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Entrevista | “PSL busca uma vaga na chapa majoritária, mas não vai de mãos vazias”


Avatar Por Redação em 09/08/2021 - 00:00

Pré-candidato ao Senado, o deputado Waldir Soares (PSL) busca uma chapa majoritária para se inserir. Há um mês ele voltou a conversar com o governador Ronaldo Caiado, com quem se desentendeu logo no primeiro ano da gestão, depois de ser o primeiro a anunciar apoio à candidatura do então senador, em 2018. Mas ele destaca que o PSL não vai de mãos vazias para uma eventual aliança: traz o maior fundo partidário eleitoral e o maior tempo de propaganda no Rádio e TV.  Mas, para Waldir, a chapa pode ser de situação ou de oposição. O partido só quer garantir uma vaga na chapa majoritária.

Tribuna do Planalto – O projeto do senhor para as eleições de 2022 é disputar a reeleição ou uma vaga no Senado?

Waldir Soares – Senado. Estamos construindo este projeto desde o término das eleições porque fui duas vezes o deputado federal mais votado do estado, ajudamos a eleger o governador Ronaldo Caiado e o presidente da República. Nessa construção, nós elegemos 54 deputados federais, a maior bancada da Câmara Federal, ocupei a liderança do PSL, e tive um teve um grande protagonismo nacional. Em razão disso, o PSL tornou-se politicamente, o partido que tem o maior tempo de TV e também o maior fundo partidário eleitoral. O partido tem três deputados estaduais e dois deputados federais e quer construir para 2022, a pedido da Executiva Nacional do PSL, um projeto para a eleição majoritária. Nós buscamos uma vaga na chapa majoritária, essa vaga é a de senador. Eu não teria perfil para vice-governador e ainda não tenho o protagonismo para disputar uma chapa majoritária. Tem outros atores que teriam feito uma articulação antecipada melhor para disputar esse cargo. Nós iremos montar uma excelente chapa de deputados federais e de deputados estaduais.

Seria na chapa do governador Ronaldo Caiado?

Temos diálogo tanto com o governador como com a oposição. Temos um excelente relacionamento com as duas partes.

Qual a oposição?

Uma possível oposição. Hoje nós temos grupos esfacelados. O PSDB, do José Eliton e do ex-governador Marconi, tem grande desgaste em razão dos fatos que aconteceram. Nós temos o Jânio Darrot, que foi para o Patriotas, que é do grupo do Jorcelino Braga; temos o Daniel, que poderia ser uma opção, mas com a manifestação dos prefeitos dele, provavelmente, caminhar como governador; o Gustavo Mendanha, que não falou em nenhum momento que é candidato a governador, está dialogando com muita gente e mostrando um projeto, mas sabemos que ele tem essa pretensão de ser candidato a governador. É um possível candidato, mas ele diz que não sai do MDB e que é fiel Daniel, que também pode ser candidato a governador. O PT praticamente desapareceu do cenário local e, em Goiás, seria uma candidatura muito frágil. Quem está em pré-campanha e é candidato à reeleição é o governador.

O senhor retornou as conversas com o governador recentemente. Como foi isso?

Há um mês, no evento da entrega de ônibus na Secretaria de Educação, o governador me chamou e me convidou para ir ao palácio e eu estive com o governador no palácio, fui muito bem tratado, foi muito cortês. Ele quis saber dos projetos políticos do PSL. Depois me convidou para mais um evento e eu também estive com ele em Rialma a convite do prefeito Fred. Depois, fui convidado para ir a Anápolis com o governador, na aeronave dele. A gente não pode ser extremista. Eu tive minhas diferenças com o governador, com o Marconi, com o presidente, mas na política a gente tem que ter o dom do perdão. Eu não estou mudando, estou pensando no grupo. O PSL não pode ficar isolado. O PSL pode caminhar com o governador, pode caminhar com posição, pode caminhar com qualquer cenário. Nós estamos nos aproximando, mas não vamos fazer parte do governo do estado, o PSL não quer cargo e não quer secretaria. O PSL tem vários prefeitos e precisamos que os prefeitos tenham a estrutura do estado para que possam fazer a gestão, então é uma aliança de interesse de gestão e que mantém o PSL como partido grande. O PSL não quer ser tapete, ser usado por candidatos A, B ou C e ser apenas tapete de passagem. Quere­mos uma vaga na chapa majoritária.

