A fusão entre PSDB e Podemos é mais uma tentativa de sobrevivência do que de expansão. O partido que um dia elegeu Fernando Henrique Cardoso e dominou a política goiana por duas décadas hoje se vê forçado a unir forças com siglas emergentes para evitar o sumiço completo do mapa. O movimento escancara a fragilidade tucana, tanto nacionalmente quanto em Goiás.
No centro dessa tentativa está o ex-governador Marconi Perillo. Hoje presidente nacional do PSDB, ele fala em pré-candidatura à Presidência da República e não esconde o desejo de disputar novamente o Palácio das Esmeraldas. Mas nem mesmo dentro do ninho tucano esse discurso empolga. “Políticos como o Marconi vivem em bolhas”, disse, em reserva, um aliado à coluna, revelando um desconforto velado: há quem ouça, mas poucos acreditam.
Desde 2018, quando perdeu o controle do governo estadual, Marconi assiste à base derreter. Em 2022, ao tentar voltar pelo Senado, amargou menos de 20% dos votos e viu, após o pleito, lideranças tucanas migrarem para siglas oposicionistas com maior densidade e ligadas ao governador Ronaldo Caiado (UB): como União Brasil, MDB e o próprio Podemos. A fusão aprovada reforça um desalinhamento: em Goiás, o Podemos caminha com o chefe do Executivo.
A nova configuração nacional também não resolve o dilema goiano. A costura entre PSDB e Podemos une, sob o mesmo teto, antigos rivais locais. Marconi, que representa um projeto personalista e solitário, se vê sem espaço real na direita governista, já ocupada por Caiado, Daniel e o entorno de partidos como UB e PP, agora “superfederados”, MDB, PSD, Republicanos, por exemplo, e também sem margem à esquerda, onde o PT observa com desconfiança qualquer reaproximação.
“O PSDB tem gente simpática a Bolsonaro e a Lula, mas Marconi pensa em um projeto ao centro, sem extremismos. A possibilidade de aliança com qualquer um dos dois é zero”, disse outro tucano. O problema é que o “centro”, como ideia política, se dissolveu entre alianças pragmáticas e disputas por máquina. Sobra o discurso, mas faltam palanques. Fala-se em debandada geral e esvaziamento da legenda após a fusão.
“O político que busca conquistar o mandato pensa sobretudo na construção de uma chapa forte. Quando não há um norte ou um caminho que ele julga não estar correto, a ideologia é deixada de lado e o cara busca um lugar com segurança para que ele, no mínimo, seja competitivo no mandato”, avalia. Com a eleição de 2026 à vista, a dúvida é se Marconi insistirá em uma candidatura sem viabilidade eleitoral ou se aceitará um novo papel no jogo. Por ora, o tucano segue tentando alçar voo. Mas as asas estão cada vez mais curtas: o depenamento está em curso.
FORTALECIMENTO | Presidente nacional do PSDB e ex-governador de Goiás, Marconi Perillo minimizou as possíveis perdas de lideranças que o partido possa sofrer diante da nova configuração partidária e rejeita a tese de enfraquecimento tucano. “Isto acontece com o todos os partidos. Por exemplo: muitos líderes deixarão o PP e o UB por não concordarem com a federação recém-oficializada.
Por outro lado, ganharemos muitas adesões importantes no Parlamento e nos Estados. O fato concreto é que ganharemos musculatura, quadros novos, mais tempo de TV e rádio e apresentaremos um novo e consistente projeto para o país”, destacou.
Boas mudanças
Presidente do PSDB em Goiânia, o jornalista Matheus Ribeiro ressalta à coluna que não está acompanhando o assunto de perto, mas também reforça que mudanças fazem parte da política e também rejeita qualquer enfraquecimento partidário na legenda. “É um caminho natural e positivo para que a gente busque novas formas de fazer política”, destaca.
Ressignificados
“Organizações partidárias são seres que se remodelam, adequam e ressignificam. Eu aplico a lei da mudança na minha vida. A mudança é natural e faz parte do processo político. Principalmente, porque sempre buscamos uma conexão forte, presente. Temos de dialogar com setores de forma proativa”, pontua Matheus Ribeiro, que ficou em quarto lugar na disputa ao Paço Municipal.
