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“Quero ser governador do Estado”


Avatar Por Redação Tribuna do Planalto em 21/11/2022 - 10:25

Lincoln Tejota, Vice-governador de Goiás. Foto: Divulgação
Lincoln Tejota assume em 2023 seu terceiro mandato de deputado estadual, depois de ocupar nos últimos quatro anos a Vice-Governadoria. Este será seu último mandato na Assembleia Legislativa, conforme já anunciou, e em seus planos está a governadoria de Goiás. Mas outros cargos, como de prefeito de Goiânia, não estão descartados. “Vai depender do momento", diz. Preterido pelo governador Ronaldo Caiado na escolha do vice na chapa, Lincoln diz que o fato não preocupou seus eleitores e que o cargo no Executivo não o favorece na disputa pela Presidência da Assembleia Legislativa, mas o tornou mais preparado para a função.   

TRIBUNA DO PLANALTO – Que balanço o senhor faz do primeiro governo Ronaldo Caiado, do qual o senhor é vice-governador?

Lincoln Tejota – Nós assumimos com muitos desafios. Para mim, o governo tem que ter um processo de continuação, e não falo de continuação de ideias, de pessoas. A maioria dos projetos que impactam a vida das pessoas são de médio e longo prazo. Os investimentos que fazemos na educação, por exemplo, alguns frutos se colhem imediatamente, mas a grande maioria deles é a longo prazo. O choque de gestão que o governador Ronaldo Caiado conseguiu dar, sem desfazer do que foi conquistado no passado, porque acredito que precisamos construir um alicerce e esse alicerce é construído em cima do que já foi construído por outras gestões. O meu desejo é que a próxima gestão do governador seja melhor que a nossa, mas isso não impede de reconhecer que, através desse choque, dessa mudança de pensamento que o governador Ronaldo imprimiu na gestão, conseguimos, mesmo com a pandemia, ter resultados que são perceptíveis. Na saúde, recebemos o estado com 254 leitos de UTI e, durante o pico da pandemia, ultrapassamos a casa dos mil leitos. Mas como fizemos isso? Porque tentamos aprender com os erros do passado e acertar mais, aplicando soluções inteligentes e modernas de gestão. O governador Ronaldo conseguiu entrar no plano de recuperação fiscal, e, a partir desse momento, ter um fôlego maior para retomar os investimentos na educação como nunca antes foi investido, reformamos todos os colégios de todos os municípios, independentemente se o prefeito apoiou ou não. Nós ganhamos com 14 prefeitos nos apoiando. Uma marca desta gestão é que estamos honrando os compromissos com os municípios. Tudo que é do município o estado não retém e isso faz com que os prefeitos possam planejar melhor os gastos. Grande parte dessas mudanças são dentro do capô do carro e, às vezes, a pessoa olha de fora e fala que o carro está com barulho, mas o carro está funcionando bem. No próximo mandato, o governador não vai receber o estado com a folha em atraso, nem com a situação fiscal que recebemos, ao que tudo indica não tem uma perspectiva de um fechamento e de uma pandemia num futuro próximo, não vai ter esse cenário tenebroso que impactou toda a economia, o emprego a saúde, impactou tudo. A tendência é conseguir ainda mais e acho que deixamos marcas muito profundas em todas as áreas. 

Com base no que falou, o senhor é a favor da reeleição?

Esse é um tema importante a ser discutido e, a partir do momento em que existe a reeleição, nós estamos dentro do jogo. A reeleição permite ao gestor mostrar mais o seu trabalho e fazer a política pública, se essa for a intenção dele. Dentro da realidade do Brasil, onde as instituições não funcionam de forma plena, eu sou favorável à reeleição porque a forma como o estado funciona não dá condições para que em quatro anos possa se estabelecer e transformar o que o gestor gostaria. Mas dentro de um estado onde tudo funciona, em um cenário perfeito, não deve haver a reeleição porque a pessoa começa o mandato pensando no processo de reeleição.     

Qual o balanço que o senhor faz do Goiás de Resultados, programa que comandou o governo?

O programa foi criado da seguinte forma: o governador entendeu que grande parte das entregas deveria acontecer de forma transversal, a saúde e a cultura, a educação e a segurança pública, tudo trabalhado de forma integrada como deveria ser, o corpo, não o braço querendo ser maior que o corpo, a orelha querendo ser maior que o joelho ou exercer a função. Quando se consegue estabelecer as funções claras, e isso se deu pela forma como nosso governo foi estabelecido no começo e fomos muito criticados porque tal secretário não era de Goiás, como se competência fosse uma coisa destinada somente a quem nasce na fronteira de um estado ou de uma cidade. Não deixamos, obviamente, de estar atentos à questão política, mas entregamos esse estado diferente com essa equipe técnica diferenciada. Acredito que a partir de agora, o governador vai ter até mais liberdade política porque muita coisa está bem organizada. Eu avalio que foram quatro anos de um desafio muito grande, mas que nos permitiu sair mais fortes, mais maduros, e quando eu olho para todo esse cenário, quando eu olho para tudo que vivi e aprendi, eu me sinto muito motivado e muito preparado para o Legislativo porque eu o entendo de forma muito muito clara, e o Goiás de Resultados me deu essa possibilidade. Nós já conseguimos entregar mais de 3 mil produtos que são do plano de governo e os resultados foram diversos. Eu fico muito feliz porque acho que o programa atingiu o resultado dele. Nós não pegamos o plano de governo inteiro, mas aquilo que era de mais importante e já ultrapassamos a casa de 90%.

