Nesta terça-feira (17), o patrimônio cultural intitulado Saberes do Rosário: Reinados, Congados e Congadas foi registrado oficialmente como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O registro foi aprovado por unanimidade durante a 109ª reunião do Conselho Consultivo do Iphan, realizada em formato on-line.
Este reconhecimento traz uma enorme importância para o estado de Goiás, que, junto com Minas Gerais e São Paulo, abriga diversas comunidades que mantêm vivas essas tradições afro-brasileiras com profundas raízes históricas e culturais.
O presidente do Iphan, Leandro Grass, ressaltou a importância desse registro para as comunidades goianas:
“Após 17 anos de espera, finalmente teremos o registro desse patrimônio cultural, que representa a ancestralidade africana e mantém vivas tradições importantes para Goiás e outras regiões, conectando-nos às nossas origens e fortalecendo nossa identidade cultural.”
As tradições de Reinados, Congados e Congadas que fazem parte dos Saberes do Rosário são manifestações culturais com mais de 300 anos de história, caracterizadas por celebrações que envolvem canto, dança, coroação de reis e rainhas congos, cortejos, rezas e muita devoção. Essas práticas são especialmente fortes e preservadas em comunidades de Goiás, onde são símbolo de resistência cultural e valorização da identidade afrodescendente.
A historiadora e líder comunitária Alessandra Ribeiro Martins, relatora do processo, destacou que esses saberes fortalecem as comunidades por meio de um modo de vida ancestral, que resiste desde o período da escravidão até os desafios do racismo estrutural na atualidade.
Em Goiás, essas expressões culturais ganham vida por meio de grupos como massambiques, congos, catopês, marujos, caboclos, tamborzeiros e pifeiros, entre outros, que preservam a diversidade de rituais e celebrações características dos Saberes do Rosário.
O presidente do Iphan também enfatizou o compromisso do Instituto em implementar medidas para proteger e promover esse patrimônio cultural, especialmente priorizando as expressões afro-brasileiras e indígenas. Ele definiu o registro como um “ato de reparação histórica e justiça social”, destacando seu impacto positivo para o reconhecimento da rica diversidade cultural do Brasil, com destaque para as tradições goianas.