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O ciclo do prefeito Adib Elias chegou ao fim

“Bruno Peixoto teve apoio em algumas cidades próximas de Catalão, mas nunca entrou em Catalão", afirma o deputado Gustavo Sebba


Andréia Bahia Por Andréia Bahia em 10/03/2024 - 00:00

Gustavo Sebba - Deputado estadual (PSDB) - “Se Elder Galdino for candidato, eu não serei vice; não posso deixar o mandato de deputado. Devo indicar o vice, que deve sair de dentro do meu grupo e minha irmã é um excelente quadro, não tenho dúvida disso.”
Gustavo Sebba, Deputado estadual (PSDB) - “Se Elder Galdino for candidato, eu não serei vice; não posso deixar o mandato de deputado. Devo indicar o vice, que deve sair de dentro do meu grupo e minha irmã é um excelente quadro, não tenho dúvida disso.”
O deputado estadual Gustavo Sebba faz parte de uma das famílias que tradicionalmente comandam a política em Catalão, no Sudeste goiano. Filho do ex-prefeito Jardel Sebba, ele vem dando continuidade à disputa com o grupo de Adib Elias, que voltou ao MDB e não pode mais concorrer à reeleição. Para esse pleito, Gustavo conseguiu costurar uma aliança importante com o ex-emedebista Elder Galdino para a disputa da eleição para prefeito. Articulação que, estranhamente, teve a participação do presidente da Assembleia, Bruno Peixoto (UB), uma vez que Adib é aliado do governador Ronaldo Caiado. Gustavo acredita que a aliança vai unir dois grupos distintos de eleitores, os do próprio deputado e o dos que apoiam Galdino e, assim como ele, estão insatisfeitos com Adib Elias.  

TRIBUNA DO PLANALTO – A polarização entre PSDB e MDB deve se repetir na eleição deste ano em  Catalão?

GUSTAVO SEBBA – Eu acredito que sim. A polarização aqui não é exatamente entre o PSDB e o MDB, é o grupo do atual prefeito (Adib Elias) com o nosso grupo, e ele não estava no MDB, tomou o MDB novamente e não sei se o candidato que ele vai lançar será pelo MDB ou pelo União Brasil. A polarização vai acontecer, sim, entre o candidato do prefeito e meu grupo, e estamos inclusive numa fase de ampliação. Eu tenho conversado Elder Galdino, que era do MDB e foi candidato na eleição passada, e a probabilidade de caminharmos juntos é muito grande. Ainda estamos em fase de definição e acredito que até o fim da semana vamos definir quem será candidato e quem apoia quem. 

O senhor aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos. Trocaria o mandato de deputado pelo de prefeito ou o partido tende a apoiar a candidatura de Elder Galdino?

Estamos discutindo sem vaidade nenhuma. Eu tenho hoje um percentual melhor de intenção de voto do eleitorado, mas o que importa é que a nossa união vai trazer a vitória. Eu não tenho vaidade nenhuma e  acredito que o Elder também não tenha. Nós dois entendemos que ambos temos condições de apoiar o outro e estamos vendo qual seria a melhor alternativa.  Eu tenho tanto disposição para ser candidato quanto para apoiá-lo; acho que ele também é um bom nome para ser candidato, assim como tenho certeza que ele me vê como um bom nome para ser candidato. É um projeto que estamos construindo em grupo, não é um projeto pessoal meu, nem do Elder Galdino e não é um projeto do meu partido ou do partido que ele passará a ocupar. É um projeto no qual estamos unindo forças pelo bem da cidade, por propósitos comuns. Eu tenho projetos que quero executar na cidade e ele também, e queremos unir esses planos para fazer um plano de governo junto e governarmos junto enquanto grupo, para poder realmente executar aquilo que Catalão precisa. Catalão é uma cidade muito rica, muito privilegiada para estarmos no atraso político que estamos. Somos o quinto maior PIB de Goiás, não somos a quinta maior cidade, mas a quinta maior economia, e vivemos uma política atrasada. Há muito tempo que o Catalão não recebe uma empresa nova, a última empresa que veio já foi embora por falta de incentivo, por falta de mobilização do poder público, que se preocupa em fazer praça, dar dinheiro  para time, futebol, fazer maquiagem na cidade. Eu e o Elder concordamos que a população merece muito mais, precisa de muito mais do que isso, e chegamos num acordo em que vamos caminhar juntos, sem vaidade, eu ou ele como candidato, mas o grupo tendo um candidato para poder governar enquanto grupo, para poder executar aquilo que queremos para a nossa cidade.

