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De olho em 2026


Domingos Ketelbey Por Domingos Ketelbey em 30/06/2024 - 07:00

Ao defenestrar a pré-candidatura de Vilmar Mariano (UB) em Aparecida de Goiânia, alegando baixo desempenho nas pesquisas, o governador Ronaldo Caiado (UB) revela suas movimentações políticas para 2024 com foco em 2026. A substituição arriscada por Leandro Vilela (MDB), ex-deputado federal que desde 2010 não participa de uma campanha eleitoral como candidato, indica a disposição de Caiado em tomar para si riscos e buscar a vitória a qualquer custo

Nada garante que o parlamentar conseguirá reverter o quadro no segundo maior município de Goiás. Em Aparecida de Goiânia, o deputado federal Alcides Ribeiro (PL) lidera com folga. Se as eleições fossem hoje, ele seria eleito com ampla margem ainda no primeiro turno, numa vitória marcada pelas digitais do bolsonarismo e do presidente do PL em Goiás, senador Wilder Morais.

Em Anápolis, na terra natal de Caiado, a situação é crítica para Eerizânia de Freitas, pré-candidata pelo União Brasil. Mesmo com o apoio do governador e do atual prefeito, Roberto Naves, sua intenção de voto aumentou apenas de 1% para 3% em mais de dois meses de pré-campanha. A professora está numa verdadeira panela de pressão à beira de estourar.

Além disso, a disputa polarizada entre o deputado estadual petista Antônio Gomide e o suplente de deputado federal Márcio Corrêa (PL) pode preocupar a base caiadista. A terceira maior cidade de Goiás pode cair nas mãos do PT, principal adversário do governador Ronaldo Caiado, em 2026

Caiado, que não esconde de ninguém o desejo de se aventurar em uma candidatura ao Palácio do Planalto, observa atentamente este cenário. Uma vitória de Márcio Corrêa, por outro lado, traria novamente as marcas do bolsonarismo e do senador Wilder Morais.

Em Goiânia, a base caiadista aposta no empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel, que viu suas intenções de voto crescerem de 3% para 10%. No entanto, ele enfrenta a concorrência de Vanderlan Cardoso (PSD) e Adriana Accorsi (PT), ambos próximos na margem de erro. Ainda é incerto o impacto do bolsonarismo com o PL, agora liderado por Fred Rodrigues.

Atualmente, o cenário nas três principais cidades de Goiás não é favorável ao caiadismo, que projeta uma candidatura presidencial em 2026. Isso também afeta Daniel Vilela, que assumirá o governo estadual em abril de 2026 e buscará a reeleição. Os resultados podem fortalecer Wilder Morais, que têm objetivos semelhantes aos de Vilela.

Alcides e Vilmar: abraço fraterno (Foto: Divulgação)

ABRAÇO SOLIDÁRIO > Durante a inauguração da nova Câmara de Aparecida, o prefeito de Aparecida de Goiânia Vilmar Mariano e o deputado federal professor Alcides Ribeiro (PL) trocaram sorrisos e abraços. Adversário da base caiadista, o parlamentar expressou solidariedade a Vilmarzinho, rifado da disputa no município, pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Descompasso
As direções do Republicanos estadual, em Goiás, e municipal, em Goiânia, não estão falando a mesma língua política. Enquanto a cúpula faz silêncio sobre as deliberações na capital, mas nos bastidores não esconde diálogo com Sandro Mabel, os vereadores da legenda garantem apoio ao prefeito Rogério Cruz (SD) sob todas as circunstâncias. A tendência é o partido caminhar dividido, assim como aconteceu em 2022.

Há dois anos…
O Republicanos participou da chapa majoritária do candidato ao Governo de Goiás, Gustavo Mendanha, então pelo Patriota, e indicou o então deputado federal João Campos, ao Senado, que ficou isolado. Praticamente todas as lideranças republicanas decidiram apoiar o governador Ronaldo Caiado.

Lista
Jefferson Rodrigues, Rafael Gouveia, Hildo do Candango e o prefeito Rogério Cruz foram alguns dos nomes que fizeram campanha em torno do governador, deixando a candidatura de João Campos à deriva.

