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“Medos e incertezas para 2025”


Luciano de Paula Cardoso Queiroz Por Luciano de Paula Cardoso Queiroz em 27/12/2024 - 06:00

Foto: Reprodução

O ano de 2024 trouxe ao Brasil uma combinação de desafios estruturais e conjunturais que, ao invés de serem superados, se intensificaram, projetando um cenário de incertezas para 2025. As questões econômicas, o descontrole nos gastos públicos e a ineficiência da máquina estatal foram os principais temas que marcaram o debate nacional, reforçando a sensação clara de um país sem direção.

O Brasil enfrentou um cenário econômico desafiador, com crescimento tímido e inflação pressionada por choques externos e internos. As projeções de crescimento do PIB para o ano ficaram abaixo de 2%, enquanto a taxa de desemprego se manteve elevada em várias regiões do país.

Investidores e mercados demonstraram hesitação, refletida na retração de investimentos estrangeiros diretos e na volatilidade do câmbio. O cenário global, marcado por instabilidades geopolíticas e uma desaceleração econômica nas principais potências, também contribuiu para agravar a situação.

A Taxa Selic hoje está em 12,25%, valor fixado após a última reunião do Copom, em 11 de dezembro – sendo o terceiro aumento consecutivo. Em novembro, o Copom aumentou a taxa de 10,75% para 11,25%, fazendo emergir projeções desanimadoras para 2025 com mais aumento da taxa básica de juros, isso, atrelado a um pífio crescimento econômico e inflação de quase 5% demonstram um cenário tenebroso no ano que se aproxima.

O desequilíbrio fiscal continuou como um dos principais entraves ao desenvolvimento. Os gastos públicos cresceram em um rítmo superior aos das receitas, ampliando o déficit primário e pressionando a dívida pública, a qual atingiu níveis alarmantes.

Políticas de expansão de benefícios sociais, embora necessárias para atender populações vulneráveis, foram executadas sem contrapartidas fiscais claras, gerando críticas de analistas e organismos internacionais sobre a sustentabilidade das contas públicas.

O Brasil continua sendo um dos países mais burocráticos do mundo, com um sistema administrativo complexo e caro. A reforma administrativa, prometida em campanhas anteriores, não avançou, deixando o Estado sobrecarregado e incapaz de oferecer serviços de qualidade à população e a reforma tributária, já com data para vigorar, mostra o tamanho da fome da máquina estatal brasileira e as divergências políticas que impedem o crescimento do ponto de vista da inteligência tributária.

A lentidão na implementação de políticas públicas, aliada à má gestão e à corrupção, comprometeu ainda mais a credibilidade das instituições e a confiança da sociedade.

O cenário político em 2024 foi marcado por conflitos entre os Poderes e a ausência de consensos sobre pautas essenciais, como a reforma tributária e a política ambiental. A falta de uma liderança consolidada contribuiu para a sensação de instabilidade e incerteza sobre o futuro.

A retrospectiva de 2024 reforça a urgência de reformas estruturais que modernizem o Estado, tornem a economia mais dinâmica e sustentável, e promovam inclusão social inteligente sem comprometer a saúde fiscal.

Deveriam ser prioridades para 2025, acelerar as reformas administrativa e tributária, estabelecer limites claros para os gastos públicos, com foco na eficiência, incentivar investimentos privados, desburocratizando processos e fortalecendo a governança, além de combater a corrupção.

O Brasil enfrenta desafios significativos, mas possui recursos naturais abundantes, um mercado interno robusto e uma população resiliente. Transformar essas vantagens em crescimento e desenvolvimento sustentável requer liderança firme, políticas consistentes e um compromisso coletivo com a mudança.

O país tem potencial, mas depende de escolhas assertivas para sair da atual crise e ter uma prespectiva de construção de um futuro mais próspero.

Luciano de Paula Cardoso Queiroz

É advogado inscrito na OAB/GO. Ex-membro do Conselho Deliberativo do Instituto Goiano do Direito do Trabalho – IGT. Membro da Comissão de Direito Empresarial da OAB/GO. Membro do Instituto Goiano do Direito do Trabalho. E-mail: [email protected].