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Candidaturas isoladas para o Senado embaralham eleição

A mudança provocada por uma decisão do TSE fez com que a definição de candidaturas se desse no apagar das luzes e deixou sequelas para a campanha que está por vir


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 07/08/2022 - 09:05

Dois fatores embaralharam as eleições em Goiás este ano. O primeiro foi a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de permitir que as coligações pudessem ter mais de uma candidatura ao Senado. A possibilidade das chamadas candidaturas isoladas empurrou a decisão dos partidos que compõem a coligação em relação à candidatura ao Senado até o último momento, e resultou em perdas importantes.

O deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSD), cotado para a vaga, desistiu da disputa logo que foi confirmado que a chapa à reeleição do governador Ronaldo Caiado (UB) teria mais de uma candidatura ao Senado. O PSD ensaiou abandonar a coligação. Um dia antes da convenção, o partido lançou o presidente da legenda, Vilmar Rocha, ao Senado. Lissauer desistiu de disputar a eleição.

A chapa governista terá, portanto, três candidatos ao Senado: o deputado federal Delegado Valdir (UB), autor do pedido de análise ao TSE da candidatura isolada ao Senado; o presidente do PP goiano, o ex-ministro Alexandre Baldy, que também trabalhou em vão para ser o candidato ao Senado da base governista; e Vilmar Rocha. 

Para o governador Ronaldo Caiado, ter três candidaturas ao Senado na coligação não deixa de ser interessante e três candidatos com potenciais diferentes. Delegado Valdir é um campeão de votos, foi o deputado federal mais votado do estado na última eleição, com 274.397 votos. Alexandre Baldy representa o setor produtivo do estado e Vilmar Rocha tem o capital eleitoral de sete mandatos de deputado estadual e federal.  

Além de poder contar com campanha dos candidatos ao Senado, Caiado ainda dificulta a eleição do principal desafeto, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que, também ao apagar das luzes, decidiu disputar uma vaga ao Senado. Como ele mesmo afirmou na convenção tucana, a cada dia ele acordava candidato a um cargo; deputado federal, governador ou senador. O PSDB não coligou para a disputa ao governo de Goiás.  

As convenções definiram as coligações e candidaturas, mas certamente as disputas que as antecederam deixaram rescaldos e isso ficou claro na convenção do UB, que não teve a presença de Vilmar Rocha. Apenas Baldy e Delegado Valdir prestigiaram o evento de Caiado. O governador esteve na convenção do PSD e do PP, nas quais reforçou a união do grupo. 

Polarização

O outro fator que acabou por complicar esta eleição foi a polarização nacional. Goiás não tem tradição de acompanhar o cenário nacional. Nos pleitos anteriores, em que tucanos disputavam com petistas no âmbito federal, por aqui, os confrontos se davam entre PSDB e MDB. 

Este ano, dois candidatos disputaram para ser o representante do presidente Bolsonaro em Goiás, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanda (Patriota) e o deputado federal Major Vitor Hugo (PL). Ronaldo Caiado, que apoiou Bolsonaro na eleição de 2018, até que tentou uma reaproximação com o presidente, mas as divergências na gestão da pandemia distanciaram os dois políticos, apesar de os dois atuarem no mesmo campo ideológico. 

Do outro lado, o presidente Lula não conseguiu ampliar seu palanque em Goiás, mais uma vez. Houve inclusive uma tentativa, por parte de Perillo, de uma união entre a federação PT, PSB e PV e o PSDB, mas acabou não avançando. 

Bolsonaro deve contar com pelo menos dois palanques em Goiás, de Major Vitor Hugo e Gustavo Mendanha, mas nenhum muito expressivo. Já o PT vai ter espaço no palanque do ex-reitor Wolmir Amado (PT). 

A maior surpresa da eleição foi o ex-prefeito Gustavo Mendanha, que surgiu como um forte oponente a Caiado e, com a aliança entre o UB e o MDB, perdeu seu espaço político e acabou se lançando candidato a governador por uma legenda pequena e sem alianças.