Em meio a um processo eleitoral bastante judicializado, o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) reuniu mais de 100 representantes das polícias civil, militar, rodoviária federal, federal e Corpo de Bombeiros em sua sede para um evento de quase duas horas demonstrando o funcionamento e a segurança das urnas eletrônicas. “É indispensável o apoio das forças de segurança”, definiu o presidente do TRE-GO, desembargador Itaney Campos. As eleições deste ano terão o maior esquema de segurança já empregado para assegurar o regular e livre direito do cidadão ao voto.
Itaney abriu a palestra fazendo uma retrospectiva das décadas anteriores à redemocratização do país, lembrando que o sistema de votação no Brasil era sujeito a fraudes e viciado para manter o poder nas mãos das oligarquias dos setores agrícola e pecuário. “O voto de cabresto era uma coisa corriqueira”, lembrou o presidente do TRE-GO, apontando a fragilidade do voto impresso e as constantes fraudes. “O clima era de desconfiança, de terror”. Com a implantação do sistema eletrônico para captação e totalização dos votos, prosseguiu, a Justiça Eleitoral proporcionou mais segurança. “O sistema de votação brasileiro é exemplar, seguro e, importante destacar, aditável”, assegurou o desembargador, citando mecanismos de segurança, como a zerésima, que atesta que não há nenhum voto na urna, testes de inteligência e votação paralela. “Não há como fraudar o processo eletrônico de votação”.
O secretário de Tecnologia da Informação do TRE-GO, Frank Wendel Ribeiro, abriu sua palestra defendendo que a urna eletrônica é um projeto de Estado. “Sendo um projeto de Estado, tão bem elaborado, é muito injusto comparar com os sistemas usados em outros países, porque são desenvolvidos por empresas, enquanto o nosso foi criado pela Justiça Eleitoral, com engenheiros de órgãos como ITA e IME”, ponderou Frank, acrescentando que a urna eletrônica não tem conexão com a internet. Em seguida, ele apresentou 30 camadas de segurança da urna eletrônica. “A urna é isolada, não tem acesso a internet nem a bluetooth, só com o cartão de memória. O resultado que sai dela é cristalizado em um boletim, publicado com as assinaturas de todos os presentes”, explicou.
Para o secretário de TI, é importante distinguir os processos de votação e totalização, que são distintos. “Se um ataque hacker derrubar todo o sistema do TSE, por exemplo, ainda estaremos guarnecidos pelos boletins já publicados”, destacou. Os boletins de urna nesta eleição serão disponibilizados na internet no momento em que forem transmitidos ao TSE. Nas eleições anteriores, eram disponibilizados três dias depois da eleição. Frank também pontuou que tanto o hardware quanto os programas são assinados digitalmente. “Todos os certificados ficam em um módulo de segurança embarcado, totalmente aditável”, concluiu.