Galdino vai se filiar a um partido que não seja o PSDB? Deve ser o Patriota?

A tendência é que ele se filie a outro partido para que possamos compor em uma união suprapartidária. Não é interesse nosso ficar somente um partido, somente o projeto do PSDB; é um projeto suprapartidário. Precisamos de outros partidos, tanto para vencer as eleições quanto para governar. O importante é o compromisso desse grupo. E é claro que vamos estar juntos em 2026, disputando os pleitos estaduais, seja eu o prefeito, seja ele o prefeito, vamos estar juntos, independentemente da sigla. 

Qual a participação do deputado Bruno Peixoto (UB) na articulação que resultou na união do PSDB com o Galdino? Lembrando que Bruno foi do MDB, assim como ele.

O Bruno é um grande amigo, um amigo pessoal. Estou no terceiro mandato de deputado e em todos os mandatos estive deputado junto com Bruno. Já tivemos embates políticos e divergências políticas, mas sempre tivemos um respeito, um carinho, uma admiração e uma amizade acima de tudo, e temos  cada vez mais estreitado essa amizade. Bruno, enquanto presidente, tem se destacado muito, tem feito uma gestão extremamente transparente, tem conseguido dar condição da Casa se aproximar mais da população, e isso nos traz bons resultados do ponto de vista do diálogo com a população. Em Catalão não tem sido diferente, Bruno tem me ajudado a viabilizar coisas importantes para a cidade, projetos de leis importantes para minha cidade, para minha região; e isso consequentemente o tem aproximando de Catalão. Bruno teve apoio em algumas cidades próximas de Catalão, mas nunca entrou em Catalão, e tenho certeza que, com a aproximação que ele tem tido com a cidade, ele vai ter o reconhecimento da cidade no futuro. Isso acabou fazendo com que ele se aproximasse de outras figuras da cidade, como é o caso do Elder, que já figurou no MDB lá atrás, mas que pela proximidade dele comigo e com a cidade, acabou se aproximando também do Elder. Ele quer essa união e não só eu e o Elder, mas outros nomes da oposição. Nós temos interesse em trazer mais pessoas da oposição de Catalão que não concordam com o que está acontecendo na cidade, para somar nesse projeto. 

O Bruno tem a mesma leitura que vocês fazem? 

O Bruno não só concorda, como vai estar aqui no momento em que formos definir as candidaturas. No sábado, no aniversário do Elder, devemos estar juntos e esperamos que até lá já tenhamos decidido quem será o candidato a prefeito e quem vai apoiar quem. E acredito que o deputado Bruno deve participar desse evento para que possamos, de forma oficial, anunciar para a população essa união nossa.

Qual o cálculo que o PSDB fez para apostar em uma eventual candidatura de Galdino? Ele pode dividir o MDB na cidade?

O Elder tem os eleitores dele, que o acompanharam na eleição passada para prefeito, que eu também disputei, teve aproximadamente 15 mil votos. Depois disso, eu cresci muito mais até do que ele, tanto que para deputado estadual, praticamente dobrei minha intenção de votos e sou muito bem aceito. Nós unimos grupos distintos, o eleitorado dele e o meu eleitorado; e o eleitorado dele, que saiu do MDB, são dissidentes do prefeito. Acho que ele tira um eleitorado do grupo do prefeito. O vereador Caçula (Helson Barbosa de Souza), que é do MDB e vem do grupo do prefeito; o vereador Rodrigão (Rodrigo Carvelo) que vem do grupo do prefeito e vai acompanhá-lo. Eu sempre tive um grupo de eleitores distintos de qualquer vínculo com o prefeito, então, conseguimos unir grupos distintos, trazendo votos de eleitores que eram do prefeito e trazendo votos, principalmente – hoje a maioria na cidade – de pessoas que estão insatisfeitas ou que pelo menos querem mudanças, que a cidade possa evoluir politicamente, o que é o fim de um ciclo. (O prefeito) já fez coisas boas para a cidade, mas nos últimos anos tem se perdido, o que é natural, porque ele já está desgastado fisicamente e politicamente, está cansado da gestão. Não tenho nada contra ele pessoalmente, só que é um ciclo que chegou ao fim, a caneta está acabando a tinta, vai se aposentar e as pessoas querem um ciclo novo, querem uma esperança de tempos diferentes, de evolução na cidade. Esse é o sentimento principal na cidade de Catalão. Eu acho que eu trago muito esse eleitor, porque essa mudança, que é pela qual tenho trabalhado, que é o que tenho apresentado, propostas que vêm ao encontro ao que as pessoas querem. Nós unimos eleitores até então distintos e que, somados, vão ser a maioria e vamos ganhar eleições.

