Em Goiânia, Aparecida e Anápolis, onde se concentram os maiores eleitorados do Estado, a base aliada ainda aguarda a definição dos nomes chancelados pelo governador Ronaldo Caiado (UB). Na capital, durante a abertura dos trabalhos da Casa, na quinta-feira, 15, o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (UB), pôs fim aos sinais de pré-campanha que eram emitidos em simultâneo com as tentativas de Jânio Darrot (MDB) para se viabilizar pré-candidato pelo grupo, mas que foram praticamente sufocadas após uma operação da Polícia Civil que apura suposta fraude em contratações do primeiro ano da gestão do ex-prefeito de Trindade, em 2013. “Onze anos atrás não foi ontem. Será que se eu não fosse pré-candidato, estaria passando por isso agora?”
Resignado, ele se diz decepcionado não com alguém, mas com o “jogo político”, uma expressão que casa com o comentário de Ana Paula Rezende (MDB), feito a respeito de como se vê diante do cenário atual e por que tem, hoje, um “sentimento” de ficar afastada de tudo isso, posicionando-se como observadora: “Esse jogo está muito pesado, não é?”
A despeito de nomes que nos últimos dias entrou para o cardápio de apostas, a mesma fonte do governo a lembrar que “as especulações precisam de nome para prosperar” analisa que Ana Paula seria “unanimidade dentro da base” e “acho que ninguém ousaria tentar puxar o tapete dela”, embora também mensure que a disposição dela para participar da chapa vai até os limites de vice. Outra pessoa do governo consultada vê “com dificuldade” a adesão da filha de Iris Rezende ao projeto de um terceiro porque é como se o pai estivesse, de alguma forma, validando a escolha. “A única candidatura que depende de si própria é a dela.”
A mesma fonte governista ultrapassa as fronteiras da capital e reflete que “a indefinição nas três maiores cidades é um erro muito ruim da base”, adicionando que apesar do “peso fantástico” do governador, “a transferência de voto tem limite”. O tempo, neste cálculo, seria o maior adversário para se “fabricar um nome em cima da hora”. E para além dos muros do governo, as incertezas do lado de dentro, vão confirmando para o eleitor que, de concreto: a escolha na capital gira em torno de Vanderlan Cardoso (PSD), Adriana Accorsi (PT) e Gustavo Gayer (PL); Antônio Gomide (PT) lidera, em Anápolis, sem uma oposição ungida pela popularidade do governador; e em Aparecida de Goiânia, o prestígio de Professor Alcides (PL), que lançou pré-candidatura em outubro, com a presença de Bolsonaro, cria contraste com o silêncio ao redor de Vilmar Mariano (MDB), que até agora é o único nome que o grupo governista pode apoiar, mas até agora o grupo governista não o fez.
Um mais dois
Mendanha salienta que, embora esteja no centro do debate em se tratando de referendar o nome de Vilmar, “a conversa é em grupo” e dela também participam governador e vice.
Vezes três
Uma fonte ligada ao prefeito de Aparecida considera que é “questão de ajuste” o que falta para Vilmar Mariano receber o aval de Gustavo Mendanha, Daniel Vilela e Ronaldo Caiado para a campanha de reeleição. Ajuste a ser feito por Vilmar, leia-se.
Mais uma vez
“Daniel tem a preocupação de ganhar em Aparecida. Para isso, a participação do Mendanha é muito relevante”, informa uma pessoa próxima ao vice-governador.
Mulher de César
Adaptando seu caso à máxima do imperador romano Júlio César, Jânio Darrot diz que a consciência tranquila importa, “mas na vida política não adianta só ser honesto, você tem que mostrar que é honesto”. Mobilizado com sua defesa, a prioridade do ex-prefeito é “ter condições de seguir em frente”.
Caminho só
Com a operação da Polícia Civil, Darrot suspendeu toda a agenda política. “Depois do carnaval, a intenção era acelerar, mas eu desacelerei.” E conta que não pensou em pedir manifestações públicas de aliados, nem buscou mediação de interlocutores com o Palácio das Esmeraldas. “Nem eu sou de mandar recado, nem o governador. Minha conversa com ele sempre foi muito honesta.”
Mais pra frente
Ainda segundo Darrot, se houver paciência, “posso ser candidato, porque não vou retirar o nome, mas não vou mais fazer pré-campanha”.
Não chega a tanto
Caiado aceitou o convite de Bolsonaro para o ato convocado pelo ex-presidente, no próximo dia 25, na avenida Paulista, mas um aliado garante que nem por isso o governador de Goiás ficará a reboque de teses que lançam desconfiança sobre o sistema eletrônico de votação ou que aprovem os ataques de 8 de janeiro.
Recalculando a rota
O adiamento do PSB em fazer alianças na capital provocou mudança de tendência. Tempos atrás, segundo um membro do partido, o presidente da legenda em Goiás chegou a cogitar composição com a base do governo estadual e até candidatura própria, mas outra fonte explica que o quadro atual é de diálogo por uma frente ampla com o PT em torno da candidatura de Adriana Accorsi. “Estamos nessa vibe”, assinalou.
Maior…
Dentro do PT, um correligionário certifica que as conversas com PSB e PDT estão de vento em popa e que “o PSD, de dado, não está descartado”.
…ou menor
Mas, no partido de Vanderlan Cardoso (PSD), a perspectiva é de que “as conversas foram institucionais, nada visando apoios”, e que o PT até entendeu o recado, “mas é positivo para eles manterem esse discurso” que ressoa na proposta de frente ampla.
Por onde anda
Neste fim de semana, Vanderlan participa do simpósio de pastores da Assembleia de Deus Ministério Fama.
Enfim, 2024
Com o retorno das atividades na Câmara de Goiânia, após o carnaval, dois projetos importantes para a gestão Rogério Cruz entram em pauta: um que trata da revitalização do Centro (Programa Centraliza) e outro que pede autorização do Legislativo Municipal para a venda de áreas públicas.
Prós…
O primeiro, com apelo do setor produtivo e participação da Fecomércio, se interliga com outro projeto de autoria da vereadora Kátia Maria (PT), o projeto Viva o Centro, que no ano passado realizou 140 atividades culturais em sete edições, que alcançaram 60 mil pessoas. “O Centraliza traz o aspecto tributário que ajuda a fomentar de forma digna e eficiente o comércio local e a moradia”, comenta a petista, manifestando apoio.
…e contras
“Quanto à venda de áreas públicas, somos contra. As demandas por serviços públicos na área da educação, saúde, assistência social, esporte e lazer estão crescendo e dependem de terrenos para novas unidades que atendam a população. Dispor do patrimônio público não é o meio mais eficiente para sanar as finanças da Prefeitura. É preciso ter mais planejamento, gestão, cortar gastos desnecessários”, defende Kátia.
Quase todos contra um
Não é só da oposição que são esperadas manifestações contrárias. “Esse projeto das áreas públicas terá perrengue na oposição e na base”, comenta uma fonte da Casa.
1 Poderes
Para um deputado da base, a sessão solene de abertura do ano legislativo sela a paz institucional.
2 Razões
“A presença em peso do secretariado e a disposição de Bruno em mostrar alinhamento com o governo.”
3 Anseios
Um membro do governo acredita que Bruno de fato interrompeu a pré-campanha mas “torcerá para ser chamado”.