A campanha de Leandro Vilela (MDB) precisa urgentemente dar protagonismo ao candidato se quiser ter chances reais de vencer as eleições em Aparecida de Goiânia em 2024. A estratégia do governador Ronaldo Caiado (UB), ao promover o ex-deputado federal como substituto de Vilmar Mariano (UB), que não conseguiu viabilizar-se eleitoralmente, enfrenta dificuldades para encantar o eleitor.
Embora Leandro tenha sido alçado como candidato de última hora, ele ainda luta para se firmar como um nome competitivo em uma disputa que pode definir o futuro político do município. Apesar de sua campanha usar pesquisas em que o candidato aparece em empate técnico, levantamentos feitos pela Data UFG e pela Goiás Pesquisas, apontam um contexto confortável em favor do deputado federal Alcides Ribeiro (PL), principal adversário de Vilela na disputa. Serve de alerta…
Desconhecido na cidade e surgindo atrás nas pesquisas, a campanha de Leandro Vilela aposta em uma estratégia de resgate emocional e histórico, tentando vincular sua imagem ao legado de seu tio, Maguito Vilela, um dos maiores nomes da política de Goiás, tendo sido eleito, governador de Goiás, além de ter ocupados importantes em Brasília.
Maguito, que faleceu em 2021 após ser eleito prefeito de Goiânia, deixou um forte capital político, especialmente em Aparecida, onde foi prefeito por dois mandatos e transformou a cidade e tendo seu legado reconhecido até mesmo pela oposição, hoje liderada pelo deputado federal Alcides Ribeiro (PL), principal adversário de Leandro na disputa.
No entanto, o desafio é claro: o carisma e a identidade política de Maguito eram únicos, e simplesmente carregar o sobrenome “Vilela” não garante que o sobrinho herde automaticamente a mesma popularidade ou aceitação. Um aspecto central da estratégia é reforçar essa conexão familiar, tanto que a campanha passou a apresentá-lo apenas como “Vilela”, tentando capitalizar o sobrenome.
Há um problema aqui: Maguito era Maguito, e essa tentativa de personificação pode acabar soando como uma caricatura. Na política, heranças simbólicas são poderosas, mas tentar “recriar” uma figura tão emblemática pode facilmente parecer artificial, plástico é fabricado. O sobrenome por si só pode não ser suficiente para reverter a desvantagem nas pesquisas, por mais que sua campanha diga que há levantamentos que apontam cenários menos desfavoráveis.
Além da evocação de Maguito, Leandro Vilela conta com o apoio de Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida e figura de grande popularidade, que deixou o cargo com uma aprovação esmagadora de 98%. Mendanha e Caiado são personagens constantes nos materiais de campanha, dividindo as atenções com o candidato.
Aqui reside outro problema: Leandro, em muitos dos materiais de campanha, tem sido eclipsado pelas figuras de seus padrinhos políticos. Caiado e Mendanha aparecem com maior destaque e presença que o próprio candidato, o que compromete a construção de sua própria identidade e liderança. Os eleitores podem acabar mais conectados com a imagem de Mendanha ou Caiado do que com o nome “Vilela”, criando um vácuo de protagonismo.
A apresentação do candidato nos materiais de campanha, principalmente, nas redes sociais, é outro ponto frágil da campanha. Leandro aparece frequentemente com um sorriso tímido, em posturas que transmitem pouca confiança. Isso não apenas distancia o eleitorado, mas também reforça a imagem de um candidato pouco à vontade com sua própria candidatura. Em uma disputa tão competitiva, é essencial que o candidato transmita segurança, liderança e determinação, atributos que, até o momento, não têm sido bem explorados.
No campo prático, a escolha de Leandro Vilela parece ter sido um movimento calculado pela base de Caiado para garantir a continuidade de um projeto político em Aparecida de Goiânia, mas a execução dessa estratégia tem falhado em alguns aspectos-chave. A insistência em reforçar laços familiares e vínculos políticos com figuras do passado e do presente pode não ser suficiente para compensar a falta de identidade própria do candidato e a percepção de sua falta de confiança.
A campanha de Leandro Vilela precisa de uma virada estratégica clara. O eleitor de Aparecida quer um candidato que esteja à altura dos desafios da cidade, não apenas alguém que representa o passado ou que depende de apoios externos para se viabilizar. A política tem lugar para heranças, mas, no fim, o candidato precisa ser visto como uma liderança autêntica, capaz de conquistar votos por seus próprios méritos.