O relatório “Education at a Glance 2024”, divulgado nesta terça-feira (10), destaca uma discrepância significativa nos gastos por aluno na educação básica e superior entre o Brasil e os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Enquanto o Brasil investe anualmente US$ 3.668 (aproximadamente R$ 20,5 mil) por estudante, a média dos países da OCDE é de US$ 11.914 (R$ 66,5 mil), mais de três vezes superior.
Luxemburgo está no topo da lista global, com um investimento superior a US$ 25 mil por aluno, seguido por Suíça e Noruega. O Brasil, por sua vez, figura entre os países com menores gastos, apenas um pouco acima de nações como Romênia, Turquia, África do Sul, México e Peru. Essa grande diferença reflete um descompasso significativo na qualidade e alcance dos recursos educacionais disponíveis.
O relatório também aponta uma tendência preocupante nos investimentos em educação no Brasil. Entre 2015 e 2021, o país experimentou uma redução anual de 2,5% nos gastos com educação, uma tendência observada durante os governos de Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Em contraste, os países da OCDE aumentaram seus investimentos em 2,1% ao ano, apesar das dificuldades econômicas causadas pela pandemia.
Um ponto positivo no relatório é o aumento de 29% nos gastos com alunos de 0 a 3 anos no Brasil entre 2015 e 2021. Esse aumento é significativo, considerando a importância da educação na primeira infância para a redução das desigualdades sociais e econômicas e para o desenvolvimento futuro das crianças.
Embora o Brasil destine 4,4% do PIB para a educação, um percentual semelhante ao de países como Suécia e Nova Zelândia, o valor efetivamente gasto por aluno no país é consideravelmente menor. Isso se deve à maior população e ao número elevado de estudantes, o que dilui o impacto do investimento em cada aluno.
O relatório também revela uma leve melhoria na situação da geração “nem-nem”, que inclui jovens de 18 a 24 anos que não trabalham nem estudam. No Brasil, essa proporção caiu de 29,4% em 2016 para 24% em 2023. Na OCDE, a queda foi de 15,8% para 13,8%, indicando que, apesar dos avanços, ainda há desafios significativos para integrar os jovens no mercado de trabalho e na educação.
Além disso, a ausência de formação superior tem consequências severas no mercado de trabalho brasileiro. Entre os jovens de 25 a 34 anos sem ensino superior, 36% estão desempregados, em comparação com 25% na OCDE. Os salários dos brasileiros sem diploma são também mais baixos, com 59% dos que não completaram o ensino médio ganhando menos do que a média nacional. As mulheres são particularmente afetadas, com apenas 44% das brasileiras sem educação básica empregadas, enquanto o índice entre os homens é de 80%. Mesmo entre as que possuem ensino superior, as mulheres ganham, em média, 75% do que recebem os homens na mesma posição, uma disparidade maior do que a média de 83% encontrada na OCDE.
O relatório “Education at a Glance” da OCDE oferece uma visão detalhada dos indicadores educacionais em quase 50 países, incluindo membros da organização e parceiros como o Brasil, e revela as diferenças e desafios enfrentados pelos sistemas educacionais ao redor do mundo.