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“O MDB vai estar bem contemplado amanhã no governo”

Mabel minimiza crise com legenda do vice-governador Daniel Vilela


Andréia Bahia Por Andréia Bahia em 05/05/2024 - 07:00

Para ser candidato da base do governador Ronaldo Caiado, Sandro Mabel não abriu mão de sua aposentadoria política como também teve que superar várias divergências que teve com o governador desde que Caiado assumiu o governo. Mabel fez críticas duríssimas ao governo e foi alvo de xingamentos por parte de Caiado. Mas ele minimiza as crises do passado e diz que foram as “pessoas jurídicas” que brigaram e que sempre foi amigo pessoal do governador. Decidido o candidato, o grupo precisa agora escolher o vice, e nesse processo Mabel criou desavenças com o PL e com Vanderlan Cardoso nos últimos dias, e ainda terá que resolver uma crise com o MDB, que ele dá a entender que já está contemplado dentro do grupo com governadoria a partir de 2026.  

TRIBUNA DO PLANALTO – O senhor havia dito que estava aposentado da política partidária e iria se dedicar à política classista, até o governador convidá-lo para ser o candidato dele.  O que ele disse que o convenceu a mudar os planos?

SANDRO MABEL – Na verdade, não foi que aceitei. O governador Ronaldo Caiado fez um apelo para que eu assumisse essa gestão de Goiânia porque Goiânia está numa situação muito complicada e precisa de um gestor. Ele me explicou que Goiânia tem uma série de problemas, tem problema orçamentário, em 2024, vamos ter R$ 43 milhões de déficit no orçamento; na saúde; na área de creches; de trânsito; é lixo na rua; e Goiânia está ficando numa situação muito complicada. Ele disse: ‘eu sei que você está aposentado, que não quer mais mexer com isso, mas eu preciso que você mexa’. Eu lhe disse: governador, tem tanta gente querendo. Ele respondeu: ‘os que querem não dão conta, não adianta; o assunto de Goiânia é complexo, precisa um gestor experiente, alguém que realmente possa dar uma volta em Goiânia e fazer com que Goiânia possa crescer como o estado está crescendo. Eu queria te pedir para aceitar.’ Eu conversei com a minha família e falei da responsabilidade para a qual  fui chamado e aceitei para que possa ser um gestor de Goiânia.O governador me convenceu de que eu tinha que novamente me dedicar à vida pública. Eu aceitei como uma missão. Não é nem por uma visão política, porque eu estou fora da política, mas por uma visão de gestão. Logicamente, eu tenho experiência política, mais de 20 anos de mandato, uma série de trabalhos que já fiz, mas a gestão de Goiânia me anima e, como eu gosto de desafio, vamos lá!

Por que o senhor teve que se filiar ao UB para ser o candidato da base do governador? 

O governador perguntou se eu tinha alguma coisa contra filiar e ser candidato pelo União Brasil, ficaria mais fácil porque ele é do União Brasil.Eu não tinha problema nenhum, porque não tenho um vínculo partidário que me impede de mudar para esse partido de jeito nenhum. Então, vamos disputar pelo União Brasil.

Gustavo Mendanha diz que tem mérito na sua decisão?  Qual o papel dele nesse processo?

Ele insistiu muito com essa história de eu ser candidato a prefeito, porque Goiânia está precisando. Eu falava, Gustavo, não estou numa fase da vida que tenha isso nos meus poucos, mas com a conversa com o governador, que possui uma série de números e pesquisas; uma série de problemas de Goiânia; e ele fez uma exposição bem técnica para mim, do que estava acontecendo e da preocupação dele como governador em atender melhor Goiânia, o que ele não está podendo fazer. Ele disse que está atendendo o Estado muito bem, só Goiânia ele tem dificuldade para atender e que precisa de um parceiro para fazer a cidade andar. Mediante isso e a insistência de Gustavo eu tomei essa decisão. 

O governador articulou para que o deputado Bruno Peixoto (UB) desistisse da candidatura a prefeito de Goiânia, convidou Jânio Darrot (MDB) e depois voltou atrás, e todos consideram que Caiado seja o comandante do processo eleitoral em Goiânia e todo Estado. A candidatura do senhor também está subordinada à vontade do governador?