Nada novo
Ele reforça que a configuração não se trata de uma exclusividade do PSDB. Cita duas grandes legendas que se fundiram no passado: o PSL e o Democratas. “O próprio Podemos incorporou o PHS e PSC. A tendência de aglutinação partidária acontece com todas as siglas do Brasil. Não é exclusividade do PSDB”, destaca.
Diga aos tucanos que fico!
Matheus destaca que vai permanecer no PSDB após a nova configuração partidária ser concretizada. “Eu permaneço filiado no partido. Tenho obrigação com 47 mil pessoas que votaram em mim e diante de um compromisso que considero a primeira suplência, afinal, não foi uma votação inexpressiva. Sigo filiado ao partido durante o período de suplência”, destaca.
E 2026?
“Eu sou político e esse é o entendimento que isso faz parte da minha vida. Não sou um cara obcecado por eleição. Não sei ainda se serei candidato. O meu foco hoje é o jornalismo”, complementa Matheus.
Avaliando o futuro
Quem faz as contas do futuro também é o deputado federal Ismael Alexandrino, hoje no PSD, do senador Vanderlan Cardoso, com quem tem boa relação.
Direita-conservadora
É que o médico, conservador e pró-armamentista se aproximou muito do deputado federal Gustavo Gayer e de toda a cúpula liberal ao longo do mandato. Por isso, estuda a troca de legenda para 2026.
1.Cadastro
Vereadores simplificaram regra para destinar emendas a entidades
2. Simples
Contrariou análise do Paço, que vetou 135 emendas por ausência de vinculação ao SUS
3. Vira lei
Vereadores defendem legalidade e dizem que o Paço manobrou para evitar os pagamentos
Data-base em pauta
A promessa de valorização do funcionalismo começa a cobrar sua fatura. A demora do prefeito Sandro Mabel (UB) em enviar o projeto da data-base dos servidores municipais chegou oficialmente à Câmara de Goiânia. O vereador coronel Urzêda (PL) não economizou nas palavras ao usar a tribuna para pressionar o Paço. Além do discurso, o parlamentar também protocolou requerimento exigindo explicações formais.
Risco de demissão e custos altos
Diante da pressão crescente por reajustes salariais, o prefeito Sandro Mabel subiu o tom e lançou um alerta em tom dramático. “Estamos avaliando todas as questões e para nós fazermos esse reajuste. A situação é muito difícil. Nós temos um problema da Comurg que está jogando tudo dentro da nossa folha. Vai subir 57% os custos. Com esse aumento, vamos ter que demitir um monte de gente. Isso é muito complicado”, destacou.
Estudos em andamento
Após acenar com cortes e dificuldade orçamentária, Mabel tenta demonstrar que há uma luz no fim do túnel, ainda que ela continue distante. “Por outro lado, o servidor também precisa que o salário dele, nós temos que ajustar, nós estamos fazendo um balanceamento, um estudo disso aí para atender os servidores tanto que for possível.”
Oposição à vista
O vereador Felipe Cortez (PL) que até semana passada dizia manter postura independente, agora decidiu sair do muro e declarou oposição à gestão do prefeito Leandro Vilela (MDB) em Aparecida de Goiânia.
Movimento inédito
Foi um movimento inédito. Até então, apesar de alguns desarranjos, nenhum vereador havia declarado oposição de Vilela. Justificaram que a gestão precisava de tempo para apresentar resultados, principalmente, por ter herdado a administração em situação não confortável.
“Discurso de viúva”
“Leandro precisa parar com esse discurso de viúva. Já tem quase seis meses de administração e a cidade está horrível”, salienta Cortez. “Quero contribuir com a cidade”, destacou. Ele espera que pelo menos outros oito vereadores se unam a ele nas próximas semanas. “Muita gente está insatisfeita mas ainda não tem coragem de vir para a oposição”, destaca.
Entendimento
Secretário de Articulação Política da Prefeitura da Prefeitura de Aparecida, Vanilson Bueno minimiza a tese oposicionista levantada por Felipe: “O prefeito não tem ninguém na oposição. Se ele diz que é oposição, vamos entender melhor como será isso”, salientou.
Inofensivo
“Acredito que esse movimento oposicionista não cresce. Os vereadores sabem que o prefeito vive situações até constrangedoras. Já chegou até a faltar gasolina para os veículos da Prefeitura. Os vereadores sabem da escassez que a gestão vive hoje. Estamos trabalhando no básico para sair da crise e pensar num cronograma a partir de agosto e setembro deste ano 2026 e aí sim sair para os investimentos”, salienta.