O Brasil foi oficialmente declarado zona livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29/5), em Paris, durante a 92ª Sessão Geral da entidade. Entre os estados que mais se destacaram nessa conquista, Goiás ganhou relevância pela eficiência de seu sistema de defesa agropecuária e pelo comprometimento dos produtores rurais, consolidando sua liderança no agronegócio nacional.
O governador Ronaldo Caiado celebrou o feito, destacando a força da parceria entre governo, setor produtivo e pecuaristas. Segundo ele, esse reconhecimento internacional eleva a produção goiana a um novo patamar de competitividade. “Agora, mais do que nunca, vamos intensificar a vigilância sanitária e manter o alto padrão que nos trouxe até aqui”, afirmou o governador, reforçando que a excelência do trabalho em Goiás serve de exemplo para todo o país.
Para a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), essa certificação não só representa um marco na sanidade animal, como também abre portas para mercados internacionais exigentes, como Japão e União Europeia. O presidente da agência, José Ricardo Caixeta Ramos, ressaltou que o status conquistado é resultado de um esforço técnico contínuo e de uma política pública sólida, que coloca Goiás no centro das exportações de proteína animal de alto valor agregado.
Mercado aberto
Com o novo status sanitário, Goiás e os demais estados livres da aftosa sem vacinação passam a acessar mercados antes restritos. Países como Japão, Coreia do Sul e nações da União Europeia, que exigem altos padrões de sanidade, agora se tornam destinos viáveis para a carne goiana. Isso traz aumento de receita, geração de empregos e mais valorização para o produtor rural, além de reduzir custos, já que não há mais necessidade de campanhas de vacinação contra a doença.
Desafio permanente
Apesar da conquista, o desafio agora é manter o rebanho protegido sem a vacinação. A Agrodefesa reforça que a vigilância sanitária precisa ser permanente, com ações constantes de monitoramento, fiscalização nas propriedades e controle de trânsito animal. A gerente de Sanidade Animal da entidade, Denise Toledo, alerta que surtos recentes na Europa servem de alerta para não baixar a guarda. “A conquista é grande, mas a responsabilidade também”, afirma.
Modelo goiano
Goiás se torna referência nacional em defesa agropecuária. O trabalho integrado entre governo, técnicos, pecuaristas e entidades do setor foi fundamental para alcançar o status sanitário atual. Desde a última vacinação em 2022, o estado investiu em estrutura, treinamento e inovação em vigilância animal. Esse modelo eficiente e colaborativo agora serve como parâmetro para outros estados brasileiros e até para países interessados em adotar práticas semelhantes no combate à febre aftosa.
Biológicos sustentáveis
O uso de insumos biológicos na agricultura ganha espaço na 22ª Agro Centro-Oeste Familiar. A palestra do pesquisador Murilo Lobo, da Embrapa, destaca como esses produtos auxiliam no controle de pragas e no aumento da produtividade, sem causar impactos ambientais. A prática tem se mostrado essencial para agricultores familiares que buscam sustentabilidade e rentabilidade. O debate foca no papel dos microrganismos no manejo agroecológico e no fortalecimento da produção sustentável. Soluções naturais, como biofertilizantes e defensivos biológicos, estão no centro das atenções. A palestra promete impulsionar práticas mais ecológicas no campo.
Crédito transformador
O Governo de Goiás realizou, em Jussara, a entrega de 465 cartões do Crédito Social para famílias da agricultura familiar. A iniciativa, coordenada pela Seapa, investiu R$ 2,3 milhões para apoiar quem concluiu cursos profissionalizantes. O programa fortalece o empreendedorismo rural, permitindo que os beneficiários invistam em atividades como avicultura, panificação, doces artesanais e horticultura orgânica. A secretária Glaucilene Carvalho destacou que o crédito vai além do auxílio financeiro, sendo uma verdadeira ferramenta de transformação. A ação promove autonomia e geração de renda no campo. É desenvolvimento social com impacto direto nas comunidades rurais.
Capacitação produtiva
A segunda rodada do Crédito Social beneficiou agricultores da Regional Caiapó, que passaram por cursos de capacitação em março. As formações incluíram avicultura, bovinocultura, olericultura, panificação e produção de salgados, todas pensadas na realidade da agricultura familiar. Segundo Pedro Vilela, da Seapa, o programa não entrega apenas recursos, mas fomenta o conhecimento e a autonomia dos produtores. O crédito permite que os agricultores coloquem em prática os aprendizados, ampliando ou iniciando seus próprios negócios. A iniciativa fortalece as cadeias produtivas locais e estimula o desenvolvimento econômico. Educação, crédito e oportunidade andam juntos.
