A operação deflagrada hoje cedo pela Polícia Civil de Goiás (PC) que tem como alvo quatro órgãos municipais por indícios de diversos crimes de corrupção deu o tom da sessão da Câmara Municipal. O plenário foi palco de um coro de desagravo ao secretário de Infraestrutura, Denes Pereira, também presidente metropolitano do Solidariedade. Oito vereadores presentes usaram os microfones para manifestar confiança na seriedade e na integridade de Denes Pereira. As manifestações, no entanto, não se estenderam aos demais alvos da ação policial.
A Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) comanda a operação que está cumprindo 32 mandados de busca e apreensão, dos quais quatro são para órgãos municipais. Além da Seinfra, foram cumpridas ordens judiciais na Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e na Secretaria Municipal de Administração (Semad). Também foram emitidos mandados de busca e apreensão para as sedes de três empresas privadas e 25 para pessoas físicas investigadas.
O primeiro a discursar foi o vereador Paulo Magalhães (UB), que defendeu o prefeito Rogério Cruz. “O prefeito não é ruim, é mal acompanhado. Não tem maldade, malícia, e não foi falta de avisar”, disse Magalhães, acrescentando que os vereadores têm sido cobrados pelos eleitores sobre os problemas de Goiânia. “Ninguém tapa o sol com a peneira, as pessoas cobrando o benefício que não chega”. Ele também parabenizou a Polícia Civil “através do governador Ronaldo Caiado”.
Um dos mais ruidosos oposicionistas ao prefeito Robério Cruz, Sargento Novandir (Avante) levou um vídeo editado com imagens da operação de hoje cedo e recortes de jornais e subiu à tribuna com um par de algemas nas mãos. “O povo goianiense pagando um preço caro. Quero parabenizar a Deccor, nosso governador Ronaldo Caiado, que não admite corrupção, nem no Estado nem no município”, afirmou, para adotar um tom mais duro.
“Chegou a hora do colarinho branco ser preso. Recebi agora a informação de que foram encontrados 430 mil reais em espécie na casa de um deles, e todo mundo sabe de onde vem esse dinheiro, da saúde, das creches”, denunciou. “Torço para que chegue (a operação policial) ao gabinete do pior prefeito do Brasil. Talvez o trabalho da PC possa impedir a corrupção em Goiânia. Algema nos ladrões que fazem parte do governo Rogério Cruz!”, bradou. Inicialmente, Novandir afirmou que o dinheiro teria sido encontrado na casa de Denes Pereira, mas, ao final da sessão, ele usou o microfone para se corrigir e dizer que foi na casa do presidente da Comurg, Alisson Borges.
Denes
Usaram o microfone para dar apoio a Denes Pereira os vereadores Igor Franco (Solidariedade), Pedro Azulão Júnior (PSB), Joãozinho Guimarães e Ronilson Reis (Solidariedade), Leandro Sena (sem partido), Denício Trindade (MDB), Edgar Duarte (PMB) e Rafael da Saúde (DC).
“Denes é presidente do meu partido, o Solidariedade, e acabei de falar com ele. Houve um pedido de busca e apreensão, mas não foi encontrado um centavo na casa dele”, afirmou Ronilson. “Então, não adianta ficar fazendo narrativas. Aquilo que estiver errado, que pague o preço. Não se pode ficar acusando e criando narrativa em torno de alguém tão sério quanto o Denes”.
Leandro Sena definiu Denes Pereira como “homem sério, dedicado aos trabalhos e que esclarecerá todos os fatos necessários”. “No período eleitoral, muitas vezes querem usar essas narrativas para distorcer”, afirmou. Denício alertou para a necessidade de cuidado “para não colocar o nome dos indiciados no lixo”. “Acredito na seriedade do Denes, por tudo o que ele já fez”.
Retorno
A sessão também foi marcada pelo retorno da vereadora Lucíula do Recanto (PSD), que ficou afastada para tratamento médico. Ela foi cumprimentada com carinho pelos colegas e falou sobre sua difícil recuperação de uma leptospirose. “Vim dar meu testemunho, que é muito sério. Eu vi o anjo que disse que iria ceifar a minha vida, mas voltei para cumprir o meu propósito” de cuidar dos animais e trabalhar para que haja políticas públicas para eles em Goiânia.