Mas quando é mesmo que o eleitor entra em campo pra decidir o jogo? A menos de um mês do dia da votação, as campanhas vivem muitas expectativas, mas uma costuma provocar mais angústia: diabos, e esse eleitor indeciso que, além de não se resolver logo, ainda emite sinais truncados?
Chega uma hora em que o eleitor pega no tranco. Pode ser faltando 5 dias, pode ser na véspera. As campanhas amadoras ou menos estruturadas sofrem mais porque vivem de pesquisas alheias, ou seja, da estratégia do adversário e da sofreguidão de sua gente contaminada pela militância adversária.
Um saco, pra quem tá na coordenação de campanha e tem que administrar surtos coletivos internos de delírios conspiratórios e visão do abismo eleitoral. Quem tem dinheiro em caixa, faz levantamentos internos, tem memória de números e curva de comportamento da campanha. Menos pior. Não garante a paz, mas é decisivo na condução da tropa em meio aos instantes de cegueira pontual.
O que mais faz o povo sofrer é a falta de informação. Ela esconde erros que poderiam ser evitados, acoberta posicionamentos errados e simplesmente engana quem precisa manter o rumo das ações. O povo, o eleitor, não tem culpa disso. O povo se comporta como povo. Não é na esperança de que o povo vai mudar que a eleição será ganha. A mudança, quando necessária, está no recado que o povo passa. E passa, a todo instante.
Mas de que adianta essa informação estar no ar, ser um ativo pronto para ser “descoberto”, percebido, compreendido, mas que passa ao largo dos estratagemas dos candidatos porque simplesmente resolveram economizar com ciência e privilegiar a intuição? Ou, infelizmente, não tem recursos para fazer mais do que estão fazendo? De que adianta ferramentas que ajudam a pavimentar vitórias sejam manipuladas ou ignoradas por derrotados?
Nada garante 100% uma vitória, convenhamos. Porém, em boa parte das vezes a angústia e a dor são escolha, e não fatalidade ou inevitabilidade. O candidato escolhe andar no escuro das ruas da cidade, na obscuridade dos ensinamentos que a realidade imediata da campanha permite. O candidato prefere ver todo mundo implorar a salvação contra o inferno da derrota do que providenciar mecanismo eficientes para lutar para vencer.
A não ser que seja incompetente. Obtuso. Que suas virtudes não sejam as suficientes para garantir um lugar no pódio do Poder. Sim, as campanhas são didáticas neste sentido: elas desvelam máscaras e revelam os verdadeiros líderes – ou não. Bons nomes surgem de derrotas desastrosas. Os que se levantam e se agigantam. Verdade. Há esperança. Mas como saber se neste momento o líder que o representa na eleição está na baixa ou na alta?
Você pode estar ajudando um derrotado por antecipação, mesmo que ele seja um vencedor lá na frente. Ou ajudando a eleger um derrotado, de expectativas sempre furadas. Faço votos de que sua antena esteja ligada, sua intuição afiada e que tenha números para decidir quando é mesmo que quer ganhar a eleição. Você, eleitor, é a base da ciência do bom candidato, porém, não se esqueça de que há ciência igual no seu olhar. Seu olhar fulminante nos nomes eleitorais em jogo e nas urnas, onde o jogo é outro: a sua vida.