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Vereadores de Goiânia divergem sobre julgamento de Bolsonaro no STF

Discursos tiveram acusações de autoritarismo e defesa do ex-presidente no STF em retrato de polarização


Lucas de Godoi Por Lucas de Godoi em 25/03/2025 - 10:31

Vereadores de Goiânia divergem sobre Julgamento de Bolsonaro
Vereadores de Goiânia se dividem sobre o julgamento de Bolsonaro, com acusações de autoritarismo e defesa do ex-presidente no STF (Foto: Reprodução)

O julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) gerou reações contraditórias entre vereadores de Goiânia, refletindo a polarização política que ainda divide o Brasil. Em sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (25), parlamentares do PL e do PT se posicionaram distintamente sobre a possibilidade de Bolsonaro ser preso e sobre sua candidatura nas eleições de 2026.

Fabrício Rosa (PT), da oposição, fez uma forte acusação contra Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente não apenas tentou derrubar a democracia, mas também é a personificação de um autoritarismo que persegue minorias e vulneráveis.

Durante seu discurso, Fabrício trouxe à tona a memória de um Brasil marcado por episódios de repressão política, como os atentados que tentaram impedir a posse de Juscelino Kubitschek, o golpe de 64 e as perseguições durante a ditadura militar. “Vocês, ex-presidente Bolsonaro, generais, almirantes e delegados, vocês responderão por abolição violenta do Estado democrático de direito, por golpe de Estado. Uma tentativa de golpe que, se tivesse se efetivado, nós não estaríamos aqui e outro poder seria constituído”, afirmou.

Para ele, Bolsonaro é a “encarnação de um passado que já deveria ter sido esquecido”, simbolizando todo o autoritarismo e preconceito contra minorias, como a comunidade LGBTQIA+ e os descendentes dos escravizados. “Nós queremos justiça e não vingança. Justiça não se confunde com vingança. Justiça é responsabilização, é memória, para que não tentem novamente. Não tentem o quê, senhores vereadores, senhoras vereadoras? Não tentem efetivar um golpe contra a democracia”.’

Presidente do PT em Goiás, a vereadora Katia Maria também rejeitou que haja anistia. “Porque foi exatamente por não ter punido os golpistas de 64 que eles tentaram dar outro golpe no Brasil no dia 8 de janeiro”, afirmou. “Então, é sem anistia.”

A vereadora Aava Santiago (PSDB) disse desejar a condenação de Bolsonaro por todos os órfãos e viúvas da covid-19. “Pelo Marcelo Arruda, pelo Mestre Moa, por Aldir Blanc, por Paulo Gustavo, pelos Ianomâmis, por todos os brasileiros e brasileiras que tiveram seus destinos interrompidos por um homem vil, medíocre, sedento de poder, inábil, incompetente e feio”, afirmou.

Por outro lado, Coronel Urzêda (PL), alinhado com Bolsonaro, questionou a perseguição ao ex-presidente, afirmando que o julgamento reflete um medo injustificado. ” Eleição de 2026 sem Bolsonaro é golpe, é golpe baixo. Deixa concorrer, se Lula é tão forte assim, que ganhe novamente nas urnas, no voto.”, provocou ao defender a adoção do voto impresso. “Mesmo sendo eleito por urna eletrônica, eu quero o voto impresso, o voto auditado, é meu direito”.

Urzêda também disse que o que está acontecendo com o ex-presidente, sua família e os apoiadores de Jair Bolsonaro, é perseguição, é revanchismo, é vingança. Isso é justiçamento. Se pudesse, se tivesse na época de Tiradentes, eles pendurariam Bolsonaro como fizeram com Joaquim José da Silva Xavier”, comparou.

Tião Peixoto (MDB) foi contundente ao afirmar que o tratamento dado ao ex-presidente é injusto e comparável ao que aconteceu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O que estão fazendo com o Bolsonaro é covardia, o mesmo que fizeram com o Lula”, disse, referindo-se à prisão de Lula em 2017.

Peixoto ressaltou que, na sua opinião, nem Lula deveria ter sido preso, e que nenhum ex-presidente deveria ser tratado dessa forma, independentemente das circunstâncias. Para ele, a prisão de ex-presidentes é um atentado à dignidade e ao respeito que essas figuras merecem pela sua trajetória. “Bolsonaro errou, como todo mundo erra, mas não deveria estar preso. Nenhum ex-presidente deveria passar por isso, nem o Lula, nem ele”, afirmou.

William Veloso (PL) também endossou a defesa de Bolsonaro, lamentando o que considera ser uma tentativa de desestabilizar o ex-presidente. “A maior parte dos brasileiros ainda apoia Bolsonaro. A história vai mostrar que ele teve muitos acertos”, disse, destacando que, apesar da pressão política e judicial, há uma grande base de apoio popular que ainda vê o ex-presidente como uma figura importante para o país.

Julgamento

Nesta segunda-feira (25), o Supremo Tribunal Federal (STF) dá início ao julgamento de uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete envolvidos, acusados de tentativa de golpe de Estado.

O ex-presidente Bolsonaro, já inelegível até 2030 devido a uma condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enfrentará ainda mais restrições políticas caso a denúncia seja aceita. Seus aliados políticos estão em frentes diferentes, divididos quanto ao cenário eleitoral de 2026, enquanto tentam pressionar o Congresso e mobilizar a opinião pública.

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