Duas pesquisas de diferentes institutos publicadas nesta terça-feira (17), dão importantes recados para a campanha do senador Vanderlan Cardoso (PSD), que durante o período pré-eleitoral liderava a maioria dos levantamentos de intenção de voto. Agora, entretanto, o cenário parece mudar e o parlamentar, que tenta chegar pela terceira vez ao Paço Municipal, vê o colega Sandro Mabel (UB), ultrapassá-lo e tomar a dianteira na disputa, com a deputada federal Adriana Accorsi (PT), em segundo.
A Goiás Pesquisas e a Quaest, publicadas no Mais Goiás e na TV Anhanguera, servem de alertas importantes para uma campanha que deseja chegar ao Paço Municipal e evitar pedir música no Fantástico. Nas duas pesquisas, Vanderlan aparece dez pontos atrás de Mabel. É uma mudança muito negativa para alguém que liderava e vinha com o recall de duas eleições indo ao segundo turno.
Algumas estratégias adotadas durante a pré-campanha e campanha precisam ser calibradas se Vanderlan não quiser ver a boiada passar. A primeira é ir de uma vez por todas para a rua. O senador passou as primeiras duas semanas de seu mandato dividido entre Goiânia e Brasília e colocou a responsabilidade dos atos de rua nas costas de um vice que já não é mais.
O médico e ex-vereador Paulo Daher, do Progressistas, ficou responsável por representar o senador em inúmeros atos. Com atuação discreta como vereador, o político não empolgou nem somou à campanha, exceto pelas polêmicas oriundas a partir da aliança controversa entre o seu partido e Vanderlan e a disputa com a coligação com Mabel. No frigir dos ovos, a Justiça Eleitoral entendeu que o PP não ia ficar nem com um, nem com outro.
A campanha também deve parar de tentar desqualificar as pesquisas que apontam cenários desfavoráveis. Aliados do senador Vanderlan Cardoso, chegaram a disparar contra a Goiás Pesquisas nas redes sociais, horas antes da Quaest apontar cenário de distanciamento parecido. Nos bastidores, comenta-se que as pesquisas internas da campanha mostram Vanderlan numa situação confortável de liderança. Logo, há um conluio entre os institutos de pesquisa contra o senador? É uma forma conveniente de terceirizar os próprios erros.
Talvez durante a pré-campanha, Vanderlan e seu time de conselheiros tenham subestimado a articulação política de Mabel, acreditando que por estar a mais de uma década longe da vida pública, o ex-deputado federal seria apenas um balão de ensaio ou candidato-tampão para o governador Ronaldo Caiado. Não foi.
Mabel que começou a pré-campanha tímido, entrou de vez no jogo eleitoral e demonstra cada vez mais sede de poder ao tentar chegar ao Paço Municipal. Conseguiu aglutinar toda a estrutura do MDB a ponto da advogada Ana Paula Rezende comparar o empresário a sucessor de Iris Rezende, seu pai. O próprio presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), que muitos desconfiavam manter lealdade a base caiadista no pleito, entrou na campanha e vestiu a camisa ‘mabelista’.
Sem contar propostas populistas e demagógicas que podem ser controversas mas atraem voto, como liberar as faixas exclusivas de ônibus para motociclistas e criar espaços para eventos de som automotivo. Tudo isso, com um monte de sertanejos universitários por trás para aproximá-lo do público jovem. Uma campanha ignorar tudo isso e confiar que as coisas poderiam acontecer no ‘piloto-automático’ é um erro amador. Ainda restam 18 dias para as eleições e Vanderlan precisa reconfigurar a rota se não quiser pedir música no Fantástico. E ficar fora do segundo turno pela primeira vez na sua tentativa de chegar ao Paço Municipal.