A rápida visita a Goiás do ex-presidente Jair Bolsonaro, na sexta-feira, 14, reforçou o governador Ronaldo Caiado como exemplo para os pré-candidatos de direita a prefeito que precisam manter o seu eleitorado e ao mesmo tempo ampliar apoios e votos do centro e da centro-esquerda.
Caiado soube que Bolsonaro viria a Goiânia para cuidar dos dentes e lhe fez o convite irrecusável para um almoço no Palácio das Esmeraldas. Convite aceito, a informação foi vazada à imprensa e confirmada durante coletiva, que tinha foco em outros assuntos. Assim, naturalmente.
Com uma mão, o governador acenou ao bolsonarismo, e com a outra, ao seu público mais à direita. E não afrontou os anti-Bolsonaro nem o público mais ao centro, já que acolheu o ex, sem levantar bandeira de suas pautas radicais.
Não afrontar o centro e a centro-esquerda tem razões no passado e no futuro. Boa parte desse público completou os votos que o reelegeram no primeiro turno, em 2022; e boa parte pode eventualmente completar o eleitorado que precisará para se eleger, quem sabe, presidente, seu sonho nada reservado.
Caiado é pragmático. Tem lado, mas não bate cabeça na aspereza do radicalismo. A regra para disputas pelo Executivo é clara: levantar bandeira é uma coisa; lançar âncora, outra bem diferente. Bolsonaro soma votos, mas uma andorinha sozinha não faz verão.
A soma dos interesses
A presença de Bolsonaro em Goiânia ocorreu em uma semana de muita especulação entre líderes mais à direita. Uma conta de bastidores: Caiado no PL, senador Wilder Morais candidato a governador em 2026 e Vanderlan Cardoso prefeito de Goiânia com apoio dos dois para retribuir depois com apoio à candidatura da primeira-dama Gracinha Caiado ao Senado.
Demora
O presidente da OAB, Rafael Lara, abraçou o governador Ronaldo Caiado no enfrentamento ao texto da Reforma Tributária. Gravou vídeo e procurou Caiado para debater pontos relacionados à tributação de profissionais liberais.
A crítica ficou por conta do timing. A manifestação foi feita no dia da aprovação da PEC na Câmara Federal.
Cultura
Artistas e representantes do setor cultural também entraram na discussão da Reforma Tributária. O entendimento é de que o formato previsto na matéria pode colocar em risco os incentivos do Estado na área. Caiado tem palanque garantido.
Oi, sumido 1
Vanderlan Cardoso acena com apoio de seu PSD ao candidato a prefeito de Daniel Vilela e do MDB em Anápolis. Sonha com contrapartida em Goiânia.
Oi, sumido 2
Quem não gosta muito dessa ideia é o prefeito de Anápolis, Roberto Naves, que começa a flertar com uma vaga no Senado – alvo do presidente do seu partido, Alexandre Baldy – mas sem deixar de indicar o seu sucessor, que não seria o nome preferido de Daniel, Márcio Corrêa.
Senado
O nome da primeira-dama Gracinha Caiado é unanimidade nos bastidores políticos como favorita para uma das vagas em 2026. Em discussão está a outra vaga. Aí o bicho pega.
Escolha fatal
Mais pesquisas mostram que Rogério Cruz segue no jogo, embora haja desgastes a serem polidos. A questão central está nas suas escolhas. Nos próximos dias ele terá de decidir se corta na carne para se viabilizar de vez, ou se mantém tudo como está para ver como é que fica.
Olho no lance
Três municípios chamam a atenção dos que fazem as contas das eleições de 2026 olhando para 2024: Anápolis, Aparecida e Rio Verde. A oposição pode florescer principalmente daí.
Abençoada
A deputada Flávia Morais pode ter desagradado os que esperavam seu voto a favor da Reforma Tributária, mas agradou o governador Ronaldo Caiado, cabo eleitoral de peso em Trindade. George Morais, seu marido, tenta abrir caminho na disputa lá contra o atual prefeito, Marden Júnior, que não sai de perto de Caiado.
Voz da razão
Aquela coisa. Políticos que pisam nas nuvens perdem contato com a realidade e se esborracham no chão.
Quero descer!
Ouvinte liga para a rádio e desabafa: “O mundo está com o psicológico abalado.”
Aí foi só terapia de estúdio.