmann, não há relatos semelhantes no país. Com as vacinas Pffizer ou de RNA mensageiro que foram mais utilizados nos Estados Unidos e em Israel há relatos e estudos internacionais sobre episódios de imunização através da placenta, mas não com a CoronaVac:
“Em relação a CoronaVac, é o primeiro evento, pelo menos que eu tenha notícia, principalmente aqui no Brasil. Então, é uma notícia muito boa. Nós estamos falando de uma vacina que está sendo bastante utilizada no nosso país”, explicou.
Enrico nasceu no dia 9 de abril e o teste que comprovou a presença de anticorpos foi realizado dois dias depois, sendo avaliado por diferentes médicos, incluindo o secretário municipal de saúde da cidade, o obstetra que acompanhou a criança, além da mãe de Enrico e dos profissionais do laboratório que fez o exame. O resultado mostrou 22% de anticorpos na amostra analisada.
O Ministério da Saúde informou, nesta quinta-feira, que está desenvolvendo os estudos necessários para verificar se este realmente é o primeiro caso no país. Além de buscar maiores pesquisas sobre o fenômeno, que em outras imunizações de gestantes já é uma realidade.
Dados extraídos do G1 e da Folha.