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A posse de Trump escancara a humilhante submissão dos bolsonaristas aos EUA


Rodrigo Zani Por Rodrigo Zani em 22/01/2025 - 08:00

Reprodução Instagram

A posse de um presidente dos Estados Unidos sempre é um evento de destaque mundial, despertando expectativas e debates em diversos países. No entanto, o retorno de Donald Trump ao poder veio acompanhado de um clima de apreensão e preocupação, especialmente por ele ser o principal símbolo da extrema-direita global. No Brasil, os bolsonaristas celebraram a vitória de Trump como se fosse uma conquista da seleção brasileira em uma final de Copa do Mundo. Ignorando os interesses nacionais, líderes da extrema-direita brasileira demonstraram euforia diante do triunfo de Trump, reforçando sua postura de alinhamento submisso.

Com discursos inflamados contra minorias étnicas, medidas anti-imigração e ameaças diretas a países latino-americanos, o novo presidente norte-americano deixou claro quais serão as prioridades de seu governo. Momentos antes da posse, o bilionário Elon Musk, em um evento com apoiadores republicanos, fez um gesto que remeteu à saudação nazista, simbolizando o radicalismo que permeia a base trumpista. Para latinos, o ambiente na Casa Branca naquele dia não era apenas hostil, mas francamente ameaçador.

Enquanto isso, no Brasil, a submissão bolsonarista ao Trumpismo ganhou contornos de tragicomédia. Jair Bolsonaro, ex-presidente e líder da extrema-direita, foi visto em lágrimas ao se despedir da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que embarcou para o evento de posse nos Estados Unidos. Acompanhada por seu maquiador, Augustinho, e por uma comitiva de parlamentares e apoiadores bolsonaristas, Michelle levou consigo o símbolo da relação de subserviência entre a extrema-direita brasileira e o governo Trump. A cena foi constrangedora para aqueles que prezam pela soberania nacional.

A comitiva bolsonarista, composta por dezenas de políticos e líderes da extrema-direita brasileira, desembarcou nos Estados Unidos sem sequer ser notada pelo novo presidente norte-americano ou por sua equipe. Nenhum convite para a cerimônia de posse foi enviado, e o grupo se viu relegado a buscar encontros com assessores e políticos republicanos de menor expressão, em uma postura que mais lembrava fãs implorando pela atenção de seus ídolos. Tal atitude apenas reforçou a imagem de submissão e enfraquecimento do Brasil no cenário internacional.

No Brasil, impedido de deixar o país por decisão judicial, Bolsonaro acompanhou a posse pela televisão, cercado de aliados trajando camisas da seleção brasileira. Mais uma vez, ele não conteve as lágrimas, como se estivesse protagonizando uma novela mexicana, repleta de drama e nostalgia. Contudo, é difícil acreditar que suas lágrimas eram apenas pela ausência de Michelle.

Historicamente, os interesses dos Estados Unidos são, muitas vezes, conflitantes com os do Brasil. Há evidências de que o governo norte-americano apoiou o golpe militar de 1964, e, economicamente, sempre houve uma relação desigual e exploratória. Com a volta de Trump, setores do agronegócio brasileiro já preveem dificuldades para competir com a produção norte-americana. Além disso, a extrema-direita dos EUA mantém um discurso claramente discriminatório contra imigrantes, especialmente os latino-americanos. Será que os bolsonaristas se esqueceram que são brasileiros e latinos?

As relações entre Brasil e Estados Unidos deveriam ser guiadas por princípios diplomáticos como soberania, paz, não intervenção, respeito mútuo e cooperação. No entanto, o comportamento dos bolsonaristas em solo norte-americano – muitos deles pedindo intervenção estrangeira no Brasil – é um gesto de desrespeito ao país e de submissão humilhante aos Estados Unidos e ao Trumpismo. Essa postura não só enfraquece a imagem do Brasil como também contradiz o discurso de patriotismo frequentemente defendido por esses grupos. Afinal, que tipo de patriotismo é esse que joga contra o próprio país?

Rodrigo Zani

É Secretário de Formação Política da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar do Brasil - UNICAFES

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