Entendi que é medo. Você fez parecer que era frio, coloquei agasalho pra ir embora, e não era nada disso. Medo de achar o caminho e depois outro caminho e, então, mais um e encontrar finalmente o meu lugar no labirinto. Porque não se trata de me perder. Mas de andar sem parar.
Não. Não foi você que fez parecer coisa nenhuma. Eu fiz tudo sozinho. Eu me toquei de onde não conseguia mais ver coisa alguma senão meus olhos no espelho e aquele outro labirinto. Você não tem minha culpa se o tempo anda assim. Eu tenho você e você, como está, vive para sempre.
Estou feliz com meus pés. Nada mais impede meus passos. Jogo as mãos pelas beiradas, me equilibro sobre a Terra em movimento contínuo e apenas voo quando vou cair. Eu sonho, na prática, com a sinceridade das longas retas e desvios nada planejados, e com as curvas e as distâncias que se perdem quando me encontram, e com os horizontes incontáveis.
Não tenho espera nas sandálias, não tenho pressa, tenho lá uns pós de saudade, que jogo nos olhos, puxo pelas narinas e solto em bicas pelos poros da pele. Se pensa que é cansaço, repense. Não me canso de ter medo e não me canso, principalmente, verdadeiramente, de me segurar e me soltar, de repentemente. Quem me segura? Não sou seguro e está e minha bússola.