Prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman publicou artigo no qual condena duramente as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil (Trump anunciou uma taxa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1° de agosto), que ele classificou como “megalomaníacas” e “demoníacas”. “(Essas tarifas) representam um programa de proteção a ditadores”, disparou. Para ele, a medida pode dar ensejo a um processo de impeachment de Trump.
Para Krugman, que é professor da Universidade da Cidade de Nova York, nos EUA, a política não afetará o Brasil tanto quanto o presidente dos EUA espera. Para justificar o adjetivo de “megalomaníacas” que ele deu para as medidas anunciadas por Trump, o economista aponta dados da Organização do Comércio (OMC), que indicam quais são os principais parceiros comerciais do Brasil.
Segundo os dados relativos ao ano de 2022, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e recebe 26,8% das exportações. Na sequência, aparecem União Europeia (15,2%), EUA (11,4%), Argentina (4,6%), Chile (2,7%) e outros países/blocos (39,3%). Krugman calcula que as exportações para os EUA representam menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
“Trump realmente acredita que pode usar tarifas para intimidar uma nação enorme, que nem sequer depende do mercado americano, a abandonar a democracia?”, questiona, no artigo, acrescentando que se os EUA “ainda tivessem uma democracia funcional, essa aposta contra o Brasil seria por si só uma base para um impeachment” de Trump. “De qualquer forma, não ignore esse fato. Estamos diante de mais um passo terrível na espiral descendente do nosso país”, conclui ele.
Ditador
Em carta enviada ao presidente Lula, o presidente dos EUA anunciou uma taxa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1° de agosto. Depois de uma reunião de emergência, o governo brasileiro anunciou que adotará a reciprocidade, taxando os produtos vindos daquele país.
Logo no início da carta endereçada a Lula, Trump diz: “Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”
Krugman pondera que essa não é a primeira vez que os EUA usam tarifas com um propósito político. “O sistema internacional de comércio que estabelecemos depois da Segunda Guerra Mundial foi em parte motivado pela crença de representantes americanos de que essas trocas, além de serem benéficas do ponto de vista econômico, seriam uma força de paz e poderiam fortalecer a democracia ao redor do mundo. Eles provavelmente estavam corretos e, em todo caso, tratava-se de um objetivo nobre”, escreveu.
“Mas agora Trump tenta usar tarifas para ajudar outro pretendente a ditador. Se você pensa que os EUA são um dos ‘bons moços’ do mundo, essa última decisão mostra o lado em que estamos atualmente”, complementa o professor.
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