Nos idos do ano de 1989, acompanhando o repórter Cézar Marques, que faleceu no ano de 2020, à época colaborador do até então Jornal da Segunda, que veio posteriormente a se chamar Tribuna do Planalto, fomos entrevistar o Prefeito de Rio Verde Paulo Roberto Cunha, figura icônica e tido por Estadista por suas ações e projetos.
Cézar Marques, autodidata, revelado pelo jornalista Vassil Oliveira, era de uma sabedoria ímpar e conseguia, com seu jeito simples e ácido, buscar histórias que eram deleite à quem tinha o prazer de ler.
Naquele ano de 1989, Paulo Roberto Cunha, então prefeito estava bem no início do seu governo na cidade de Rio Verde, avesso à entrevistas, concedeu à Cézar Marques a oportunidade de ser entrevistado e agendou a entrevista para ser concedida em um pesque-pague nos arredores da cidade.
A primeira pergunta de Cézar Marques ao prefeito foi: “O senhor acha que 100 dias serão suficientes para mudar Rio Verde?”, foi o bastante para que Paulo Roberto discorresse didaticamente sobre esse quase mantra, dando uma verdadeira aula sobre história, política e sobretudo de mudança de conceitos e atitudes.
Explicou Paulo Roberto Cunha que essa data de 100 dias é simbólica, usada principalmente pelos veículos de comunicação e analistas políticos para avaliar qual é o estilo do governo que se iniciou e o que se pode esperar do restante. Além disso, também é o momento da população cobrar com mais vigor e rigor o cumprimento das promessas feitas na campanha.
A tradição foi trazida dos Estados Unidos. Em 1932, Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente e precisou lidar com os efeitos da crise de 1929. Ele então criou o programa econômico New Deal, com investimentos em infraestrutura para gerar empregos e tentar fazer a economia girar. “Durante os 100 primeiros dias de seu governo, ele anunciou várias medidas contra a crise, as quais ajudaram a recuperar a economia do país”.
Entre as principais medidas estavam investimentos em obras públicas de infraestrutura como ferrovias, estradas, hospitais, escolas e casas populares; empréstimos aos pequenos produtores; fiscalização das atividades de bancos para movimentar a economia; legalização dos sindicatos; redução da jornada de trabalho para oito horas diárias, a criação da Previdência Social e do salário-mínimo.
Em 100 dias de mandato, Roosevelt conseguiu passar 76 leis no Congresso. Por isso, Roosevelt é considerado como o presidente que conseguiu se dar melhor com os parlamentares no início de um mandato.
Nessa época, Roosevelt promoveu diversas conversas pelo rádio para falar com milhões de americanos e explicar as decisões que estava tomando. Em uma delas, ele valorizou o quão importante tinham sido os seus primeiros 100 dias de governo. Foi aí que o termo pegou.
Paulo Roberto Cunha finalizou a sua “aula” dizendo que não haveria que se falar em 100 dias do seu governo municipal, eis que não tinha pretensão e nenhuma força capaz, como prefeito, de mudar a economia do seu país.
Os 30 primeiros dias da atual gestão Municipal de Goiânia mostram que é possível a transformação por meio de mudança de conceitos e de atitudes.
A gestão pública, principalmente em níveis municipais, tem o poder de transformar a vida dos cidadãos e impactar diretamente a qualidade dos serviços prestados à sociedade. Quando se inicia um novo mandato, as expectativas são altas, e os primeiros 100 dias de uma nova gestão são um marco significativo, pois marcam a transição das promessas para a realidade. Quando esses 100 primeiros dias são pautados em uma mudança de conceitos, atitudes e uma gestão voltada para resultados concretos, como observamos em Goiânia, o município dá um grande passo para um futuro mais justo e próspero para todos.
Ao assumir uma nova gestão municipal, o primeiro desafio é a renovação dos conceitos que regem a política pública e, muitas vezes, a própria administração pública. Mudar a forma de pensar e agir, romper com práticas ultrapassadas e trazer um novo olhar para as questões locais é um passo fundamental para que a gestão seja efetivamente transformadora.
O que se busca, nesse momento inicial, é a construção de uma cultura política que dialogue diretamente com as necessidades da população. Não se trata apenas de implementar projetos, mas de estabelecer uma nova postura, com transparência, ética e dedicação. A vontade de mudar se torna evidente quando a liderança demonstrada é não apenas uma promessa, mas uma prática constante, refletida em cada fala, ação e decisão do novo governo municipal.
Outro pilar crucial dessa nova gestão é a formação de equipes técnicas e qualificadas. Uma gestão que se pretende inovadora precisa, acima de tudo, contar com profissionais comprometidos e capacitados para desempenhar funções específicas em áreas estratégicas como saúde, educação, finanças e infraestrutura. As equipes devem ser escolhidas não apenas pelo currículo, mas pela competência técnica e pela capacidade de trabalhar com foco em resultados concretos.
Esse aspecto da escolha cirúrgica das equipes é fundamental para garantir a execução de políticas públicas eficientes. Investir em profissionais que compreendam as demandas da sociedade e que sejam preparados para lidar com as complexidades da gestão pública é um dos primeiros sinais de que o novo governo está pronto para atuar de forma proativa e eficiente. As ações tomadas nessas primeiras semanas, com a participação desses profissionais, começam a gerar frutos rápidos, já demonstrando os impactos positivos na vida dos cidadãos.
Uma das primeiras ações que costumam ser implementadas nos primeiros 100 dias de governo é o chamado “enxugamento” da máquina pública municipal. Esse processo envolve a revisão dos gastos, a reavaliação das estruturas administrativas e, frequentemente, a reconfiguração de secretarias e departamentos, sempre com o objetivo de otimizar recursos e melhorar a qualidade dos serviços.
