Miguel Oliveira, de 14 anos, conhecido nacionalmente como o “missionário mirim”, foi proibido pelo Conselho Tutelar de pregar em igrejas, viajar e utilizar redes sociais. A decisão, que vale por tempo indeterminado, foi confirmada nesta quarta-feira (30) pela Assembleia de Deus Avivamento Profético, congregação frequentada pelo jovem em Carapicuíba (SP). A medida foi tomada após o adolescente se tornar alvo de intensa exposição nas redes sociais e também de ameaças por parte de internautas. Em sua conta no Instagram — onde soma mais de um milhão de seguidores — Miguel chegou a publicar que seu retorno seria “assustador”, antes de a restrição entrar em vigor.
Segundo o pastor da igreja, Márcio Silva, a decisão do Conselho Tutelar será respeitada pela congregação para resguardar a imagem do garoto. “Houve uma decisão radical do conselho tutelar, que proibiu o Miguel de viajar, de pregar e usar as redes sociais. Estamos tristes, mas optamos por afastá-lo para evitar mais exposição. Ele aceitou de boa a decisão”, afirmou. Com a mudança na rotina, o jovem deixará os estudos on-line e voltará às aulas presenciais.
Miguel ganhou destaque ainda pequeno ao afirmar que foi milagrosamente curado de surdez e mudez aos três anos de idade. Desde então, passou a pregar em cultos e eventos evangélicos pelo Brasil, chamando atenção por sua eloquência e estilo de pregação inspirado em pastores adultos.
No entanto, a notoriedade também trouxe controvérsias. Recentemente, vídeos do adolescente rasgando supostos laudos médicos em cima do púlpito, durante um culto, viralizaram nas redes. Na gravação, ele afirma estar curando doenças graves: “Eu rasgo o câncer, eu filtro teu sangue e eu curo a leucemia”, disse diante de um auditório lotado, sob aplausos. A cena gerou revolta entre internautas, que acusaram o jovem de explorar a fé alheia e realizar encenações.
Críticos alegam que Miguel reproduz discursos comuns no meio neopentecostal, sem apresentar embasamento bíblico ou teológico. “Tão jovem e já aprendeu o caminho da enganação”, comentou um usuário. Outros o chamaram de “anticristo” e sugeriram que suas ações induzem fiéis ao erro.
O caso chamou a atenção do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que abriu investigação preliminar após os pais do adolescente denunciarem ameaças e xingamentos recebidos por ele nas redes sociais. A apuração está a cargo da Polícia Civil.
Apesar das críticas e das restrições impostas, Miguel afirmou encarar o momento como parte do seu processo de amadurecimento espiritual. Em vídeo publicado antes da suspensão de suas atividades, ele agradeceu o apoio de seguidores e disse que os ataques virtuais serviram como “combustível” para fortalecer sua fé e missão. Figuras públicas, como o influenciador Pablo Marçal, saíram em sua defesa. “Ele não é falso profeta”, declarou Marçal.
Por ora, Miguel deverá manter-se longe dos palcos, púlpitos e redes sociais. Mas, se depender de suas próprias palavras, esse afastamento é apenas temporário — e seu retorno, como prometeu ele, será “assustador”.