É até muito óbvio, mas o óbvio anda bastante negligenciado em política. Por exemplo: candidato que se dedica mais a buscar apoio de quem tem capital político para ajudar em sua eleição, na prática dá salto no escuro. O governador Ronaldo Caiado, o presidente Lula, o ex-presidente Bolsonaro e o Papa só vão entrar de cabeça em eleição com perspectiva de vitória. Raras exceções podem levar um deles a mergulhar no desconhecido, e olhe lá.
Antes de amarrar o futuro no rabo do tatu, como se diz na roça, mais sensato é ouvir a voz de Deus:faça sua parte. A pré-campanha ganha sentido na estratégia de posicionamento e fortalecimento da imagem de quem quer estar preparado para a disputa. Vira perda de tempo para quem não faz mais que andar colado no calcanhar dos líderes estabelecidos. Em Goiás, a agenda do governador Ronaldo Caiado virou agenda de candidatos a candidatos a seu apoio. Em boa parte, nomes que não vão bem nas pesquisas emseusmunicípios.
Enquanto isso, os opositores se divertem. Na ausência dos prefeitos, tem espaço aberto para fazer o que mais importa: falar com o cidadão. Nas ruas e nas
redes. Ou, pelo menos é o que fazem os opositores mais atentos. Ou mesmo os não tão opositores, mas que sonham serem eles os escolhidos pelo governador lá na frente. A musculatura adquirida nesta fase da campanha, a pré, vira combustível na linha de chegada às convenções.
Uma administração mal avaliada, no fim das contas, é mostra de incompetência para quem, como Caiado, tem a sua muito bem vista pelos goianos. E ponto.
O jogo é jogado a todo instante. Para todo governo, apoiadores, puxa-sacos e aliados somam e ajudam a conduzir o trono pelas ruas. Não é o cabelo crespo de um prefeito ou líder local, ou sua simpatia, que conta na balança do poder, e sim a soma dos dividendos eleitorais futuros. Se o governante entender que este apoio angariado ao seu governo cumpriu seu papel, ele imediatamente o coloca no cofre e vai atrás de outro nome que possa acrescentar mais. Em outras palavras: andar com governador não dá voto. Nem pra um, nem pra outro. A diferença é que o governador sabe disso.

Risco
Até onde dá pra negociar uma aliança sem ferir eleitorado de direita e de esquerda?
Essa conta tá sendo feita nos bastidores e não há consenso.
Os pré-candidatos se arriscam nos limites das conversas de bastidores.
Eis a questão
Como ciscar pra dentro se o radicalismo exige e depende de espanar pra fora?
Vanderlan 1
A pré-candidatura do senador Vanderlan Cardoso a prefeito está de pé e ganhou até certo fôlego com possível apoio do PL. Mas impõe desafios.
O maior deles é agregar e formar um grupo competitivo.
Vanderlan 2
A tese mais usada contra ele: por tantos lados navegou que agora só provoca ventos de desconfiança. Vai precisar convencer que sabe e vai dividir o poder, se ganhar.
Em campo
Gustavo Mendanha se aproximou do governador, se reaproximou de Daniel Vilela, e está abrindo escritório político em Goiânia, onde lidera pesquisas. Mas já se apresentou para ser coordenador da campanha de Ana Paula Rezende, uma vez que não é certo que possa ser candidato. E é um cabo eleitoral decisivo em Aparecida. Está fora do poder, mas é titular na eleição.
Tempo, tempo
Daniel Vilela não tem poupado críticas ao prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, que busca o apoio do seu MDB à reeleição.
Já os vereadores fazem movimento quase contrário: elogiam Rogério e, se não batem, fazem que não ouvem Daniel e jogam tudo para o ano que vem.
Todo mundo no lucro: ganhando tempo.
Um por todos…
De um emedebista: no dia em que o prefeito de Catalão, Adib Elias, retornar ao MDB, aí sim vou acreditar que o partido voltará ao poder.
Candidato
O senador Kajuru tem buscado recompor com todos que rompeu. O caso mais recente foi o pedido de perdão ao deputado Professor Alcides. Os dois gravaram vídeo juntos. Os sinais são de que ele buscará a reeleição.
Candidatos
As duas vagas para o Senado em 2026, por sinal, colocam de cabelo em pé quem encerra mandato (Kajuru e Vanderlan), e acendem a cobiça de quem sonha chegar lá, como Alexandre Baldy e a primeira-dama, Gracinha Caiado. Na leitura de um experiente político, as vagas já estão definidas: uma será do governador, e a outra, do (candidato do) governo. Simples.
Epa!
As reclamações no Palácio sobre as obras intermináveis na Praça Cívica ficaram mais intensas nos últimos dias. O governador chegou a externar, mais de uma vez. A resposta veio com aumento de trabalhadores na região.
Dicas
Pra quem gosta de série política, vão aqui duas recentes, na Netflix, que valem a pena: QueenMaker e Ondas do Poder.