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Túmulo de Eunice Paiva se torna ponto de memória após “Ainda Estou Aqui”

Eunice tornou-se referência na luta pelos direitos humanos após o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 09/02/2025 - 06:00

Tumulo de Eunice Paiva (Foto: Divulgação)

No Cemitério do Araçá, em São Paulo, uma capelinha azul abriga a lápide de Eunice Paiva (1929-2018), advogada e símbolo da luta contra a ditadura militar brasileira. Desde a estreia do filme Ainda Estou Aqui, sua história tem despertado ainda mais interesse, especialmente após a atriz Fernanda Torres, que a interpretou no longa, visitar seu túmulo e compartilhar a experiência nas redes sociais.

As visitas guiadas ao Cemitério do Araçá passaram a incluir o túmulo de Eunice Paiva, atraindo centenas de pessoas. O passeio é organizado pelo projeto de necroturismo O Que Te Assombra?, idealizado pelo pesquisador Thiago de Souza. Ele destaca que os cemitérios são grandes contadores de história e que Eunice foi incluída no roteiro por representar a luta pela democracia e a importância do luto.

Eunice tornou-se referência na luta pelos direitos humanos após o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva, levado por militares em 1971. Sua busca incessante por respostas sobre o paradeiro do esposo tornou-se símbolo da resistência contra os abusos da ditadura militar. O filme dirigido por Walter Salles e o livro de Marcelo Rubens Paiva ajudaram a manter viva sua memória.

O Cemitério do Araçá, inaugurado em 1897, é um espaço de grande relevância histórica e abriga túmulos de personalidades como Cacilda Becker, Nair Bello e Assis Chateaubriand. Além disso, guarda o mausoléu da Polícia Militar e um ossário onde foram depositados restos mortais de vítimas da ditadura enterradas na vala clandestina de Perus.

A repercussão do filme e a inclusão do túmulo de Eunice nas visitas guiadas reforçam a importância da memória histórica. Para Thiago de Souza, sua história ensina sobre a necessidade de preservar o passado e valorizar aqueles que lutaram por justiça e democracia. Ele destaca que os cemitérios são mais do que locais de despedida, mas espaços fundamentais para a construção da identidade coletiva.

Com esculturas e obras assinadas por artistas como Victor Brecheret, o Araçá segue como um espaço de memória e cultura. Agora, o legado de Eunice Paiva também faz parte desse cenário, atraindo visitantes interessados em refletir sobre a história brasileira e os desafios da democracia.