Em uma democracia consolidada, o debate de ideias e a livre expressão de opiniões são fundamentais para a construção de uma sociedade plural e justa. Nesse contexto, o papel das oposições é essencial para garantir que o governo atenda aos interesses da população de maneira transparente, responsável e eficiente. A oposição não deve ser vista como um obstáculo ao bom funcionamento do governo, mas como um componente imprescindível do sistema político, cuja função principal é fiscalizar, criticar construtivamente e corrigir eventuais falhas na administração pública.
A importância do debate de ideias se torna ainda mais evidente durante uma campanha eleitoral. O processo eleitoral deve ser um espaço para que as diferentes propostas e projetos de governo sejam discutidos e avaliados pela sociedade, e não um palco para ataques pessoais ou agressões desnecessárias. Sempre defendi que o debate deve ser centrado em ideias, projetos e soluções concretas para os problemas da população, e não em ataques ao caráter ou à moral de adversários. A política deve ser sobre o futuro da sociedade e não sobre disputas de ego. A democracia se fortalece quando as campanhas se pautam pelo respeito e pela construção de um futuro melhor.
É importante entender que, na política, quem obtém o apoio da maioria tem a responsabilidade de governar em nome da sociedade. Contudo, os que não conseguem alcançar essa maioria têm a obrigação de se posicionar na oposição, respeitando a escolha da maioria, mas com a missão de fiscalizar o poder, cobrar transparência e exigir a melhor aplicação dos recursos públicos. A alternância de poder é um princípio central da democracia e, portanto, tanto os governos quanto as oposições desempenham papéis fundamentais no processo político.
Os governos têm a obrigação de executar seus programas de governo de forma eficiente, atendendo ao interesse público e buscando sempre o bem-estar da população. Mas para que isso seja realmente alcançado, as oposições desempenham um papel crucial: o de fiscalizar e cobrar boas práticas na administração pública. O governo deve estar aberto a críticas construtivas e a sugestões que possam melhorar a gestão pública. Ao longo da história, muitas reformas e avanços importantes surgiram a partir da ação firme e ética da oposição.
Tanto o governo quanto a oposição devem agir com responsabilidade, ética e compromisso com a sociedade. Quando exercida de forma séria, a oposição pode ser uma força indispensável para o sucesso do governo, pois é através dela que os erros e falhas de gestão podem ser apontados, corrigidos e evitados. Não é através de confrontos vazios ou ataques pessoais, mas por meio de propostas consistentes que a oposição contribui para a melhoria das políticas públicas.
O bom governante compreende que a oposição não é sua inimiga, mas um agente fundamental para o aprimoramento do processo político e da administração pública. Ele deve ser capaz de respeitar e proporcionar os meios necessários para o bom desempenho das atividades de quem está na oposição. O governante que se posiciona contra a crítica construtiva está, na verdade, se colocando contra os próprios interesses da sociedade, que precisa da fiscalização constante para garantir que o poder seja exercido de maneira ética e transparente.
É lamentável, porém, que ainda existam políticos que, em vez de construir projetos e debater ideias, buscam composições fisiológicas com qualquer governo, sem compromisso com a pauta pública ou com o bem-estar da sociedade. Esses políticos enfraquecem o processo democrático e deixam de cumprir sua função de representar os interesses da população de forma ética e responsável.
Como disse Santo Agostinho, “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”. A verdadeira contribuição à democracia e ao bem-estar da sociedade vem dos que têm a coragem de apontar os erros e lutar pela verdade, e não dos que buscam agradar para obter favores pessoais. O bom político é aquele que, mesmo na oposição, age com seriedade, ética e compromisso com o povo, sempre em defesa do interesse público e da justiça social.
