Sou nascido em 1985, ano simbólico das Diretas Já, e cresci sob a influência da Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã. Desde cedo, desenvolvi um interesse genuíno pela política, pela organização da sociedade e pela causa pública — mesmo sem vínculos familiares diretos com o meio político. Já tentei me afastar desse universo, mas há temas que nos atravessam de forma definitiva. Talvez viver por causas seja, para mim, uma vocação.
Ao longo das últimas décadas, acompanhei com atenção o cenário político de Goiás. Vi o fim da hegemonia do PMDB, que durante anos dominou o Estado sob lideranças como Iris Rezende, Maguito Vilela e Henrique Santillo. Presenciei a ascensão de Marconi Perillo, que começou como jovem reformista e se consolidou como figura central da política goiana, com quatro mandatos como governador.
Também vi o retorno dos Caiado ao poder, algo que parecia pertencente ao passado, às páginas dos livros e à memória dos mais velhos. E, é claro, vivenciei a transformação radical da política nacional com a eleição de Jair Bolsonaro e a ascensão da extrema direita no Brasil.
Com esse histórico, acredito que estamos às vésperas de uma possível transição geracional na política goiana. As eleições de 2026 podem marcar não apenas uma nova disputa de poder, mas também um novo ciclo de lideranças.
Ronaldo Caiado caminha para o fim de seu segundo mandato e cogita um projeto nacional. Marconi Perillo, embora ainda com vigor político, enfrenta dificuldades para reconstruir sua base partidária em um PSDB fragilizado. Já Iris e Maguito nos deixaram, ainda que seus legados permaneçam vivos.
Esse contexto cria uma lacuna — e também uma oportunidade. A ausência de lideranças tradicionais pode abrir espaço para nomes novos, ou pelo menos para figuras que, mesmo já atuantes, representem uma geração diferente, com outros métodos e visões de mundo.
A base governista parece já ter escolhido seu nome: Daniel Vilela, vice-governador e filho de Maguito, reúne juventude, experiência e respaldo político. Já a oposição, fragmentada entre PT, PL e um PSDB em reconstrução, ainda busca alternativas. Marconi ainda observa o tabuleiro, Wilder Morais ensaia uma candidatura com o apoio do bolsonarismo.
Neste cenário, parece natural que as forças políticas — em especial as de oposição — reflitam sobre a necessidade de apresentar nomes que representem renovação com responsabilidade. Gente que carregue menos desgastes do passado, mas que esteja preparada para o debate e para os desafios da gestão pública.
Sempre ouvi dos líderes mais experientes que um dia o bastão seria passado. Talvez estejamos vivendo exatamente esse momento. Não se trata de desconsiderar o valor das trajetórias anteriores, mas de entender que cada geração tem o seu tempo e a sua contribuição a dar.
Vejo, entre muitas pessoas da minha geração, uma disposição real para esse protagonismo. Mais importante que ambições pessoais é reconhecer que há um sentimento coletivo de preparo e compromisso. E que essa nova geração pode — e deve — dialogar com a anterior para garantir uma transição saudável, equilibrada e eficiente para Goiás.
A história está em movimento. E talvez agora seja a hora de pensarmos mais seriamente sobre quem a conduzirá daqui pra frente.
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