Há diversos partidos que já fazem parte da administração interessados nessa vaga. Há espaço para o PSL?

O governador disse, em Anápolis, que o delegado Waldir e o PSL estavam com ele quando ele não tinha ninguém. Fui o primeiro deputado federal a declarar apoio quando ele não era candidato ainda, estive no palanque. Muitas das pessoas que estão hoje não estavam com o governador lá atrás. A gente sabe do protagonismo dos demais candidatos, são pessoas importantes na política, mas o PSL busca essa vaga na chapa majoritária e não vem de mãos vazias. O PSL vem com o deputado federal mais bem votado da história de Goiás; três deputados estaduais, prefeitos, vereadores e temos o partido que tem o maior fundo partidário eleitoral e o maior tempo de TV. Temos praticamente o dobro do tempo dos demais partidos. Nós elegemos um presidente da República e temos a maior bancada de deputados federais. Ele não vem sozinho para esse projeto. Eu respeito cada um dos candidatos que pretendem buscar essa vaga, sei que a kombi está lotada, três pré-candidatos a vice-governador, nove pré-candidatos a senador no grupo do governador, mas o PSL está buscando construir um projeto.

Sem a onda Bolsonaro na próxima eleição, sem candidato forte a presidente da República, o PSL terá o mesmo desempenho?

O presidente Bolsonaro esteve afastado das eleições municipais e nós não tínhamos nenhum prefeito e elegemos seis. Tínhamos 35 vereadores e elegemos 70. Nós não surfamos na onda do bolsonarismo. Tive 274 mil votos em 2014 e repeti a votação em 2018. Até perdi alguns votos em razão de minha decisão de apoiar o presidente porque, na época, ele tinha uma grande rejeição entre as mulheres e 70% do meu eleitorado são de mulheres. O PSL está enraizado. Temos uma comissão executiva em quase 180 municípios. Na eleição passada o PSL não tinha estrutura política. Todas as minhas campanhas eu fiz sem recurso financeiro, sem tempo de TV, sem nada. E os resultados começaram a surgir na eleição municipal.

O deputado Vitor Hugo fez uma enquete nas redes sociais sobre uma eventual candidatura a governador. O que o senhor achou da iniciativa dele?

Eu acho excelente a ideia dele ser candidato a governador.  É um cenário onde teremos efetivamente avaliado a força do presidente da República em Goiás. Eu fiz uma pesquisa onde o Bolsonaro está com 33% e Lula 32%. Talvez ele consiga trazer esses 33% e ir para uma disputa com o governador Ronaldo Caiado ou qualquer outro nome. Corre o risco e acho que ele deve estar recebendo orientação do Planalto, do presidente ficar sem palanque em Goiás. Na última eleição, Caiado tinha quatro pré-candidatos a presidente na chapa dele e se não fosse a minha presença no grupo do Caiado, Bolsonaro não teria palanque em Goiás.

A fusão do PSL, DEM e PP avança na opinião do senhor?

Não. O PP é muito ligado à esquerda no Nordeste. São partidos de direita, que defendem pautas de pouca intervenção no domínio econômico, de liberdade econômica, mas existem muitas divergências nos estados.  Seria um superpartido 150 e com uma força fenomenal, mas não acredito nessa fusão nesse momento. Não digo que ela é ruim, só não acredito que aconteça porque estamos muito próximos de uma eleição. Não teria como resolver todos os interesses de três grupos políticos que são independentes em cada estado.

