O poder e a corrupção é uma constante na história da humanidade, e sua análise se torna ainda mais complexa quando se entrelaça com figuras históricas, regimes e ideologias. Winston Churchill, um dos líderes mais emblemáticos do século XX, é frequentemente lembrado por sua coragem e liderança durante a Segunda Guerra Mundial.
A celebre frase “blood, toil, tears and sweat – Não tenho nada a oferecer senão sangue, trabalho, lágrimas e suor” tornou-se famosa no corajoso discurso proferido por Winston Churchill, na Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido, em 13 de maio de 1940, quando em potente discurso de posse e de reafirmação buscou unir a direita e a esquerda ao propósito comum a todos, combater o Nazismo.
Contudo, sua figura também suscita debates sobre moralidade no exercício do poder, especialmente em uma época marcada por grandes conflitos e sofrimento.
A corrupção, por sua vez, pode manifestar-se de diversas formas: desde a corrupção administrativa nas instituições até a corrupção ideológica, onde princípios e valores são sacrificados em nome de objetivos políticos.
Regimes totalitários, como o nazismo, exemplificam como o poder pode ser corrompido até seu núcleo, levando à desumanização e à opressão em massa. O nazismo, com sua ideologia extremista e racista, não apenas corrompeu os valores fundamentais da dignidade humana, mas também transformou o poder em uma ferramenta de destruição, justificada por um discurso de supremacia.
Em minhas aulas de Direito Civil, nos idos dos anos 2000, um carismático e excelente Professor que tive sempre escrevia no quadro, antes do início de suas aulas, a frase do escritor americano John Steinbeck, que disse em sua obra literária The Short Reign of Pippin IV (1957) que: “O poder não corrompe. O medo corrompe… talvez o medo de perder o poder”.
Assim, o poder sempre causou fascínio e medo, oportunidades e arrependimentos e essa convivência entre sentimentos opostos é própria do ser humano que, inebriado e despreparado pelo poder, o conhece, o aprecia e dele não quer se afastar.
O poder aliado ao viés ideológico fundamentalista, experimentado e sentido pela Europa nos anos 40, foi combustível eficaz para que o mundo se unisse em torno de um propósito maior, frear o avanço do totalitarismo imposto por Hitler, talvez pelo medo de perder o poder experimentado ao ser erigido Chanceler do Reich e Führer da Alemanha Nazista de 1934 até 1945.
Em meio a essas considerações, a coragem desempenha um papel crucial. A coragem de líderes como Churchill, que se opuseram a regimes totalitários, é essencial para a luta contra a corrupção do poder. A coragem não se limita a atos heroicos em batalhas; ela se manifesta na defesa da democracia, na proteção dos direitos humanos e na resistência contra a tirania. A coragem também se revela na capacidade de reconhecer e corrigir erros, de confrontar as sombras do passado e de trabalhar por um futuro mais justo.
A oportunidade, por outro lado, é um conceito que se entrelaça com as condições históricas e sociais. Em momentos de crise, surgem oportunidades para mudanças significativas. A ascensão do nazismo, por exemplo, foi facilitada por uma combinação de fatores econômicos, sociais e políticos que criaram um terreno fértil para a propagação de ideias extremistas. Da mesma maneira, cada crise pode ser vista como uma oportunidade para a reflexão e a renovação das estruturas de poder, desde que os líderes e a sociedade estejam dispostos a agir com coragem.
No Brasil, vimos surgir nos anos 80 um partido político de esquerda, o PT, que com discurso enebriante e até romântico, conquistou o povo, que viu nessas ideologias esquerdistas o casamento perfeito com as aspirações de mudança econômica e social em um Brasil marcado pela necessidade de reconstrução política e mergulhado na corrupção.
Esse discurso angariou jovens e adultos, os quais enxergaram naqueles líderes esquerdistas de envergadura moral, tais como Hélio Bicudo, Sérgio Buarque de Holanda, Jacó Bittar e Olívio Dutra a esperança de mudança para um Brasil que necessitava ser reestruturado.
Em Goiás, experimentamos e conhecemos a esquerda por meio de grandes homens de ideais esquerdistas e com firmes convicções ideológicas e reputações ilibadas, como por exemplo Darci Accorsi, Athos Magno Costa e Silva e Pedro Wilson, que marcaram uma época áurea da esquerda.
A inebriante ascensão da esquerda e do PT ao poder nas eleições de 2002 mostraram que John Steinbeck estava com a razão ao descrever e comparar o poder e a corrupção com o medo de perdê-lo em sua obra. Nesses mais de vinte anos experimentando governos esquerdistas, observamos, nessas eleições de 2024, um fato histórico – a queda da esquerda no Brasil.
Ao observarmos e compararmos o mapa brasileiro das eleições, com a marcação de cidades que seriam administradas pelo PT em 2004 comparando com 2024, observamos uma queda de 40% no número de administrações municipais petistas. Se analisarmos esse mesmo comparativo em relação aos partidos de esquerda, notamos uma queda de 50% nos últimos 12 anos em relação às prefeituras comandadas pela esquerda.
Muitos analisam essa queda com ênfase na reação à corrupção estrutural advinda dos governos petistas e uma forte tendência mundial de caminhar à direita, tendência observada nas Américas do Sul e Norte e na Europa, essa, com crescimento vertiginoso dos partidos de direita e de extrema direita.
Em suma, a relação entre poder e corrupção é um tema que exige reflexão crítica. A história nos mostrou como o poder pode ser corrompido e utilizado para fins nefastos, mas também nos ensinou que a coragem e a busca por oportunidades de mudança sempre estiveram à frente de ideologias políticas.
Assim, tanto à esquerda como à direita, o poder exerce influência nas ideologias e nesse cenário de fragilidades humanas, nosso dever como cidadãos e eleitores é buscar candidatos que não transigem com a ética e com os valores morais e dessa forma, talvez encontrar líderes que não se sentirão enebriados com o poder ou com o medo de perdê-lo.