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Governador solicita ao Iphan que Cavalhadas de Goiás se tornem Patrimônio Cultural do Brasil


Avatar Por Redação em 20/08/2019 - 00:00

Foto: Júnior Guimarães

Tradição bicentenária e de peculiar beleza, as Cavalhadas de Goiás estão a um passo de se tornar Patrimônio Cultural do Brasil. O pedido de registro foi entregue na tarde desta segunda-feira (19/8) pelo governador Ronaldo Caiado à presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, durante um encontro em Brasília. “[As Cavalhadas têm] uma importância ímpar para Goiás. É histórico, é cultural, é turístico”, definiu o governador ao se dizer confiante de que a tramitação do processo terá desfecho favorável.

Admirador e defensor da cultura goiana, Caiado praticipou ativamente do circuito de Cavalhadas em 2019. Ainda em maio, quando lançou a temporada e anunciou apoio do governo estadual para a realização de cada edição, o governador já articulava junto à superintendente do Iphan em Goiás, Salma Saddi, a pretensão de eternizar essa festividade como um bem imaterial. Tal projeto se concretizou nesta tarde, durante o registro do pedido junto ao órgão.

O governador argumentou que esse título de patrimônio imaterial vai fortalecer as credenciais de Goiás perante o turismo nacional e internacional. Valorizar as tradições praticadas no interior do Estado, argumentou, é preservar a história do nosso povo e, ao mesmo tempo, garantir com que os municípios e seus moradores se beneficiem disso. “As Cavalhadas, e os turistas que elas atraem, geram outra fonte de renda, que resultará em melhorias para as pessoas”, salientou, ao lado do secretário de Estado da Cultura, Edival Lourenço, e do presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral.

Kátia Bogéa frisou que Goiás é referência no que diz respeito à cultura, pelas características fortes e próprias. Citou, como exemplos, a riqueza da art Déco presente em Goiânia e a cidade de Goiás, patrimônio mundial. “Temos muito orgulho do patrimônio de Goiás. É preciso trabalhar cada vez mais forte para fazer com que não só os brasileiros, mas o mundo todo conheça o Estado.” A presidente do Iphan também elogiou o compromisso que Caiado tem demonstrado com a preservação do acervo histórico. “Trabalharemos juntos, governador, para que nesses quatro anos a gente consiga bater todas as metas e colocar Goiás onde realmente tem de estar, pela potência que é.”

As Cavalhadas de Goiás são realizadas em 11municípios: Pirenópolis, Santa Cruz de Goiás, Palmeiras de Goiás, Posse, Jaraguá, Crixás, Hidrolina, São Francisco de Goiás, Santa Terezinha de Goiás, Corumbá de Goiás e Pilar de Goiás. Em nome de todos os prefeitos, o gestor de Pilar de Goiás, Sávio Soares, agradeceu a Caiado por dar tamanha visibilidade às tradições culturais. “Tenho certeza que, com as Cavalhadas se tornando patrimônio imaterial, vamos ter mais uma porta aberta para buscar os benefícios e recursos para melhorar nossas cidades, e receber bem os turistas”, projetou. E convidou a todos para a edição em seu município, que será nos dias 7 e 8 de setembro.

Já o secretário especial de Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires Espero, parabenizou os representantes dos municípios, a quem reconheceu publicamente o trabalho de salvaguardar a tradição das Cavalhadas, “fundamental para preservar a memória do país”. Ao governador, disse em tom bem humorado que espera participar da festa de comemoração, quando o Iphan conceder o título de Patrimônio Cultural do Brasil às festividades goianas.

Tradição

Realizadas há mais de 200 anos, as Cavalhadas encenam batalhas medievais entre cristãos e mouros, ocorridas durante a ocupação moura na Península Ibérica (século IX ao século XV). Durante três dias, dois exércitos com 12 cavaleiros cada fazem as apresentações, simulando lutas com auxílio de coreografias bem orquestradas. Paralelo a isso, os personagens conhecidos como Mascarados saem às ruas fazendo algazarras.

As Cavalhadas ocorrem entre junho e setembro, logo após os festejos do Divino Espírito Santo. A festa envolve toda a comunidade local e se destaca por conseguir reunir, em um único evento, cultura, turismo e a manifestação pública da fé das pessoas. Mais que manter a tradição, repassando de geração em geração, a festividade movimenta a economia local.

Entenda o processo

Uma vez protocolado, o pedido de registro apresentado pelo governador Ronaldo Caiado agora passará por inspeção da equipe técnica do Iphan, responsável por avaliar se a documentação cumpre os requisitos necessários. Na sequência, o processo é encaminhado para análise na Câmara do Patrimônio Imaterial, que delibera pela pertinência ou não da solicitação, conforme os critérios do Decreto nº 3551/2000.

Ainda segundo as normas do órgão, caso a solicitação seja considerada pertinente, será elaborado um dossiê sobre o bem cultural, a partir de extensa pesquisa. Por fim, tal documentação é apreciada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que delibera se o bem pode ser reconhecido nos termos da política federal. Nessa instância, ganha o título de Patrimônio Cultural do Brasil.

O registro se efetiva por meio da inscrição do bem em um ou mais de um livro. No caso das Cavalhadas, a tendência é que, aprovado, o registro possa ser inserido no Livro de Registro das Celebrações (para rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida  social) e/ou no Livro de Registro de Formas de Expressão (destinado à inscrição de manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas).

Participaram do evento na sede do Iphan a coordenadora de Cultura da Unesco, Isabel de Paula; o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Hermano Guanais e Queiroz; os prefeitos Célio Fleury (Corumbá de Goiás), Plínio Luís Nunes de Paiva (Crixás), Osvaldo Moreira Vaz (Hidrolina), Zilomar Antônio de Oliveira (Jaraguá), Sávio de Sousa Soares Batista (Pilar de Goiás), João Batista Cabral (Pirenópolis), Wilton Barbosa de Andrade (Posse), Mateus Félix Lopes (Santa Cruz de Goiás), Antônio da Penha Machado de Camargo (Santa Terezinha de Goiás), Wilmar Ferreira da Silva (São Francisco de Goiás) e  João Henrique Duarte (representando prefeito de Palmeiras de Goiás, Vando Vitor Alves); e o deputado federal Adriano do Baldy.

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