Quase 40 dias após um rompimento anunciado e uma reviravolta surpreendente, o prefeito de Aparecida Vilmar Mariano (União Brasil) segue forte na articulação da pré-campanha, mas ainda vive à sombra de um plano B, mesmo que os atores envolvidos neguem qualquer articulação nesse sentido. Apesar de afirmarem o apoio nos discursos, as desconfianças existentes entre o gestor e o ex-prefeito Gustavo Mendanha (MDB) são acentuadas quando estão distantes das câmeras e dos microfones.
Ao se impor como pré-candidato da base caiadista em Aparecida, Vilmar Mariano mostrou que não era peso morto no cenário político aparecidense. Ao contrário, com uma base ao seu lado, uma ruptura poderia colocar em risco a construção da chapa de vereadores do União Brasil e do MDB, no município. A implosão viria e suas consequências não seriam nada boas para o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Tampouco, para Daniel e Gustavo.
Ambos tinham preferência por Leandro Vilela e tiveram de recuar, após uma articulação conduzida por Sandro Mabel, que, dias antes, foi alçado à condição de pré-candidato da base caiadista em Goiânia. Ele e o deputado estadual Veter Martins (União Brasil) foram fundamentais para que a ruptura não acontecesse, em uma reunião que começou na noite de 3 de abril e só terminou na madrugada do dia seguinte.
Horas antes, Gustavo teria dito que foi o próprio Vilmar que havia optado pelo rompimento. Vilmar não teria aceitado as supostas condições impostas pelo grupo de Gustavo Mendanha e do presidente estadual do MDB, o vice-governador Daniel Vilela. Decidiu, então, seguir voo solo. Estudou filiação ao Podemos e ao PRD. Mas, diante da interseção de Mabel, que nunca escondeu sua preferência por Vilmarzinho, o prefeito de Aparecida acabou indo parar no União Brasil.
No UB, Vilmar ganha tempo para articular e acelerar a entrega de obras. Tem prazo. A partir de julho, não pode mais participar nem divulgar solenidades que promovam a gestão. Até lá, o suposto acordo diz que ele deve diminuir em pelo menos 15 pontos a diferença que tem para o deputado federal Alcides Ribeiro (PL), que até ano passado era seu aliado. Caso contrário, o prefeito poderá ser rifado para dar lugar a uma alternativa.
A eleição em Aparecida costuma não dar lugar para segundo turno. Certamente, em 2024, a disputa interna na base caiadista coloca o município numa espécie de 1º turno antecipado. Resta saber se até as convenções, o sentimento de desconfiança ainda estará sutilmente exposto no debate aparecidense. 90 dias de expectativas.
PALAVRA
À coluna, Gustavo Mendanha garante ter confiança que Vilmar Mariano irá reverter o cenário. “Dei minha palavra e não volto atrás. Do jeito que ele tá indo, trabalhando muito, inaugurando obras todos os dias, não há o porque pensar em plano B. Daqui para junho ainda tem muito chão para correr.”, pontua. Daniel Vilela, durante um evento, também garantiu: “Nunca tive dúvidas sobre Vilmar Mariano”.
Conselho de Caiado
O governador Ronaldo Caiado, durante a inauguração da Maternidade Municipal de Aparecida de Goiânia, deu o recado a Vilmarzinho: “Trabalhe, trabalhe, trabalhe!”. No mesmo dia, cumpriram outra agenda em Aparecida. Foram juntos no mesmo carro. Vilmar saiu animado do encontro.
Dupla desconfiança
Se o grupo de Vilmar desconfia se Mendanha e Daniel vão cumprir a palavra, o grupo de Gustavo teme um eventual rompimento em caso de o prefeito reverter o cenário e conseguir a reeleição.
Cálculo político
Nos bastidores, comenta-se que Mendanha já calcula um eventual rompimento. Questionado, Gustavo desconversa. “A nossa prioridade é vencer as eleições. Não podemos perder em Aparecida, cidade onde fui eleito duas vezes em primeiro turno”, destaca.
União
O núcleo de Vilmar também desconversa. “Mariano reuniu o apoio de Caiado, Daniel e Gustavo Mendanha e uma grande frente de partidos. Não há porque falar em rompimento. Isso não está no roteiro”, destaca um aliado.
Aglutinação
A capacidade de articulação de Vilmar, inclusive, foi elogiada por Caiado, durante discurso feito na inauguração da maternidade de Aparecida. Citou a presença de Sandro Mabel (UB), Daniel Vilela, Gustavo Mendanha, do ex-deputado federal João Campos (Podemos) e de Rubens Otoni, do PT. “Somos adversários políticos, mas sabemos trabalhar juntos administrativamente”.
Falando em PT
O advogado eleitoralista Amarildo Cardoso é defensor do lançamento de uma pré-candidatura própria do PT à Prefeitura de Aparecida. Critica setores da legenda que estão na administração de Vilmar Mariano. “Uma ala minoritária do partido participa da gestão de um governo fascista que é aliado do governador Ronaldo Caiado”.
Fica com Vilmar Mariano
O deputado federal Rubens Otoni destaca que não há porque romper com a administração de Mariano. “Não tem porque mudar. Inclusive, a aliança já foi aprovada em reunião do diretório nacional”, destaca a coluna.