Por Carlos Nathan Sampaio
Após a divulgação do IPS Brasil 2025, que avalia indicadores sociais e ambientais em todo o país, há cinco cidades goianas apareceram entre as piores colocações do ranking estadual. Os dados revelam um panorama preocupante sobre a qualidade de vida em Goiás e no Brasil, especialmente em municípios com baixos níveis de infraestrutura, acesso a serviços básicos e oportunidades. O estudo, que mede o progresso social com base em 57 indicadores, mostra que Monte Alegre de Goiás, Baliza, Bonópolis, Mundo Novo e Turvânia são as cidades com os piores desempenhos no estado.
O Índice de Progresso Social (IPS) é uma ferramenta reconhecida por avaliar aspectos que vão além da economia, como nutrição, segurança pessoal, moradia, educação e inclusão social. Ele considera três dimensões principais: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades, construindo uma pontuação de 0 a 100 para cada município brasileiro.
No caso de Goiás, os cinco municípios com piores resultados em 2025 foram:
-
Monte Alegre de Goiás – 50,31
-
Baliza – 50,47
-
Bonópolis – 52,28
-
Mundo Novo – 52,37
-
Turvânia – 52,71
Todas as cidades listadas apresentaram pontuações bem abaixo da média nacional, que é de 62,99 pontos, e ainda mais distantes da média estadual, que supera os 64 pontos. Os números revelam que esses municípios enfrentam sérias limitações na oferta de serviços públicos essenciais, como saneamento, atenção primária à saúde, educação básica e segurança.
Monte Alegre de Goiás, na região nordeste do estado, registrou o pior desempenho. Isolada geograficamente e com baixa densidade populacional, a cidade sofre com carência de investimentos em infraestrutura e dificuldade no acesso a políticas públicas. Baliza, no sudoeste goiano, também amarga problemas históricos semelhantes, enfrentando fragilidade institucional e baixa cobertura de programas sociais.
Bonópolis, Mundo Novo e Turvânia compartilham características como baixos índices de escolaridade, precariedade no sistema de saúde e falta de oportunidades para juventude e trabalhadores. Essas condições explicam as pontuações reduzidas no IPS e reforçam a urgência de ações coordenadas entre esferas municipal, estadual e federal.
O levantamento do IPS 2025 trouxe novidades importantes em sua metodologia. Foram adicionados novos indicadores que ampliam a sensibilidade do índice para desigualdades emergentes, como o consumo de alimentos ultraprocessados, resposta a benefícios previdenciários, processos judiciais familiares, índice de vulnerabilidade das famílias e número de pessoas em situação de rua. Com isso, o IPS se consolida como uma alternativa mais abrangente que indicadores econômicos tradicionais como o PIB.
Segundo Melissa Wilm, coordenadora do IPS Brasil, a intenção do índice é evidenciar não só os locais mais desenvolvidos, mas também aqueles que demandam maior atenção do poder público. “O IPS nos ajuda a enxergar realidades locais que muitas vezes passam despercebidas nas médias estaduais ou nacionais. É um instrumento fundamental para planejar políticas públicas com base em dados reais”, afirma.
Enquanto municípios como Goiânia (68,21), Rio Quente (67,18) e Anápolis (64,71) lideram o ranking estadual com bons índices de saúde, infraestrutura e educação, os cinco municípios do fim da lista mostram o outro lado da qualidade de vida em Goiás — um retrato das desigualdades territoriais que ainda persistem dentro do estado.