Não é subordinada; eu não sou subordinado. Eu fui convidado e ele me mostrou essa necessidade, eu aceitei a vim nesse desafio por gostar de Goiânia. Eu sempre morei em Goiânia, gosto demais da cidade e acho que posso prestar um bom serviço para ela. Logicamente, ele vai ser o governador e eu o prefeito, tenho um jeito de administrar que é meu. Quando entrei na Federação das Indústrias (Fieg), peguei a federação de uma forma até muito boa, só que eu imprimi um ritmo e onde tínhamos R$ 10 milhões por ano de investimento, passei para R$ 150 milhões. É o ritmo de gestão que eu tenho. Goiânia, em 2028, está projetado um déficit orçamentário de R$ 1 bilhão e tenho certeza absoluta que, com meu estilo e meu conhecimento de gestão, ao invés de ter um déficit vamos ter um superávit, vamos investir R$ 1 bilhão por ano a partir de 2028.

Há alguma condição para que, nas convenções, sua candidatura seja consolidada?

Não teve nenhuma condição.

O senhor tem autonomia para escolher o seu vice?

Acho que temos que escutar um pouco também. Eu fui indicado porque o governador viu que nas pesquisas o goianiense queria um gestor, uma pessoa que desse conta de colocar essa cidade para andar. Eu fui escolhido desta forma, estava quietinho lá na minha casa. Eu quero escolher um vice também de acordo com a vontade do goianiense. No final de maio, vamos fazer uma pesquisa bacana sobre vice, bem elaborada para entender o que o goianiense pensa sobre o vice, se deve ser homem ou mulher, deve ser gestor, mais ligado à área de humanas. Enfim, achar o modelo que eles querem e, a partir disso, o partido da estruturação política que for contemplado na indicação do vice tem que nos indicar um vice nesse perfil.

O senador Vanderlan Cardoso (PSD) lidera as pesquisas de intenção de votos. Por que o senhor acha que ele deveria abrir mão da candidatura para ser seu vice?

Eu nunca pedi para ele ser meu vice, meu argumento com Vanderlan é outro. Eu acho que ele é um belíssimo senador, faz um trabalho importante, temos a Reforma Tributária, que é muito importante para Goiás, para Goiânia, para as indústrias de goianas, para a população goiana e de todo Brasil, e ele entende muito bem; é presidente de uma comissão superimportante, a de Assuntos Econômicos, uma das principais do Senado; é um articulador que tem credibilidade no Senado. A minha visão é: Vanderlan, você quer ser gestor em Goiânia, eu vou ser gestor, eu sei fazer gestão a vida inteira e entendo de política também. Você ficaria no Senado porque não podemos perder um senador da sua estirpe. Por que vir disputar a prefeitura comigo, que sou seu padrinho político? Eu nunca pedi para ele ser vice porque não teria sentido ele deixar o Senado para ser vice, de forma nenhuma. Mas acho que é legítimo também, se ele achar importante disputar a prefeitura de Goiânia não tem problema nenhum.

Já existe algum acordo para o segundo turno com Vanderlan?

Nós somos muito amigos. Eu fui buscá-lo para entrar na política e ser prefeito de Senador Canedo, o apoiei para deputado federal, trouxe muito dinheiro para a prefeitura e ele fez um trabalho interessante em Senador Canedo. Somos amigos pessoais e não tenho nenhuma briga com ele. Se ele for para o segundo turno e eu não for, eu o apoiaria tranquilamente, sem nenhum tipo de problema, bem como tenho certeza que, se eu for e ele não for, ele também vai me apoiar sem nenhum tipo de restrição. 

Essa troca de farpas entre os dois afetou a relação de amizade de vocês?

Não há troca de farpas, isso daí o pessoal fica inventando. Eu gosto muito do Vanderlan como pessoa, gosta da mulher dele (Izaura Cardoso), temos um relacionamento de muitos anos particular, empresarial, de luta por Reforma Tributária, por industrialização. Não tem porque termos uma briga na eleição. Eu não brigaria com ele de forma nenhuma em eleição. Só acho que, agora que aceitei ser candidato, ele deveria ficar no Senado, porque é importante para o Estado ele no Senado.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL) também está bem posicionado nas pesquisas e o senhor tentou articular para o PL indicar o vice na sua chapa. Por que o PL deveria indicar seu vice e abrir mão da candidatura do Gustavo? 

