O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), anunciou a intenção de transformar a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) em uma empresa de capital aberto, com previsão de venda de ações na bolsa de valores em até dois anos. A proposta foi apresentada durante reunião com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), na segunda-feira (7), em meio a discussões sobre irregularidades no aterro sanitário da capital.
Na ocasião, Mabel afirmou que a Comurg deverá passar por processo de reestruturação e poderá assumir a gestão do aterro futuramente, dentro de um novo modelo de operação. “A Prefeitura busca a concepção e qual o formato. A senhora está vendo a mexida que nós estamos fazendo na Comurg. Estamos negociando essas dívidas e a Comurg vai virar uma companhia que vai estar aberta no mercado”, declarou o prefeito.
A abertura de capital será precedida de estudos sobre a viabilidade do processo. Segundo Mabel, a Prefeitura pretende contratar instituições como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para analisar o potencial do negócio e possíveis modelos de desestatização.
Recentemente, a Prefeitura de Goiânia renovou a parceria com o Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), responsável pela modelagem da Parceria Público-Privada (PPP) que viabilizou o novo modelo de iluminação pública da capital durante a administração de Rogério Cruz (SD).
“A Comurg vai ser uma empresa que vai estar em bolsa e vai participar, com o acervo técnico que ela tem, de outras licitações também. Então, a Comurg vai ter um compliance, vai ter acionistas”, disse o prefeito. Ele declarou ainda que a intenção é manter o controle majoritário da empresa com a Prefeitura. “Não é uma privatização e vamos manter esse controle, porque acreditamos que a Comurg é viável e pode fazer muito mais.”
Atualmente, a companhia é uma sociedade de economia mista. Com a abertura de capital, parte de suas ações passaria a ser negociada publicamente, com a possibilidade de entrada de novos investidores. Mabel afirmou que a venda só ocorrerá após a reorganização das dívidas da empresa, estimadas em R$ 3 bilhões.
Reação na Câmara
A proposta gerou reação na Câmara Municipal. A vereadora Kátia Maria (PT) se posicionou contra a possibilidade de abertura de capital. “Primeiro ele quer recuperar, depois ele quer abrir o capital. Velha tática da direita: recupera com dinheiro público e depois entrega para a iniciativa privada. Nós não permitiremos”, afirmou.
Ela também defendeu o papel da companhia para os serviços públicos da capital. “Nós queremos salvar a Comurg. A Comurg tem expertise, ela consegue fazer a limpeza que a Limpa Gyn não está dando conta de fazer, ela consegue dar manutenção nas nossas praças, com qualidade, ela consegue fazer a administração do aterro se ela quiser, desde que tenha seriedade na condução e condições de trabalho para os seus servidores.”
A vereadora ainda cobrou que qualquer discussão sobre o futuro da empresa passe pelo debate com o Legislativo e com a população. “Não permitiremos que essa pauta da Comurg, da limpeza da cidade, porque isso também é qualidade de vida, isso também é saúde, seja tratada sem passar por essa Câmara, sem passar pelo debate com a sociedade e sem ter a seriedade devida”, concluiu.