Sua irmã Marília Koppan Sebba pode sair candidata a vice-prefeita?

Não tem nada definido, mas se eu for candidato, o Elder pode ser meu vice ou indicar um vice; se o Elder for candidato, eu não serei vice, não posso deixar o mandato de deputado, e devo indicar o vice, que  deve sair de dentro do meu grupo. A minha irmã é um excelente quadro, não tenho dúvida disso, mas temos outros nomes dentro do partido que podem também configurar em uma possível vice-candidatura.

A que o senhor atribui o crescimento de mais de 10% em um mês de Velomar Rios nas pesquisas de intenção de votos? 

Eu não acredito nesse crescimento tão rápido. Primeiro, soltaram uma pesquisa em que Velomar teria 30 e poucos por cento, eu 27 e o Elder 15; 15 dias depois eu caí para a metade e ele cresceu 15 pontos. Isso não existe para qualquer pessoa, por mais leiga que seja de política. Eu entendo que isso é um movimento do grupo do prefeito, que não quer a candidatura de Nelson Fayad e, para tentar descredibilizar uma possível candidatura do Nelson, tenta manipular alguma pesquisa para poder falar que não dá para ser o Nelson, tem que ser o Velomar. Eu acho que isso tem acontecido muito mais como um jogo do próprio grupo do prefeito, que não chega a um consenso em relação ao nome para disputar. Enquanto eles estão rachados para tentar discutir nomes, de cá, já estamos unidos. Vamos também discutir nomes, mas já estamos decididos que caminharemos unidos.

Bolsonaro e Lula terão influência na eleição em Catalão?  

Não acredito, porque temos posições muito bem definidas na cidade. Eu tenho a minha posição, o Elder tem a dele, o prefeito tem a dele, cada um dos outros candidatos têm as suas posições. Na última eleição, tivemos um cenário muito dividido, em que a esquerda conseguiu prevalecer no primeiro turno e a direita no segundo. Temos um cenário realmente muito dividido aqui, mas não acho que vai ser isso que vai definir a eleição. O eleitor de Catalão entende que está no momento de discutir a cidade de Catalão, os problemas que estamos enfrentando localmente, do ponto de vista do município. Evidentemente, em 2026, vamos discutir a questão nacional e os impactos que uma candidatura nacional traz para Catalão, seja ela de esquerda, de direita, de centro. Claro que vai surgir no debate, mas não acho que vai ser o foco do debate da eleição municipal, não.

Sobre o PSDB, o partido perdeu muito espaço nos últimos anos. Se antes a polarização se dava entre PT e PSDB, hoje é PT e PL. O que faltou ao PSDB para se manter como uma opção eleitoral forte?

