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Adriana Accorsi: trunfo ou obstáculo?


Domingos Ketelbey Por Domingos Ketelbey em 07/07/2024 - 06:00

Adriana Accorsi Deputada federal (PT)

A terceira agenda cancelada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Goiânia pode ter deixado alguns petistas chateados, mas pode ter sido um bom trunfo para a pré-candidata do partido ao Paço Municipal, a deputada federal Adriana Accorsi, que sempre apareceu na liderança em várias pesquisas de intenção de voto durante toda a pré-campanha.

Lula viria para agendas institucionais com o objetivo de inaugurar instalações do Instituto Federal de Goiás (IFG) e  da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Goiânia e Aparecida, na última quinta-feira (4), mas preferiu prestigiar a inauguração de um laboratório no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e do sistema de BRT de Campinas, em São Paulo.

Não foi a primeira vez que deixou de vir a Goiás, onde sequer pisou na campanha de 2022, que o levou de volta à Presidência da República. A campanha de Adriana minimiza o fato da ausência de Lula. “Ele é sempre bem-vindo principalmente para mostrar a importância das parcerias na busca das soluções para os problemas que Goiânia enfrenta”, destaca Rubens Otoni, deputado federal responsável pela coordenação da campanha de Adriana.

Levantamento do Instituto Futura Inteligência publicado em janeiro deste ano mostra que Goiânia é a capital – entre 15 capitais mensuradas – com maior número de pessoas que se identificam com a direita no país, com 48,2% do eleitorado. Conservadores goianos batem no peito orgulhosos com tal título. Há uma tendência que se percebe, não apenas nos números, mas no comportamento cotidiano do eleitor.

É indiscutível que Lula possui um carisma e uma capacidade de mobilização significativos entre os apoiadores do PT. Sua presença pode energizar a base do partido e aumentar o engajamento dos eleitores que já simpatizam com Adriana Accorsi. No entanto, essa base, embora importante, pode não ser suficiente para garantir uma vitória, especialmente em um contexto de alta rejeição, cenário minimizado por Rubens Otoni, coordenador da pré-campanha.

“Em eleição municipal, as pessoas estão preocupadas com o compromisso e a capacidade de cada candidato em cuidar da cidade e dar respostas concretas aos desafios que terá pela frente. Polarização nacional servirá para orientar as decisões de 2026”, destaca à coluna.

A presença de Lula poderia também servir como um catalisador para a oposição. Eleitores indecisos ou moderados, que poderiam ser conquistados por uma campanha focada em temas locais e na competência administrativa de Accorsi, com trajetória marcada e construída dentro da segurança pública, um setor predominantemente conservador e bolsonarista, podem ser repelidos pela associação direta com Lula e o PT, que já é natural pela própria filiação partidária da pré-candidata.

Mais de Olavo

“Somos um projeto de país que cuida dos mais pobres e entende que a economia é a grande questão… Distribuir renda e gerar emprego. Não vamos inventar uma nova Adriana. Vamos mostrar a Adriana”, destaca à coluna.

Desafios

Noleto reconhece que o conservadorismo goianiense pode ser um desafio, ainda assim Adriana é o trunfo do partido. “Toda eleição é desafiadora. O perfil conservador é um desafio. Mas temos a melhor candidata com a melhor proposta para a cidade”, destaca.

Lula virá

Olavo diz que não há porque esconder Lula de Adriana, e vice-versa.“Eu acredito que ele vai a Goiânia sim. Temos que ver as datas possíveis das agendas, as entregas de obras”, destaca. É questão de acerto.

Encontro

Enquanto Lula não vem, Adriana Accorsi vive a expectativa de um novo encontro com o presidente, em Brasília. Deve acontecer dentro dos próximos dias.

Fica para 2026

Principal nome do bolsonarismo em Goiás, o pré-candidato do PL, Fred Rodrigues, diz à coluna que o eleitor goianiense não quer eleger gestão petista. “A esquerda não vai ganhar em Goiânia porque ninguém quer nada que lembre o Lula por aqui. Nem os goianienses na administração, nem a candidata do PT na campanha dela”, destacou.