Considerando essa proximidade das eleições, o senhor acha que essas propostas de reforma política que estão tramitando no Congresso avançam para próxima eleição?

O voto impresso já foi enterrado na Comissão Especial, conforme havia previsto. Na verdade, isso é uma cortina de fumaça. O presidente usa o voto impresso para manter o discurso com os eleitores, seguidores e o com o grupo que o apoia. Ele tem que ter uma pauta para que a gente não discuta o preço do arroz, do feijão, da gasolina, 600 mil mortes. Ele mantém sempre um fato novo.  A briga dele essa semana foi com o STF, assuntos que viram manchete nos jornais para esconder o preço da gasolina, do diesel, o preço do feijão, do arroz, do gás. Temos que elogiar o presidente porque ele realmente é muito esperto e a imprensa tem sido sensível a esses apelos dele e acompanha o que ele pauta.

E o Fundão eleitoral? Qual a expectativa do senhor em relação à decisão do presidente?

Está na mão do Presi­dente da República. Nós, induzidos ao erro, aprovamos.

Por que foram induzidos ao erro?

O que nós votamos foi a LDO e dentro da LDO estava inserido o aumento do fundão, que foi o valor solicitado pelo TSE. Nós temos assessoria que faz análise e temos líder partidário. No caso do PSL é Vitor Hugo. Foi feito um destaque do Novo, pedindo a votação nominal ou fazer a obstrução e Vitor Hugo não fez isso. O Governo Federal concordou com esse aumento, considerando que nem o líder do governo e nem o líder do PSL fizeram obstrução ou pediram votação nominal. Por isso que eu digo que a gente foi induzido ao erro que esperava teria votação nominal e eu ia colocar a minha digital contrário ao aumento do fundo eleitoral. O PSL já tem recursos suficientes e não temos necessidade desse aumento do fundo eleitoral.

O senhor convidou o presidente da Assembleia para se filiar ao PSL?

Lissauer é um nome espetacular. Ele disse que vai para um partido que esteja alinhado ao governador e que é candidato a deputado federal, não é pré-candidato a vice-governador. Eu fiz o convite. Ele é do Sudoeste goiano e lá a maior parte das pessoas é produtor rural, a base eleitoral dele é muito de direita, é do agronegócio. E o PSL tem essa imagem ligada ao armamentismo e ao agronegócio. Hoje ele está alinhado a um partido de esquerda, ao PSB, e acaba tendo um desgaste na questão ideológica. Eu o convidei para vir ajudar a construir a chapa de deputados federais e estaduais.  Mas ninguém vai decidir isso agora, só o ano que vem.

Qual a avaliação que o senhor faz da gestão da segurança pública em Goiás?

Eu diria que é possível melhorar mais, mas que parece que tem tido excelentes resultados. Eu tenho muitas propostas na segurança, mas mandei respirador para todos os municípios de Goiás. A saúde é uma grande preocupação minha. Eu fui professor e montei um kit para mandar com recursos das emendas R$ 12 mil para cada escola municipal. Mas como eu tive aquele desentendimento com o presidente, o líder do PSL, o Vitor Hugo, conversou com o presidente e cortou esse recurso que viria para Goiás. O prejuízo não é para mim, mas para os alunos, pais e professores.  Eu tenho esse papel na segurança pública, mas tenho na educação e gosto muito da questão tributária também. O único erro na segurança pública foi na prisão do Lázaro, mas não tem como exigir 100% de perfeição.

Como o senhor avalia o orçamento secreto?

Acho um absurdo. Com o orçamento secreto se cria deputados de elite e deputados párias. Todos os deputados deveriam receber valores próximos. Achei absurdo o senador mandar 30 caminhões para Senador Canedo. A cidade merece, mas não 30. Tem dezenas de municípios que não tem um caminhão de lixo.

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