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Com 42 citações sobre Goiânia, relatório da PF mostra como cidade tornou-se motor para trama golpista


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 28/11/2024 - 08:42

O relatório da Polícia Federal, com 884 páginas, revela detalhes de um plano golpista que buscava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, além de incluir o assassinato dos então eleitos presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Entre os muitos elementos investigados, a cidade de Goiânia aparece 42 vezes, destacando-se como uma peça-chave no planejamento logístico e operacional do golpe.

A análise do relatório posiciona Goiânia como ponto estratégico para a execução de ações táticas e movimentações logísticas que impulsionariam o eventual golpe. O Aeroporto de Goiânia, por exemplo, foi citado como local de chegada e partida de investigados, além de ponto para locação de veículos que seriam utilizados em deslocamentos, especialmente para Brasília. A Rodovia BR-060, que conecta Goiânia à capital federal, também foi amplamente mencionada como rota preferencial dos envolvidos, com registros de pedágios e monitoramentos dessas viagens.

Mais que um elo logístico, Goiânia abriga estruturas militares que foram diretamente inseridas no plano, segundo o relatório. Unidades como o Comando de Operações Especiais (COpEsp) e o Batalhão de Ações e Comandos (BAC), localizados na cidade, desempenharam papéis significativos na trama investigada.

O COpEsp, responsável por formar militares em operações de contraterrorismo, reconhecimento especial e guerra não convencional, aparece no relatório como centro de coordenação de ações clandestinas. Militares oriundos dessa unidade, especialmente do BAC, foram mobilizados para missões específicas. No dia 15 de dezembro de 2022, um grupo identificado como “Kids Pretos” — formado por forças especiais — deslocou-se de Goiânia para Brasília com a missão de monitorar alvos e executar ordens contra autoridades. Entre essas ordens, segundo a investigação, estavam não apenas ações de neutralização, mas também o assassinato de figuras centrais do governo eleito, incluindo Lula, Alckmin e Moraes.

O planejamento do golpe também envolveu um documento denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que delineava as estratégias a serem implementadas. Esse plano foi elaborado e impresso no Palácio do Planalto e previa o emprego de militares especializados em ações de alta complexidade. A base dessas operações era o COpEsp em Goiânia, reforçando o papel central da cidade no fornecimento de suporte logístico e operacional.

Veículos vinculados ao BAC foram usados em deslocamentos táticos, enquanto a própria unidade serviu como base de planejamento. As operações táticas incluíam não apenas o monitoramento de adversários políticos, mas também o estabelecimento de condições para a execução de medidas extremas, como o envenenamento de lideranças eleitas.

O relatório da PF não deixa dúvidas sobre a relevância de Goiânia na trama. A capital goiana não apenas serviu como ponto de passagem, mas foi transformada em um verdadeiro motor do plano golpista. As conexões entre a cidade e Brasília, combinadas com a presença de estruturas militares avançadas, colocaram Goiânia no centro das ações clandestinas.

As revelações da Polícia Federal ampliam o alcance das investigações sobre o plano golpista. A inclusão de figuras de destaque como Lula, Alckmin e Moraes entre os alvos, aliada ao envolvimento de unidades militares, reforça a gravidade da ameaça ao Estado Democrático de Direito. Goiânia, citada 42 vezes no relatório, emerge como uma peça essencial para compreender as engrenagens do golpe e os métodos utilizados para sua execução.

 

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