Os primeiros 100 dias de gestão do prefeito Sandro Mabel provocaram embates entre vereadores dos mesmos partidos, na Câmara Municipal de Goiânia, expondo divisões entre parlamentares do MDB e até mesmo do União Brasil, partido do próprio prefeito. O pano de fundo das divergências é a busca de espaços na gestão municipal. Vereadores independentes criticaram os primeiros meses do mandato e compararam à gestão de Rogério Cruz (Solidariedade)
Dentro do MDB, o vereador Lucas Vergílio não poupou críticas à postura do prefeito Mabel, apontando que ele prioriza questões políticas em detrimento de problemas urgentes. “Tínhamos um prefeito apático e sem expressão; agora, temos um gestor que parece mais preocupado com proselitismos políticos, demagogia e populismo barato, buscando apenas destaque nas redes sociais”, disse Vergílio.
O parlamentar também questionou a viagem de Mabel à Itália durante momentos críticos, sugerindo que o prefeito estava distante das demandas da cidade: “Essa atitude só mostra a desconexão do prefeito com a realidade de Goiânia. Ele precisa entender que governar não é um privilégio, é um compromisso diário com o povo”.
Em resposta, o líder do prefeito na Câmara, Igor Franco (MDB), defendeu a gestão e as ações de Mabel, destacando ampliação das vagas escolares e esforço da gestão nos serviços de zeladoria. “Vamos ver a realidade das entregas que foram feitas, porque a cidade precisa de um parlamento que realmente consiga uma construção da nossa cidade”, disse.
Pedro Azulão Jr. (MDB) disse não ter “reclamação de nada” porque tem trabalhado diariamente e visto que “a cidade está em movimento”. “Eu ouvi citar o prefeito Rogério, no mandato do prefeito Rogério foi o mandato que eu mais produzi. E não está sendo diferente com o prefeito Sandro Mabel”, acrescentou.
União
Racha dentro do União Brasil também ficou evidente. A vereadora Rose Cruvinel (UB) disse que cobrava há 100 dias a conclusão de obra de drenagem da gestão de Rogério Cruz (Solidariedade), no Bairro Feliz, e criticou a gestão por só agir quando provocada pela imprensa, e não por meio do trabalho dos vereadores.
“Hoje, a TV Anhanguera fez uma belíssima reportagem mostrando. Certamente vão atender o vereador da TV Anhanguera”, ironizou. “Porque vereador aqui parece que não vale nada. Ofício, requerimento, visitar o órgão, solicitar a obra, parece que não vale nada”, afirmou Rose.
Anselmo Pereira (MDB) que mantém postura equilibrada, ora com críticas, ora com afagos à administração, se alinhou às críticas feitas por Rose. “Foi gasto lá R$ 11 na drenagem do Bairro Feliz. Resolveu”, disse cobrando finalização de um quarteirão inacabado.
“Eu lamento dizer a vossa excelência que eu também esgotei, levei lá várias reuniões e essa reportagem, eu vou dizer a vossa excelência, foi eu que pedi. Tem um ditado, um adágio popular que os mais antigos dizem que ‘quem não tem cão, caça com gato’. Eu tô com um gato caçando agora”, reclamou Anselmo.
Em defesa da administração de Mabel, o vereador Lucas Kitão (UB) procurou enfatizar os avanços que, segundo ele, têm ocorrido sob a gestão do prefeito. Kitão destacou auditoria completa nos contratos da prefeitura, a criação de quase 7 mil vagas na educação municipal, além de melhorias no trânsito e a intensificação das ações de zeladoria na cidade, sugerindo que as críticas eram infundadas.
“Eu discordo em todos os pontos. Nunca vi nenhum prefeito passar a prefeitura à limpo como Sandro Mabel. Então, só por esse motivo, os 100 dias já devem ser comemorados, porque esses 100 dias vão marcar a história da cidade”, defendeu Kitão.
O vereador Markim Goyá (Agir) também defendeu as ações do prefeito nos primeiros 100 dias, mencionando a atuação da Secretaria Municipal de Trânsito e a recuperação de serviços de zeladoria. No entanto, fez críticas à presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente, Zilma Peixoto, por, segundo ele, não atender telefone.
Independentes
Tião Peixoto (PSDB) afirmou que a gestão de Mabel é continuidade de Rogério Cruz (Solidariedade) e acusou o prefeito Sandro Mabel de viajar para não ouvir críticas dos parlamentares no marco de 100 dias. Ao mencionar Bruno Peixoto e Welligton Peixoto, argumentou que os filhos não mandam nele e que a postura dele é de independência.
Tião também fez críticas a secretários que, segundo ele, não atendem vereador. “O secretário tem que respeitar os vereadores, a secretária de educação não atende telefone, liguei para ela 12 vezes para pedir uma audiência e não fui atendido”, afirmou.
Já Coronel Urzêda (PL) disse que não há razão para comemorar nos 100 dias de gestão e mencionou o show gratuito da Vila Mutirão, nesta quarta-feira (9), como “pão e circo”.