Qual a sua expectativa em relação ao segundo mandato do governador? 

Acredito que vai ser um mandato de bem mais realizações ainda mais do que foi esse porque tem espaço para melhorar, sempre tem. O nosso povo é exigente e eu acredito que nós vamos estar prontos para responder essa exigência mais ainda com o estado que o governador está recebendo dele mesmo. A perspectiva é boa. Precisamos ver como o resultado da eleição presidencial vai afetar o mercado e as relações internacionais, mas eu sou uma pessoa de muita esperança. O resultado da eleição demonstrou que houve aprovação por parte da população, mais uma vez uma uma reeleição no primeiro turno, mas isso vem acompanhado de expectativa. Agora, ele precisa ser melhor que ele mesmo, não está sendo comparado com mais ninguém, e vai ter que ser melhor que ele e fazer ainda mais o que fez neste mandato, mas acredito que ele sai mais maduro desse primeiro mandato, com mais capacidade e vai, com certeza, ter parceiros para ajudá-lo a entregar, porque uma das características dos poderes é trabalhar em colaboração. Temos que colaborar com o governo e o governo colaborar com o legislativo porque o objetivo é melhorar a vida da população. A população abre mão de parte do seu recurso, confia na gente e a gente tem que criar leis melhores, trabalhar leis mais úteis, reformar as leis e o Executivo executar. 

O fato de Ronaldo Caiado ter apoiado Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição pode vir a refletir na relação do governo de Goiás com o governo federal?

Eu penso que não vai ter um impacto como algumas pessoas esperam por algumas razões. A primeira é que o governador tem de forma muito clara que governo não faz oposição ao governo. Ele fez oposição ao candidato a presidente Luiz Inácio Lula. E é maduro, é lindo, maravilhoso, é a beleza do Brasil. Passou a eleição, e o objetivo é gerar emprego, é combater a pobreza extrema, dar os próximos passos, preparar o Brasil para crescer mais, desburocratizar o país inteiro. Cada um de nós temos responsabilidades compartilhadas nesse processo. Lula já foi presidente e uma das características que teve nos outros mandatos foi de diálogo. E agora, nesse momento, tudo é mais fiscalizado. Afinal de contas, o partido do presidente Jair Bolsonaro fez uma maioria grande na Câmara, quase 100 deputados federais. Lula vai ser muito mais fiscalizado, muito mais cobrado. E ele deve querer ampliar sua base, conversar com os demais partidos e isso só vai fortalecer os estados. O objetivo nosso é trazer recursos para cá, investir aqui e fazer com que isso gere mudanças na vida da população, na educação, na saúde e na segurança. 

O PL pensa em contestar o resultado da eleição. Como vê essa movimentação por parte do PL e também por parte dos eleitores do presidente Jair Bolsonaro de contestação do resultado das eleições?

Eu vejo como natural no sentido de que era esperado. Estava sendo anunciado, estava sendo falado, incentivado. Isso começou lá atrás, quando o Aécio (Neves) questionou a votação da presidente Dilma Rousseff eleita. É uma coisa que estamos só colhendo agora, foi plantado lá atrás. E é ridículo porque, se eu não me engano, são mais de 20 processos eleitorais. Isso não avança, divide mais o país, atrasa mais o estabelecimento da agenda que precisa ser estabelecida. Temos que reunir o país, o país tem dividido, nós e eles. E são situações que erodem a democracia, não fortalecem a democracia, não nos une. Eu nunca fui militante de nenhuma pessoa, nem para A, nem para B, mas por políticas públicas que de fato tenham resultado. Temos que virar essa página, as pessoas têm que voltar a trabalhar, as pessoas têm que voltar a produzir, o Brasil tem que voltar a crescer, mas eu respeito, é o preço da democracia.

O modelo econômico de Goiás, de exportador de commodities, ainda é viável?

As duas coisas podem e devem acontecer ao mesmo tempo. Você não vê nenhum país no mundo sendo exportador só de commodities. Na verdade não é só Goiás, nosso estado tem essa característica. Penso que essa realidade é a longo prazo, nosso estado ainda tem um potencial muito grande, ainda tem muitas terras que, se bem trabalhadas, podem produzir outros tipos de riqueza. Isso não impede de a gente começar com propósitos de tirar essa característica de ser só exportador de commodities para poder agregar valor no que produzimos. Mas isso requer tempo, pesquisa e investimento, que nem sempre está à disposição da gente da forma como a gente quer. O meu objetivo – e eu tenho vontade de ser governador um dia – é da gente começar a investir também um na área da pesquisa porque nós só chegamos aqui por causa da pesquisa. Meu pensamento em relação à política é um pensamento progressista e acredito que precisamos dar esses próximos passos e, na política, se a gente não começar a trazer isso também para imprimir isso dentro da política, vai ficar muito difícil. 

