Maísa Lima
O anel interno da Praça Cívica fará parte do corredor exclusivo do BRT (em inglês, Bus Rapid Transit), sistema de transporte público, que utiliza corredores exclusivos, e é considerado um sistema moderno de transporte de massa sobre pneus. Isso provocou uma série de mudanças no fluxo de veículos pelas ruas do Centro de Goiânia (veja quadro abaixo), que está recebendo críticas de moradores. Especialistas em mobilidade urbana também apontam falhas na maneira como as mudanças foram feitas.
A professora de inglês Dinah Maia Sesana mora no Centro desde 2007 e reclama que o trânsito se tornou impossível desde as obras “intermináveis” do BRT. “Várias vezes eu saí de casa para fazer o que seria um trajeto curto e simples e fiquei presa em engarrafamentos impossíveis”, queixa-se.
“Para fazer qualquer coisa no Centro, mesmo a pé, é muito difícil, porque os poucos trajetos deixados para que os pedestres tivessem acesso aos lados opostos da rua eram ruins. Impossíveis para idosos e deficientes e muitas vezes perigosos até para quem não tem a mobilidade comprometida. E agora, com o redirecionamento do trânsito, piorou muito. Quem mora nas ruas que foram redirecionadas ou nas adjacentes agora tem que dar voltas enormes para conseguir chegar em casa. Parece que tudo foi feito pensando em quem passa e ignoraram completamente quem mora”, diz Dinah.
Visão sistêmica
A arquiteta Maria Ester de Souza, presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), diz que falta uma visão sistêmica aos gestores. “Quem trabalha com trânsito, só pensa nisso. Os moradores estão certos. Deveriam ter sido ouvidos e não foram. A população do Centro é mais idosa, muitos não acessam a internet. A prefeitura deveria ter batido de porta em porta, entregando cartinha mesmo”.
Ester, que acompanha o projeto do BRT desde o começo – as obras se iniciaram em 2015 e no site da Prefeitura de Goiânia a previsão de entrega é outubro próximo, mas o próprio site informa que apenas 54,28% estão concluídas – diz que a proposta de alterar todo o trânsito do Centro por causa do anel viário interno da Praça Cívica nunca foi levantada. Essa é uma decisão de agora”.
Estudo

O secretário executivo de Mobilidade da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), Ciro Meireles, defende as intervenções feitas pela pasta. “Realizamos um estudo de contagem de veículos para que nossas decisões não atrapalhassem a fluidez do trânsito. Perdemos o anel viário interno da Praça Cívica e foi preciso criar outro. O estudo mostrou que 90% dos carros que circulam no local não têm a praça como destino. Melhorou, mas não aconselhamos nenhum condutor a trafegar por lá. Só linhas de ônibus são 17 que passam por ali”, pontua.
Meireles afirma que a obra do anel interno da Praça ficará pronta no dia 25 de outubro, mas não adiantou quando o BRT será entregue à cidade. “Esse é um anúncio que será feito pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) quando ele julgar apropriado. O BRT vai trazer comodidade e confiança para o transporte coletivo.