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Caiado alimenta dúvidas e segue dominando o jogo


Vassil Oliveira Por Vassil Oliveira em 12/05/2024 - 08:59

Pesquisas já mostraram o tamanho do capital político do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Mais de 80% de aprovação, segundo levantamento recente. Isso somado ao fato de que é governador – tem a máquina do governo na mão com caneta cheia de tinta – e palanqueiro de primeira, acende a luz de todos os lados para o que ele vai fazer ou deixar de fazer nesta eleição. E ele semeia certeza, mas também dúvidas. Na mesma medida.

Em Goiânia, plantou certeza com o empresário Sandro Mabel (UB) candidato por sua base, porém, espalha dúvida sobre como resolverá o impasse da vice. O presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (UB), mantém o sonho de candidatura e uma pegada dura nas negociações. Caiado pode lhe entregar essa prerrogativa, ainda que o sonho mesmo seja voltar ao jogo. Pode. Caiado deixa em aberto.

Na prática, toda ação que depende de Caiado no jogo político fica em aberto pelo tempo que ele julga necessário. Aí bate o martelo. Em Aparecida de Goiânia, a questão de ordem: o prefeito Vilmar Mariano terá ou não o empenho dele para a reeleição? Vilmar conta com isso. Gustavo Mendanha, ex-prefeito, sim e não. Porque Gustavo está em ação e tem força eleitoral, no entanto, o controle do jogo é do governador.

Professor Alcides, o candidato contra o candidato da situação, também conta com o apoio de Caiado, em silêncio. Em silêncio porque considera que Caiado acenou que prefere seu nome ao de outro ou alguém indicado por Gustavo. Nas duas cidades, quem mais dança com os sinais dobrados de Caiado é o MDB do vice governador Daniel Vilela.

O MDB pisa em ovos por que seu rumo depende do governador. O governador tem de experiência política o que muitos dos outros jogadores ao seu redor não têm de vida. E é um jogador tarimbado. Leva daqui, leva dali, deixa todos pensando que vai chutar pra direita, e chuta pra esquerda. Ninguém em Goiás hoje joga tão firme com o tempo e o regulamento na mão.

Serenar meu texto

Sinto que escrevo com muita força. Força de bete no meio da rua. Bruto igual empurrão pra ninguém triscar no meu doce. Quero serenar meu texto. Isso. Dona Zinha adorava quando a gente chegava esbaforido na cozinha dela. Uma meninada desmedida. O-quê-vocês-querem? Ela falava meio assim, cara de espertinho da rua de cima. Tudo. Já viu criança querer menos? Meu sonho é escrever que nem dona Zinha. O mundo pegando fogo e tia no encantador mundo dela. Será preciso tirar o cerol das frases. O Murilo era bom de cerol, mas não me ensinou a desviver sem perder a alma.

Não estão me pedindo pra serenar. Eu que quero. Me diverti muito com as pipas que joguei por terra. E tive muitos voos meus cortados as vezes de saída. Acabou a brincadeira. Quero ser barco de papel em riachos. Tem jeito? Posso ter chegado a um ponto de não saber mais fazer de outro jeito, ou de estar condenado a este ser o único jeito que resta pra mim, sem dó nem piedade, como parte de um plano maior para me redimir dos pecados.

Pode ser que minha alma seja assim e não tenha Deus que dê jeito. Pode ser que não haja mais tempo. Vou continuar insistindo menos por fé, é mais para contrariar as expectativas, até que as coisas mudem. E mude. Meu texto fale por mim com a serenidade que almejo. Não quero muita coisa. Só um texto sereno, no sentido cerrado, com chuvisqueiro bem gelado. E uma personalidade de mata. Mata bem de verdade. Mata ciliar, pode ser.

Uma palavra, uma pontuação, outra palavra, um sentido figurado, a vírgula do riacho fundo, duas pedras jogadas com força, mas só pra depois reverberarem com graça e sentido algum dos regos d’água. Qualquer um que não me seque.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação Pública de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).