” O meu desejo é que a próxima gestão do governador seja melhor que a nossa”, destaca Tejota.

Quais as prioridades desse terceiro mandato de deputado estadual?

Eu nunca fui um deputado de bandeiras específicas até porque eu tive votos em mais de 230 municípios. Graças a Deus e à projeção que tive na governadoria eu consegui levar meu nome para vários locais e isso gera legado para político. A minha atuação é de representatividade e acredito que nós precisamos ouvir a população. Meu termômetro sempre foi ouvir as bases, aquela população que represento, sem descaracterizar o trabalho de contexto geral, porque por mais que eu tenha sido com 41 mil votos, eu represento hoje 7 milhões de goianos. Eu não posso rasgar os 41 mil votos que eu tive e deixar de representar a maioria. No começo do meu primeiro mandato, o problema era saúde e asfalto e eu comecei a atacar isso e fiz durante os oito anos. Isso me deu um resultado muito grande porque se começa a ver a mudança na vida das pessoas. Eu não vou falar que sou deputado da saúde; é obrigação. Eu sou o deputado para aquilo que o meu estado precisar. Eu não quero limitar o meu raio de atuação e essa experiência que eu tive no Executivo me permite hoje ser um político maior do que eu fui nos dois primeiros mandatos e melhor. 

Como está a movimentação para escolha do presidente da Assembleia Legislativa?

Ela está acontecendo. No primeiro momento ela deu uma esfriada a pedido do próprio governador, que começou a se dedicar, nos momentos que tinha fora do trabalho, à eleição presidencial, e achou melhor não antecipar esse processo de discussão. Passada a eleição presidencial, esse processo está seguindo de forma mais acelerada, os deputados estão conversando, temos debatido e está seguindo. 

Há uma espécie de acordo de cavalheiros entre o senhor e Bruno Peixoto?

O Bruno foi o primeiro deputado que me ligou logo depois que passou o processo eleitoral, me deu os parabéns e me perguntou se eu estava animado com a presidência. Eu falei: sou candidato. E você? Ele disse: sou candidato também. Marcamos um café e fizemos uma aliança: eu abro mão para ele e ele abre mão pra mim. Uma e estamos trabalhando juntos. 

O fato de ter sido vice-governador o coloca com alguma vantagem em relação aos outros candidatos?

Não. Me coloca em desvantagem porque eu estou fora da Assembleia. Eu não fiquei tão próximo, mas também não fiquei longe. O que me favorece é hoje ter uma capacidade ainda maior de entender o que o Legislativo precisa, como trabalhar em cooperação com o Executivo para poder fortalecer ainda mais o que a população que. Essa  vantagem ela me coloca, mas não como um candidato com mais vantagem. Não tem nenhum que tenha, agora todo mundo é igual, todo mundo vale um voto. 

O senhor disse que este será seu último mandato de deputado estadual e disse que tem como projeto ser governador de Goiás. quais os próximos passos? 

Eu não gosto de planejar as coisas sem antes sentir e consultar minha base. Há alguns anos a gente conseguiu de forma muito mais clara, quando o cenário não era tão volátil como é hoje, fazer predições ou planejamento mais precisos. Com as reviravoltas que aconteceram nas últimas duas eleições nacionais e, aqui também, não deixaram de refletir. Mudanças que são naturais dentro do processo democrático. Mas essa capacidade de se fazer planejamento com tanta precisão eu penso que ela não existe mais. O que resta é você corresponder ao anseio da população que te elegeu e buscar, de forma muito sóbria,  se posicionar politicamente para os próximos pleitos. Eu acredito que possa ser deputado federal, sair a governador, senador. O cenário está completamente aberto e vamos ter muitas vagas. Dias atrás me perguntaram se eu tinha vontade de ser prefeito de Goiânia? Sim, eu tenho. É candidato na próxima eleição? Não sei, vai depender do momento, vai depender de como estiver a situação política. Eu não sou candidato a todo custo, a qualquer preço a nada. Não estou na eleição só por causa da cadeira, só por causa do mandato, acredito que eu estou aqui pra entregar alguma coisa. E a vontade que tenho de ser governador se deu porque percebi que quanto mais você consegue se posicionar bem politicamente, mais políticas públicas efetivas você consegue realizar e mudar a vida das pessoas. Por isso ninguém me viu com mimimi quando o Caiado chamou o Daniel Vilela para ser vice. Ótimo! bola para frente. O meu eleitor não está preocupado com isso, ele quer saber o que ele vai comer, se tem emprego, se a estrada está bem arrumada. É para isso que eu fui eleito.

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