Cena que se repete
Agora, a tendência é o partido fechar apoio a Sandro Mabel na convenção, mas os vereadores apoiarem Rogério Cruz, defenestrado pela cúpula da legenda, há dois meses.

Forte, estou!
Quase dois meses após a última operação da Polícia Civil, Rogério Cruz volta a reforçar que não há o porquê recuar da pré-candidatura e vai sim para a reeleição. Vai apostar na mensagem que foi o prefeito que conseguiu destravar, depois de quase dez anos, o BRT.

Uma década
A ex-presidente Dilma Rousseff ainda era presidente da República quando as obras do BRT Norte Sul foram iniciadas, em março de 2015. Paulo Garcia era o prefeito da capital. Os trabalhos deveriam durar 20 meses e a previsão era gastar R$ 340 milhões, boa parte com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade.

Relembrando
Além de Paulo Garcia e Dilma, o lançamento das obras do BRT contou com a presença do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), do ex-ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e do ex-ministro-chefe de Aviação Civil, Eliseu Padilha (MDB), entre outros políticos.

Detalhes
Com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, no ano seguinte, seu sucessor, Michel Temer, praticamente pôs fim ao PAC, e com ele, os recursos de investimentos em infraestrutura e mobilidade. Esse é apenas um ingrediente que dá o tom às obras que se arrastam a uma década.

1 – Tudo certo…

Pré-candidato a prefeito, Vanderlan Cardoso praticamente descartou…

2 – …Nada

… a possibilidade de alianças com partidos para a disputa da eleição

3 – Errado

Ele reforça que não há problemas lançar uma chapa-pura para a disputa

 

Trauma
Apesar de previsível, a mudança na base caiadista em Aparecida deixou traumas que talvez nem o tempo consiga superar. Até o fechamento desta coluna, Leandro Vilela e auxiliares tentavam contornar as tensões.

Fissuras
PT, Podemos, Republicanos, PSD para citar alguns partidos que estavam caminhando com Vilmar ainda não definiram que rumo seguir. O desenho político em Aparecida voltou à estaca zero.

Terceira via?
Nessa bagunça, o vereador Willian Panda, do PSB, viu o momento perfeito para colocar seu nome à disposição do partido e pode ser um terceiro nome na disputa. A Federação PT, PV e PCdoB avalia apoiá-lo. Os petistas também avaliam lançar nome próprio, embora não descartem apoiar Leandro.

Faz parte
Em conversa com este colunista, Leandro Vilela destaca que divisões fazem parte e é natural que ocorram. Entretanto, vai trabalhar para unificar a base. “Tenho perfil apaziguador, igual ao do Maguito”, pontua.

Sinal verde
Uma terceira via à esquerda foi estimulada, inclusive, por aliados de Leandro Vilela. “Onde o PT entra, tem 10 a 15% dos votos. Pode nos ajudar a chegar no segundo turno e termos fôlego para a virada”, diz uma fonte à coluna.

Silêncio
Vilmar Mariano participou de eventos públicos ao longo da última semana e fez discursos protocolares, mas optou por evitar entrar no assunto político nas coletivas que concedeu a repórteres. No começo da semana, despistou ao ser questionado por um repórter sobre quem apoiará na eleição. “Na hora certa, vocês vão saber”.

Indiretas
Vilmar evitou contato com Gustavo Mendanha na cerimônia de inauguração da nova Câmara. Em seu discurso, sequer citou o nome do ex-prefeito. Disse que, no final do ano, vai tirar férias “de dois anos” após quase 30 anos de vida pública e serviços prestados à Aparecida.

Moeda de troca
Para manter Vilmar no grupo caiadista e evitar maiores dissidências, Leandro Vilela está disposto a oferecer ao prefeito o poder de decisão na escolha do vice de sua chapa. Próximos ao prefeito, o seu líder do governo, Isaac Martins (PRD) e o ex-deputado federal João Campos (Podemos) possuem alta cotação. Também passa pelo diálogo, conversas sobre como será a participação de Mariano nas eleições de 2026.

 

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