Vou falar o que faltou lá atrás. Eu acho que o PSDB acabou perdendo um pouco desse protagonismo nacional, dessa polarização que sempre existiu, porque quem sempre combateu o PT foi o PSDB, mas uma série de erros foram cometidos a nível nacional. João Doria, enquanto governador, teve medidas boas, mas politicamente acabou sendo um desastre. E o partido errou muito porque se fragmentou, acabou não tendo candidato a presidente da República, não teve candidatos com peso, não entrou no debate, não teve posicionamento em momentos cruciais. Uma ala queria caminhar de um jeito, outra ala de outro jeito, se fragmentou, perdeu o protagonismo, perdeu espaço político. Em política se ocupa espaço, ninguém dá espaço, e outros partidos acabaram ocupando esse espaço. O PSDB tem retomado essa discussão nacional e acho que o partido ganhou muito com a presidência nacional do ex-governador Marconi Perillo, um homem que traz uma bagagem política gigantesca, uma experiência muito grande de relacionamento em qualquer estado, com uma referência muito boa. Antes era uma briga de São Paulo com Minas, que não se comunicava com o Rio Grande do Sul, que tinha diferenças com outros estados. Marconi consegue pacificar os estados, consegue unificar São Paulo, Minas e o Rio Grande do Sul, consegue valorizar os quadros que  temos, como Eduardo Leite,trazendo nomes novos como esses, mas ao mesmo tempo valorizando a história e o legado que o partido traz do passado. O PSDB  vai voltar a ocupar esse espaço de protagonismo nacional através dessas eleições, nas quais o partido se prepara para ter prefeitos, vereadores, para fazer uma base em 2024 para vir forte em 2026.  O partido agora está tomando posição, é um partido de oposição ao governo federal. O presidente Lula convidou partidos para dialogar e o PSDB não foi. Eu acho que foi isso que faltou no passado, posicionamento. O PSDB é um partido que tem  um viés de centro-direita; tem as políticas sociais como a sua base, temos muito orgulho disso, mas é um partido que defende a livre iniciativa do comércio, o direito à propriedade privada, a algumas privatizações como ações positivas para a sociedade, a valorização do mercado,o apoio ao agronegócio. É um partido que tem um legado, uma vertente e precisa defender isso. Ele não pode ser fisiologista e trocar a sua posição por cargos no governo; e isso não está acontecendo com o PSDB, tanto que não aceita cargo para mudar a sua posição política e defender a ideologia que não é a do nosso partido. E isso vai fazer com que o partido volte para o protagonismo nacional, defendendo pautas claras: somos a favor disso, somos contra aquilo. Estamos na oposição ao governo federal, mas não somos oposição ao Brasil. É bom para o país, vamos apoiar; o que for bom para os estados, para os municípios, vamos apoiar. Mas não vamos nos vender por causa de cargo, por causa de ministério, por causa de qualquer benesse do governo, porque nossa posição sempre foi clara contra o que a esquerda defende, contra o que o PT e Lula defendem.

Sobre essa estratégia para retomar esses espaços, aqui em Goiânia, o partido lançou para prefeito um candidato sem peso político; em Catalão pode apoiar um candidato de outro partido.  O PSDB tem uma estratégia para recuperar sua força política?

Essa estratégia começou há tempo e o PSDB vai ter candidatos em todo o Estado de Goiás a prefeito, a vice e vereadores como nunca tivemos. Em Catalão, o candidato a prefeito pode ser do PSDB ou o candidato a vice vai ser do PSDB. Em Goiânia, temos o Matheus Ribeiro, que, apesar de nunca ter ocupado um cargo público, é um quadro extremamente qualificado. Quem conversa com o Matheus vê as plataformas de governo que ele tem, as propostas que ele tem discutido para cidade de Goiânia percebe que ele é extremamente preparado; é um pesquisador, um estudioso de políticas públicas públicas. Apesar de não ter experiência ocupando o mandato, ele tem um contato muito próximo com a população através do jornalismo e da imprensa, de ver os problemas da sociedade, de conversar com a sociedade, promovendo debates, audiências e dialogando. O Matheus tem levantado os problemas, diagnosticado e, enquanto candidato, tem apresentado o que pode ser feito por Goiânia; e ele traz consigo, uma bagagem que pouquíssimas pessoas têm, o ex-governador Marconi, que hoje está sem mandato, teve um ciclo no governo e perdeu a eleição para o Senado, mas tem 61 anos de idade e tem muita lenha para queimar, tem muita experiência e ainda vai ocupar cargos importantes. Vai ser governador de Goiás de novo, começando um novo ciclo. Porque se comparar o que (Ronaldo) Caiado fez em Goiás nestes dois mandatos, não chega nem perto do que Marconi fez. Matheus vai ter uma pessoa com essa experiência, ajudando ele a governar. 

Como é ser oposição na Assembleia? Caiado afirmou recentemente que Goiás dá certo porque não tem oposição sólida. Como o senhor recebeu essa declaração? 