Quando o governador me indicou como candidato e eu aceitei, logo na sequência conversamos com o PL. Eu fui do PL muitos anos, fui líder do PL durante muitos anos, peguei a bancada do PL com 18 deputados e deixei com 51, fui uma pessoa que teve uma importância grande dentro do PL, tenho boas amizades lá e com o ex-presidente Bolsonaro do mesmo jeito. Eu sempre tive uma grande amizade com ele e, como líder, o ajudei como deputado.  Eu tenho uma convivência com o pessoal do PL. Quando eu fui indicado candidato, o  PL falou: ‘ótimo! Nós te aceitamos e você vem ser candidato pelo PL e o União Brasil indica o vice’ Aí o governador disse: ‘não, quem foi tirar ele lá da casa dele fui eu, ele é do meu partido e vocês indicam o vice.’ Eu servia para ser candidato deles, mas não estou servindo para puxar o vice deles. Mas temos conversado e acho que, se não conseguirmos fechar no primeiro turno, no segundo turno, certamente, estaríamos fechando. Eu tenho essa impressão de que o governo Lula não vem fazendo um bom trabalho no Brasil, é um governo que está errando muito para a classe empresarial, não está preocupado com as despesas, só buscando receita, está tirando, não só do empresário, mas da população, aumentando impostos. Esses impostos que são aumentados refletem no bolso das pessoas mais pobres, ninguém absorve os impostos. Se o imposto é criado ou aumentado, vai para o produto e o produto para a pessoa comprar; e nessa hora o salário das pessoas mais simples rende menos. Além disso, acho que tem uma série de erros que vêm sendo cometidos por esse governo que o descredencia para o próprio candidato em Goiânia enfrentar essas dificuldades. O  PT nunca conseguiu fazer uma boa gestão em Goiânia. Todas as gestões de Goiânia acabaram e teve que botar um prefeito bom para emendar uma gestão ruim. Nós estamos com esse problema outra vez. O PL pensa nesse sentido também e, num possível segundo turno, estaremos trabalhando junto com eles.

O senhor fez um acordo com o bloco do deputado estadual Bruno Peixoto (UB) para indicação de vice?

Bruno Peixoto sempre esteve na discussão para a escolha do vice, e a decisão que foi acertada na escolha do vice é a técnica, ou seja, tem que estar baseada em uma pesquisa. A partir do que estiver definido na pesquisa, se o grupo dele tiver uma pessoa como a pesquisa está definindo, lógico que ele poderá indicar, se couber a ele a indicação do vice. Mas amanhã pode vir  o PL para indicar o vice, por exemplo,ou o Vanderlan diz que vai botar alguém do partido para ser vice; precisamos negociar se todos estão de acordo, inclusive o MDB, para que a gente possa reforçar e, quem sabe, ganhar a eleição no primeiro turno.

A bancada de vereadores do MDB demonstrou incômodo com esse processo de indicação do vice, porque acham que, legitimamente, teriam essa prerrogativa de indicar alguém para a vaga. Como o senhor vai administrar essa crise?

Nós somos um grupo político – eu tenho conversado com o MDB – e temos um projeto que não passa só pela prefeitura; temos um projeto de eleger Daniel Vilela (MDB) governador do Estado. Ele vai ser governador na saída do Caiado e  depois vai concorrer à reeleição. O MDB vai estar bem contemplado amanhã no governo. Nessa hora da composição política, eu não tenho nenhum problema em falar que o MDB que vai indicar, porque temos que ir agregando para ganhar a eleição. Logicamente, sendo prefeito de Goiânia, na eleição do Daniel para governador, fica muito mais fácil; teremos muito mais formas de apoiar e isso vai ajudar o MDB a chegar ao poder máximo que temos no Estado, que é o governador. Em uma composição, não se pode querer tudo; tem que ir conversando e se ajeitando. Esse negócio de vice não é importante; o importante é ter um bom prefeito, que faça uma boa gestão e, fazendo uma boa gestão, os vereadores vão ficar satisfeitos. Eu gosto muito de vereador, sempre trabalhei com vereador, a prefeitura vai atender o vereador; e cargo não é tudo. O vereador quer que a região dele ande, que o hospital funcione, porque quando um governo vai bem as bancadas todas se reelegem, é tudo mais fácil.Vamos administrar Goiânia junto com o MDB, sem dúvida nenhuma, e depois administrar o estado junto com o MDB.

