Um levantamento realizado pela Fundação Dom Cabral revelou que apenas 16% dos empreendimentos rurais no Brasil são geridos pela terceira geração, e apenas 1% chegam à quarta. Isso reflete um desinteresse crescente dos mais jovens em assumir negócios familiares no campo, uma tendência que preocupa os proprietários atuais.
Fabricio Cândido Gomes de Souza, especialista em direito empresarial, agrário e imobiliário, aponta que muitos empresários do agronegócio enfrentam o desafio de encontrar sucessores entre filhos e netos. “Nem todos os sucessores aprenderam a ter apego à terra, especialmente aqueles que foram para os grandes centros urbanos para estudar e conhecer outras atividades e profissões”, explica Souza, CEO do escritório Celso Cândido de Souza Advogados.

Para enfrentar essa situação, o advogado recomenda preparar uma propriedade para modalidades de negócio que não excluam a gestão direta dos herdeiros, como locação ou aluguel de pasto. Outra solução é a criação de uma holding familiar, onde os herdeiros se tornam sócios, e a gestão pode ser feita por um deles ou por um gestor profissional contratado.
Por fim, Souza alerta que vender um imóvel deve ser a última opção, já que isso pode levar à depreciação do patrimônio construído pela família ao longo dos anos. “Desfazer a propriedade rural é doloroso para os fundadores, que veem dilapidado o sustento da família por décadas”, conclui o advogado.