A medida de reduzir o número de cargos desnecessários e reavaliar contratos com a iniciativa privada, por exemplo, tem o poder de direcionar recursos financeiros para áreas prioritárias, como saúde e educação. Com um olhar atento para o uso eficiente dos recursos, o município consegue garantir que cada centavo seja bem aplicado, impactando diretamente a qualidade dos serviços prestados à população.
Nos primeiros meses de gestão, as áreas de saúde e educação se tornam prioridades inquestionáveis. Essas áreas são, por excelência, as que mais afetam o cotidiano das pessoas e, por isso, são vitais para a melhoria da qualidade de vida e para o fortalecimento da cidadania. A gestão pode, por exemplo, focar na ampliação do acesso aos serviços de saúde, na melhoria das condições das unidades de atendimento e na qualificação dos profissionais.
Nesse sentido, especialmente na saúde, área prioritária e sensível, eis que essa atenção primária é porta de entrada na Rede Municipal de Saúde, antes mesmo de tomar qualquer medida austera é necessário conhecer a dinâmica dos atendimentos, estruturas, conceitos e funcionamento. Não é fato isolado e nem segredo, mas praxe do atual prefeito de Goiânia Sandro Mabel, realizar “visitas” e inspeções durante a madrugada nos CAIS e Hospitais Municipais sem prévio aviso, o que demonstra uma mudança de conceito com atitude positiva.
Na educação, é possível tomar ações imediatas para melhorar a infraestrutura das escolas, valorizar os profissionais da educação e garantir que as crianças e jovens tenham acesso a um ensino de qualidade. A melhoria de índices educacionais, como a taxa de alfabetização e o desempenho nas avaliações estaduais e nacionais, começa a ser visível rapidamente quando se investe na formação de equipes capacitadas, em projetos pedagógicos inovadores e na construção de ambientes de aprendizagem seguros e mais adequados e nessa área Goiânia tem espaço suficiente para melhorar.
Além disso, o saneamento de dívidas acumuladas ao longo dos anos é uma ação que não pode ser negligenciada. O bom uso da máquina pública inclui, também, a transparência financeira e a responsabilidade fiscal. Esse esforço para equilibrar as contas do município e implementar uma gestão pautada pela austeridade financeira traz consigo um horizonte de estabilidade, permitindo o investimento contínuo em áreas essenciais, como infraestrutura urbana, saúde e educação.
Além das áreas de saúde, educação e finanças, a limpeza urbana surge como um tema essencial para a qualidade de vida da população. O cuidado com o meio ambiente e a promoção de um espaço público limpo e agradável refletem diretamente no bem-estar dos cidadãos. A limpeza urbana não se limita apenas à coleta de lixo, mas abrange também a manutenção das áreas públicas, a preservação de praças, ruas e parques, fundamentais para o cotidiano das pessoas.
Nos primeiros 100 dias de uma gestão, a abordagem para a limpeza urbana deve ser uma das prioridades, já que esse serviço impacta diretamente a saúde e o conforto da população e a cidade vê atônita o que más gestões têm a capacidade de fazer com uma Companhia como a COMURG, que passou a ser manchetes de jornais, não por conta de excelência no seu propósito e ofício, mas sim por escândalos.
Um ambiente limpo reduz o risco de doenças, melhora a qualidade do ar e contribui para a valorização do espaço público. A gestão, portanto, deve garantir que os serviços de coleta de lixo sejam eficazes, pontuais e bem estruturados, além de promover campanhas de conscientização sobre a importância do descarte correto de resíduos e do cuidado com a limpeza.
Além disso, a limpeza urbana é também um reflexo do respeito e da dignidade que o governo municipal deve à sua população. Investir em equipes de limpeza bem equipadas, treinadas e motivadas é uma forma de mostrar o compromisso da gestão com um ambiente mais saudável e mais agradável para todos. A cidade limpa se torna um local mais seguro e acolhedor, favorecendo a qualidade de vida dos seus habitantes e promovendo a cidadania.
O sucesso de qualquer gestão pública está intimamente ligado à sua capacidade de gerar resultados concretos a partir do uso inteligente dos recursos. Nos primeiros 100 dias, a implementação de uma gestão baseada em metas claras, com acompanhamento rigoroso de desempenho e produtividade, demonstra um compromisso real com a eficiência. Definir objetivos de curto, médio e longo prazo, acompanhados de indicadores de desempenho, possibilita avaliar a eficácia das políticas públicas e permite ajustes rápidos quando necessário.
A alavancagem de recursos financeiros é outra estratégia importante. Buscar parcerias com a iniciativa privada, fortalecer a captação de verbas federais e estaduais, bem como incentivar o empreendedorismo local, são formas eficazes de garantir que o município tenha os recursos necessários para investir em infraestrutura, saúde, educação e, claro, na melhoria da limpeza urbana.
Os primeiros 100 dias de uma nova gestão municipal são, sem dúvida, um reflexo do que está por vir. Quando a mudança de conceitos, atitudes e uma gestão focada no bem-estar dos cidadãos se tornam o norte das ações do novo governo, o município começa a experimentar um ciclo de transformação positiva. Ao enxugar a máquina pública, formar equipes técnicas e competentes, priorizar as áreas de saúde, educação e limpeza urbana e implementar uma gestão eficiente e orientada para resultados, o novo governo dá passos sólidos rumo ao desenvolvimento e à qualidade de vida da população.
As atitudes e mudanças de conceitos que claramente se observa nesses primeiros 30 dias dão sinais de que os primeiros 100 dias não são apenas um marco simbólico, mas o início de uma jornada de transformação que, com certeza, trará frutos concretos e duradouros para a comunidade, resultando em um futuro mais próspero, limpo e justo para todos os cidadãos.
A cidade agradece.