Na sua opinião, a escolha do vice não é importante?

Eu falo importante de um projeto político. É por isso que estamos escolhendo um vice-prefeito tecnicamente. Para a questão partidária, não é importante. Vamos ver o que vai sair na pesquisa, mas temos que ter um vice que tenha uma mínima capacidade de gestão, porque se faltar o prefeito, tem o vice, mas eu espero não morrer.

O senhor trocou o Republicanos pelo UB. O partido deve apoiá-lo?

Eu conto com o apoio do Republicanos. Estamos conversando também. 

Qual o peso do bolsonarismo e da polarização nacional  na eleição de Goiânia?

Eu sou um candidato de centro-direita, sempre fui de direita, e as pessoas que apoiam Bolsonaro me apoiam também. É uma posição que eu venho muito mais para gestor do que para política. Sou um candidato de centro-direita, mas tem pessoas de esquerda que me apoiam? Certamente, que gostam de mim e vão votar em mim porque acham que sou um bom gestor. Pessoas que acham que, no partido delas, não vai ter ninguém com condição de fazer uma boa gestão como eu posso fazer. Mas no geral, eu atendo aos bolsonaristas também. Acredito que a  população, na eleição municipal, vai olhar quem vai tirar o lixo da porta da casa, não é só o candidato que Bolsonaro colocar a mão na cabeça dele. É um conjunto, e como eu sou de direita também não tenho nenhum problema de convivência com eles. Eu tenho apoiamento de direita à vontade, mas acho que não vai ser uma influência tão grande só Bolsonaro por Bolsonaro. Eu tenho certeza que ele vai me ajudar, porque eu o ajudei a vida inteira. Ele é um cara que me chama de rosquinha; o rosquinha, ele me chamou a vida inteira de rosquinha. Nós temos intimidade.

Sua principal e única opositora é a Adriana Accorsi?

A Adriana tem a força dela, é uma boa deputada, faz um bom trabalho como parlamentar, mas eu tenho dúvida da condição de gestão dela. Não que ela não tenha,já dirigiu alguma coisa, mas dirigiu uma cidade com o tamanho que os problemas estão. Eu, a cada dia que recebo um relatório da cidade, fico mais assustado em ver o tamanho dos problemas que temos pela frente. É uma coisa grave, que vai precisar de muita experiência, de muita coragem. A Adriana é muito jovem e tem toda uma vida pela frente, tem condição de aprender e de crescer. A minha idade me ajuda na minha experiência. Eu disputei uma eleição há 32 anos com o pai da Adriana (Darci Accorsi), e todo mundo falava assim: você tem tempo, você é novo, agora é a vez do Darci, porque na eleição passada roubaram dele. E acabou a população enxergando isso na época. Agora, estou 32 anos mais experiente, principalmente em gestão, que foi o que eu fiz nesses 32 anos, e aperfeiçoei em política, sem mexer muito com política também. Mas a minha vida inteira eu vim estudando e fazendo gestão em tudo que eu bato a mão. Como está funcionando bem, estamos trabalhando com essa visão de que, para Goiânia, é a minha vez.

Na sua opinião, porque Rogério Cruz (SD), que era do mesmo partido que o seu anterior, o Republicanos, não conseguiu fazer uma boa gestão, na avaliação da população?