Mais uma vez ele mente. Goiás tem oposição e tem uma oposição qualificada. O problema é que Caiado não tem nada de obra para apresentar e surfa num estado que ele pegou; a única coisa que ele alega é que a folha de pagamento não foi paga e, dentro da lei, estava em prazo hábil para pagar. Ele pegou um estado estruturado. Ele nunca pagou uma data-base para a Polícia Militar e agora que está negociando um parcelamento; nunca deu um aumento para a polícia. Quem estruturou a polícia, criou o plano de cargos e salários da polícia foi o Marconi; quem acabou com aqueles revólveres antigos e com a frota própria que estragava sempre foi o Marconi; quem construiu o hospital. Como ele não tem o que mostrar, começa a desqualificar o outro. Eu sou oposição ao governo total. Como vou ser a favor de uma pessoa que se diz do agro, que jamais daria uma facada nas costas do produtor, criando uma taxa do agro? A primeira coisa que ele fez foi criar a taxa do agro. Eu votei contra, meu posicionamento é contra isso e voto em tudo na Assembleia que for ruim para a população contra. Não sou irresponsável. Se tiver um projeto bom para o estado, eu vou votar favorável. Aliás, até hoje, se tiver tido um ou dois no governo Caiado, foi muito. A minha posição é muito clara e muito definida; se existem outros grupos que não estavam definidos, se de repente o PT não estava definido como oposição e agora está, eu não sei. Eles falam por eles e eu falo por mim, sou oposição. Sempre fui oposição ao governo e continuarei sendo até o final deste mandato.

A atuação de Bruno Peixoto à frente da presidência, muito em prol dos interesses do governo, enfraquece a oposição? 

De maneira alguma, porque o Bruno  tem que ter duas posições: uma é o mandato do Bruno, que é dele, a posição política dele, o partido dele, as pautas que ele defende, os projetos que ele vota, as cidades que ele representa, e só  compete a ele decidir o que vai fazer; outra coisa é ele como chefe do Legislativo, que não representa o Caiado, não representa o governo. Ele representa 41 deputados. A posição dele, enquanto presidente, tem que ser de garantir as prerrogativas legais de cada parlamentar, dar condição para que cada parlamentar cumpra o seu papel, dar voz de forma igual para todos. Eu tenho meus direitos garantidos enquanto oposição, meu direito de fala, de participação de comissões importantes, meu direito de presidir comissões importantes, sendo oposição, direito de abrir CPI, de fazer o que eu quiser dentro da Casa. Se o governo tem facilidade na Assembleia, tenho certeza que é por ter uma maioria em que as benesses do governo pendem. Tem muitos gatos de Palácio, que o governador sai e o gato fica. A política não é diferente disso. Tem deputado que era oposição ao Caiado, mas a caneta cheia do governador pesa e ele passa a ser base dele. É isso que traz tranquilidade para ele aprovar projetos tão ruins como o da taxa do agro, que, com dificuldade, ele conseguiu aprovar, porque oferece benesses para parlamentares. Eu não me corrompo, não me vendo. Minha posição é clara e definida: eu sou oposição. 

A caneta do Bruno Peixoto não pesa também?

De forma alguma. O Bruno nunca me pediu para fazer algo a favor ou contra o governo, até porque ele sabe que não tem a menor condição de me pedir nada nesse sentido. Pelo contrário, eu que peço para ele as minhas garantias, enquanto parlamentar, iguaizinhas as dele enquanto presidente. Ele não pode ter nenhuma garantia, sendo presidente da Casa, a mais do que eu. Ele tem autonomia na gestão da Casa, mas não pode ter mais direitos do que eu, porque sou deputado igual a ele; o deputado da base não pode ter direito de participar de uma comissão a mais do que eu por ser base e eu oposição. Isso é democracia, faz parte do processo. Os deputados da base vão trabalhar para ajudar o governo, mas a Presidência da Casa dá as garantias. O Bruno – eu sou talvez um dos maiores oposicionistas ao governo – posso testemunhar, me dá todas as garantias para exercer o meu mandato livremente, o meu direito de ser oposição e o direito dos deputados de ser base é garantido de forma igual para todos.