O impasse envolvendo a situação crítica do lixão da capital mobilizou uma reunião entre a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Prefeitura de Goiânia nesta segunda-feira (7). No encontro, que contou com a presença do prefeito Sandro Mabel e da secretária Andréa Vulcanis, foram discutidos três eixos principais: os riscos ambientais da operação atual, os passos necessários para regularizar o local e o futuro da destinação de resíduos sólidos da capital.
Sem licença ambiental válida desde 2011, o lixão opera de forma irregular e está sujeito a multas diárias aplicadas pela Semad. Relatórios recentes da secretaria apontam ao menos 12 falhas críticas na estrutura, como ausência de licenciamento, falhas na impermeabilização e risco de deslizamentos. Mesmo assim, a prefeitura defende que o local é seguro e vem promovendo melhorias.
Vistoria técnica conjunta
Diante da divergência entre os laudos da Semad e um estudo recente realizado pelo Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), que atestou a viabilidade do lixão, foi definida a realização de uma vistoria técnica conjunta. A proposta partiu do prefeito e foi aceita pela Semad. A avaliação contará com equipes técnicas dos dois órgãos para análise atualizada das condições do local.
O prefeito Sandro Mabel afirmou que a manutenção do aterro municipal, com melhorias, é mais sustentável que a contratação de aterros privados, destacando benefícios econômicos e ambientais. Ele reiterou que o lixão atende exclusivamente ao município e que a administração está comprometida com a modernização da operação. “Nosso objetivo é chegar ao lixo zero, com a utilização total dos resíduos sólidos”, declarou.
Relatórios e penalidades
Em relatório técnico divulgado em maio, a Semad classificou a situação do lixão como “irreversível”, citando graves falhas estruturais e ambientais. A secretária Andréa Vulcanis afirmou que, diante do histórico de descaso, não é possível reverter o local para as condições exigidas de um aterro sanitário adequado. Segundo ela, a prioridade agora é interromper os danos e iniciar ações de remediação ambiental de longo prazo.
A prefeitura, no entanto, argumenta que já promoveu melhorias desde as últimas vistorias e cita a Lei Estadual nº 23.407/2025, que dá prazo de um ano para adequações no tratamento de chorume. Isso, segundo a gestão, permite tempo hábil para a implementação de um plano de ação que garanta a modernização do espaço.
Caminhos para o futuro
A Semad informou que a prefeitura poderá apresentar um novo pedido de licenciamento ambiental, via Sistema Ipê, para tentar regularizar o aterro. No entanto, a decisão dependerá do cumprimento rigoroso de todos os requisitos legais.
Paralelamente, o Governo de Goiás segue com o projeto de regionalização da gestão de resíduos sólidos, que prevê o fim dos lixões em favor de aterros sanitários regionais. Esses espaços atenderiam consórcios de municípios, oferecendo uma alternativa mais econômica e ambientalmente correta para cidades com menor capacidade de gestão.
A próxima etapa será a vistoria técnica, prevista para os próximos dias. O resultado da inspeção poderá definir os rumos da política de resíduos sólidos da capital.