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Riscos da automedicação: o perigo do uso indiscriminado de xaropes

Dados indicam que cerca de 20 mil mortes anuais no Brasil são atribuídas à automedicação, com destaque para o uso imprudente de xaropes.


Laiz Queiroz Por Laiz Queiroz em 10/09/2024 - 18:30

iStock

Em 2024, o Brasil enfrenta uma seca severa que, combinada com baixa umidade do ar e variações térmicas extremas, tem impulsionado o uso de medicamentos antigripais e xaropes sem prescrição médica. Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelam que 77% dos brasileiros utilizam medicamentos sem orientação profissional.

O uso não regulamentado de medicamentos, especialmente xaropes, está entre as principais causas de intoxicação no país, superando casos relacionados a produtos de limpeza e agrotóxicos, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios são frequentemente usados sem supervisão médica.

A Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) estima que cerca de 20 mil mortes anuais no Brasil sejam decorrentes da automedicação. A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta destaca os riscos associados ao uso indiscriminado de xaropes, que podem levar a complicações graves, incluindo problemas cardiovasculares e agravar infecções.

Xaropes, frequentemente utilizados para aliviar sintomas de doenças respiratórias como tosse e dor de garganta, podem causar efeitos adversos quando usados inadequadamente. “O uso sem orientação pode levar a alterações na pressão arterial, infarto e angina, e não resolve a causa subjacente dos sintomas”, alerta Juliana.

A médica também enfatiza que o uso de xaropes que contêm substâncias como levodropropizina e codeína pode mascarar problemas reais e desencadear outras condições de saúde graves. A automedicação pode atrasar o diagnóstico e tratamento adequado de doenças infecciosas como gripe e coqueluche.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), reações adversas a medicamentos são responsáveis por mais de 10% das internações hospitalares. “Evite compartilhar medicamentos ou receitas com outras pessoas, pois isso pode resultar em sérios riscos de saúde, incluindo intoxicações e reações adversas”, orienta Juliana.

A prescrição médica deve levar em consideração fatores individuais como histórico de saúde, alergias e idade. O uso imprudente de medicamentos pode levar a superdoses e dependência, especialmente no caso de xaropes com codeína. “Embora a codeína seja eficaz quando usada corretamente, seu uso inadequado pode levar a dependência e complicações respiratórias”, conclui a médica.

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