A deputada federal Flávia Morais (PDT) foi reeleita coordenadora da bancada federal de Goiás em meio a uma disputa acirrada e marcada por divergências internas. A confirmação do novo mandato ocorreu na noite de quarta-feira (19), após uma nova eleição ser reconhecida pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) do Congresso Nacional.
O novo pleito foi realizado após a CMO não aceitar o resultado da primeira votação, ocorrida no dia 11 de junho, na qual Flávia havia sido derrotada pelo deputado José Nelto (UB) por 7 votos a 6. O impasse ocorreu porque a ata da eleição inicial não contava com a assinatura da maioria dos senadores goianos, requisito para validação do processo. Apenas Vanderlan Cardoso (PSD) havia assinado o documento.
Dessa vez, Flávia Morais venceu com 9 votos dos 17 deputados da bancada e o apoio de dois dos três senadores goianos: Jorge Kajuru (PSB) e Wilder Morais (PL). No entanto, a disputa aprofundou a divisão entre os parlamentares, com o grupo de José Nelto, que se autodenomina “grupo resistência”, se recusando a participar da votação e prometendo recorrer à Justiça e ao Conselho de Ética da Câmara contra o resultado.
Entre os membros do grupo de oposição estão Vanderlan Cardoso, Célio Silveira (MDB), Ismael Alexandrino (PSD), Jeferson Rodrigues (Republicanos), Magda Mofatto (PL), Zacharias Calil (UB) e o próprio Nelto. Gustavo Gayer (PL) também não participou da votação.
Continuidade e críticas
Com a reeleição, Flávia Morais chega ao sétimo ano consecutivo à frente da coordenação da bancada goiana. O principal argumento do grupo opositor é a necessidade de renovação do cargo, uma demanda que, nos bastidores, já havia sido discutida desde sua primeira eleição, em 2019.
À Tribuna do Planalto, José Nelto havia dito que o objetivo à frente da coordenação da bancada de Goiás seria “colocar em primeiro lugar os interesses de Goiás”. No entanto, diante da divergência em torno da primeira votação, ele subiu o tom e diz que a nova eleição é um “golpe”. Ele não poupa críticas à Flávia, a quem acusa de querer se perpetuar no poder, a ponto de compara-la a Nicolás Maduro, ditador da Venezuela.
Flávia minimiza as críticas e afirma que a decisão foi legítima e respeitada pela maioria. Ela reconhece que foi um processo traumático, mas que a solução seria por nova eleição, visto que o processo frustrado de Nelto não havia legalidade. “Vamos trabalhar para pacificar”, garante a deputada.
A nova ata da eleição, assinada por 12 parlamentares, estabelece que, em 2026, será realizada uma nova escolha para a coordenação da bancada, encerrando o ciclo de reconduções sucessivas.