Formação rural
O Senar Goiás, em parceria com a Rede e-Tec Brasil, abre inscrições para cursos técnicos gratuitos em Agronegócio, Agricultura e Agropecuária. A formação é semipresencial, com aulas online e encontros obrigatórios em polos localizados em Anápolis, Goianésia, Mineiros, Cristalina, Rio Verde e Alexânia. Com duração média de dois anos, os cursos oferecem conteúdos atualizados e práticas de campo. A iniciativa visa qualificar jovens e trabalhadores rurais para o mercado do agronegócio. As vagas são limitadas e as inscrições devem ser feitas pela internet.
Seca persistente
Goiás permanece entre os cinco estados brasileiros mais afetados pela seca em 2025, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Apesar de uma leve melhora em abril, cerca de 96% do território goiano segue impactado. As lavouras de soja e milho estão entre as mais prejudicadas, com risco de quebra de safra em regiões críticas. A combinação de altas temperaturas e baixa umidade agrava o problema. Autoridades estaduais seguem monitorando os dados para traçar estratégias de enfrentamento. O desafio é manter a produção agrícola diante desse cenário prolongado de estiagem.
Impacto econômico
A estiagem severa em Goiás ameaça diretamente a economia agrícola do estado. Produtores de grãos, especialmente soja e milho, relatam perdas significativas e aumento nos custos de produção. A redução da produtividade preocupa, principalmente, pequenos e médios agricultores, que têm menos capacidade de enfrentar adversidades climáticas. Além disso, a escassez hídrica impacta o abastecimento de água em zonas rurais e urbanas. O governo estadual articula medidas emergenciais, como apoio técnico e crédito facilitado. Mesmo assim, o cenário exige planejamento de longo prazo e investimentos em tecnologias de convivência com a seca.
Alívio limitado
Chuvas registradas em abril trouxeram alívio pontual para parte do território goiano, mas não foram suficientes para reverter o quadro geral de seca. A redução da seca moderada, que caiu de 75% para 69%, mostra uma melhora tímida. A região Centro-Oeste, como um todo, apresentou sinais de recuperação, mas ainda enfrenta desafios significativos. A previsão para junho aponta que as chuvas deverão ficar abaixo da média histórica em boa parte de Goiás. Esse cenário reforça a necessidade de práticas sustentáveis, como manejo de solo e uso racional da água. O risco permanece elevado para o setor agrícola.

Panorama nacional
O Brasil enfrenta uma das maiores estiagens dos últimos anos, com mais da metade do território afetado. Goiás ocupa a quinta posição, atrás de Amazonas, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A seca grave atinge especialmente as regiões Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste. Apesar de alguns estados registrarem melhora, outros tiveram agravamento, como Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul. O monitoramento da ANA aponta que 12 estados sofrem impactos severos, exigindo ações coordenadas. O fenômeno afeta não só a agricultura, mas também recursos hídricos, energia e abastecimento urbano em várias regiões.
Sanidade animal
A Agrodefesa publicou, no Diário Oficial do Estado, a Instrução Normativa nº 02/2025, que atualiza as regras para controle e erradicação da brucelose e tuberculose bovina e bubalina em Goiás. A normativa visa padronizar procedimentos de vacinação, diagnóstico, certificação e trânsito de animais, fortalecendo a segurança sanitária. Produtores, médicos-veterinários e revendas devem se adequar às novas exigências. A Faeg oferece suporte técnico e orientações sobre a implementação das medidas. O objetivo é proteger a saúde dos rebanhos e garantir a qualidade da produção agropecuária goiana.
Crescimento agropecuário
O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária deve alcançar R$ 1,53 trilhão em 2025, um aumento de 13,1% sobre 2024. A agricultura, responsável por R$ 1 trilhão, destaca-se com crescimento significativo na soja (10,1%) e milho (35,4%). Apesar da leve queda na produção da cana-de-açúcar, outras culturas como café arábica e robusta apresentam forte valorização no VBP.
Pecuária forte
O faturamento da pecuária em 2025 deve chegar a R$ 520,4 bilhões, com alta de 12,9%. O destaque fica para ovos, com crescimento de 22,9%, e carne bovina, que avança 19,5% em valor devido à valorização dos preços. A produção de leite e carne de frango também contribuem para o desempenho positivo do setor, apontando um ano promissor para a pecuária nacional.