Eu fui do Republicanos porque Gustavo Mendanha saiu do MDB para sair candidato a governador e eu saí também e fui ao Republicanos para impedir que o presidente do Republicano pudesse apoiar (o deputado federal) João Campos. O presidente, que é muito meu amigo, pediu que eu me filiasse ao Republicanos. Como eu não tinha mais atividade política nenhuma e o presidente falou que o sonho dele seria eu me filiar ao Republicanos. Eu não participei da gestão do Rogério, nunca tive contato com essa essa gestão. Ele é uma boa pessoa, eu gosto dele como pessoa, mas a gestão não é para amador. É por isso que eu falo que esses outros candidatos que não têm experiência de gestão é uma escolha da população. Não sou eu que escolho, a população que escolhe. Estamos vendo candidatos que não têm experiência de gestão. Rogério até teve uma pequena experiência, ele tocou uma área de televisão nas emissoras que comandou, então ele tinha alguma experiência de gestão pequena. É como os outros, que têm pequenas experiências de gestão. Só que quando se chega numa empresa desse tamanho, o município de Goiânia, com o tanto de problemas que tem e com esse tamanho de orçamento, não pode ser amador. Tem que ser uma gestão profissional firme. O Darci fez uma gestão bem fraca, vem o Nion (Albernaz) e conserta; depois vem o Pedro Wilson e destrói a cidade, vem o Iris (Rezende) e conserta;  depois Iris sai para candidato a governador e Paulo Garcia aproveita a gestão de do Iris e segue bem até o fim do mandato; é reeleito e faz a segunda gestão que todos lembram como acabou. Vem o Iris novamente e conserta a cidade outra vez. Vem Maguito (Vilela), que era um bom gestor. O goianiense falou: não podemos ficar votando em gente inexperiente, votou no Maguito, que não pôde tomar posse, e  Rogério toma posse sem experiência. Não foi culpa do Rogério, mas ele vem e mostra que  falta de experiência é um negócio que não tem jeito; tem que ter experiência para poder gerir uma cidade. E desta vez tem que ter mais experiência ainda, porque a cidade está numa situação muito complicada.

As divergências que teve com Ronaldo Caiado durante a pandemia de Covid e também relacionadas a decisões econômicas do governo foram superadas? 

Eu sempre fui amigo pessoal do Ronaldo, de nossas famílias andarem juntos,  viajarmos juntos. Quando ele se tornou governador, eu entrei para a Presidência da Federação das Indústrias, na mesma época. Ele pegou o caixa do governo muito estourado e precisava arrecadar, e veio arrecadar em cima dos incentivos fiscais. Eu, como presidente da Federação das Indústrias, não podia concordar com isso, pois estava arrecadando uma coisa que as empresas fizeram investimentos, mas ele escutou mais o fisco que as indústrias. Com o tempo, ele foi vendo que ia crescer o estado se trouxesse mais industrialização e foi flexibilizando isso, e nós voltamos às boas. No caso da Covid, a nossa encrenca foi com relação a trazer aquelas pessoas que estavam na China, no epicentro da Covid, aqui para Goiânia. Nós assustamos com aquilo porque coloca em risco as indústrias, a população, todo mundo porque era coisa que era completamente desconhecida. Eu achava que não deveria trazer para cá o avião com as pessoas e ele trouxe. Mas eu sempre colaborei com o governo dele, a Fieg colaborou demais em todas as secretarias. Eu não tenho nenhum tipo de problema com o governo dele e nem em não acreditar nele, tanto é que sempre colaboramos com ele e eu nunca tive problema pessoal com ele, pessoal, na pessoa física, sempre na pessoa jurídica, eu como presidente de uma instituição que tem que defender as indústrias, ele como governador do Estado, que tem que defender o estado. Nós dois estávamos nas nossas funções, tivemos alguns poucos pontos de desacordo e muitos de confluência. Fizemos programas importantes juntos, inclusive quando ele mandou fechar todas as indústrias de todo o estado, eu falei para ele: governador, o senhor não pode. Ele ia deixar só supermercado e farmácia abertos. Expliquei que o Carrefour é abastecido três vezes por dia com arroz, não adianta deixar supermercado aberto porque amanhã não tem uma caixa de fósforo para vender. A indústria não é uma lancha que dá partida e acelera; é um transatlântico que, para desacelerar e depois acelerar, são meses. Ele entendeu, nós fizemos um plano juntos, funcionando tudo, e foi um sucesso. As indústrias de Goiás cresceram demais, porque outros estados fechados não tinham fornecimento e nós fornecemos para outros estados que tradicionalmente não fornecíamos.