Direita dividida?

A resposta foi dada à esteira dos esforços da base caiadista em unificar as pré-candidaturas ainda no primeiro turno. Vice-presidente do UB, delegado Waldir chegou a insinuar que o PL poderia ser responsável pela eventual vitória de Adriana Accorsi, nas eleições de 2024.

Cada um com seu projeto

O deputado federal Gustavo Gayer conversou na última semana com o governador Ronaldo Caiado (UB), sobre o assunto. Desejou sorte a ele e a Sandro Mabel, mas reforçou que a chance de composição no atual contexto era impossível. Disse que colocou um ponto final a uma “articulação que nunca existiu”.

Incômodo

Setores do PL mostravam-se incomodados com as declarações sobre a aliança, especialmente, as estimuladas por integrantes do União Brasil. “Tá ficando chato. Tem um segundo turno pela frente e isso pode atrapalhar até futuros diálogos”, destacou Fred Rodrigues.

Pronto pro combate

Homem forte no governo federal, o secretário-executivo do Ministério das Relações Institucionais, Olavo Noleto, nega à coluna que há um distanciamento de Lula de colégios eleitorais conservadores. Goiano, diz que Adriana Accorsi não vai esconder o PT em sua campanha. “A imagem de Lula e do PT já é associada e será mais ainda na campanha. Claro que pra nós é fundamental mostrar a verdadeira essência do que somos. A Adriana representa isso. Não se trata de descolar o PT da Adriana. Se trata de como mostrar Adriana, porque ela é o verdadeiro PT”.

Antidemocrático

Aliado de primeira hora do prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano (UB), o deputado estadual Veter Martins (UB) avalia como um erro a decisão da base caiadista em não respaldar seu projeto de reeleição. “Eu entendo que foi uma atitude equivocada, antidemocrática, até. O prefeito Vilmar tinha toda a legitimidade para disputar a eleição. Para ganhar ou para perder”, destaca à coluna.

Magoado

Veter revela que tem falado todos os dias com Vilmar. “Ele ainda está muito machucado com a situação de não poder disputar a reeleição. Ele está realmente sentido de não poder apresentar suas propostas para a população. Tudo que ele fez, o que ele tem feito, né?”, destacou.

À espera

O deputado estadual defende que o tempo cure a situação. “O Vilmar é meu líder hoje em Aparecida. Eu preciso que ele se manifeste publicamente sobre sua decisão antes de tomar minha própria decisão. Estou esperando ele”, destaca.

Faz parte

Questionado sobre uma eventual aproximação de Vilmar com o deputado federal Alcides Ribeiro (PL), Veter desconversa: “Faz parte. Ele também conversou com o Leandro. São naturais essas conversas. Tanto com um, como com outro”, salienta.

Encontros

Vilmar e Alcides tiveram alguns encontros desde que o prefeito foi comunicado que não iria para a reeleição. A deputada federal Magda Moffato (PRD), foi responsável pelo primeiro. Ela é próxima do professor Alcides e foi uma das que considerou a atitude da base caiadista uma ‘traição’ contra Vilmar Mariano.

Nuvem política

O Avante, que declarou apoio formal à pré-candidatura de Sandro Mabel (União Brasil), ao Paço Municipal, estava na base do prefeito Rogério Cruz (SD). Foi o primeiro partido a declarar apoio formal ao projeto de reeleição ainda em 2023. Foi uma das primeiras legendas a desembarcar.

Críticas à administração

O evento que declarou apoio contou com a presença do governador Ronaldo Caiado (UB). Não faltaram críticas à administração do prefeito Rogério Cruz. “A população de Goiânia não aguenta mais a falta de comando, de pulso, de capacidade de gestão para fazer o que precisa ser feito por essa cidade”, destacou.

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