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”Aliança com o governador tem mais resultado que com Vanderlan”


Andréia Bahia Por Andréia Bahia em 11/02/2024 - 00:00

Fernando Pelozzo - Prefeitura o de Senador Canedo (UB) - “Se você perguntar para o cidadão de Senador Canedo como avalia a gestão, ele vai dar nota boa, nota alta. Se perguntar sobre o prefeito, ele diz que não sabe.”
Fernando Pelozzo - Prefeitura o de Senador Canedo (UB) - “Se você perguntar para o cidadão de Senador Canedo como avalia a gestão, ele vai dar nota boa, nota alta. Se perguntar sobre o prefeito, ele diz que não sabe.”
O fisioterapeuta de 45 anos foi eleito em 2020 como apoio do senador Vanderlan Cardoso, considerado o principal cabo eleitoral de Senador Canedo na atualidade. Pelozzo hoje tem o apoio do governador Ronaldo Caiado, a quem acompanhou em 2022, quando Vanderlan decidiu apoiar outro candidato ao governo. O senador do PSD ainda não se decidiu em relação à eleição em Senador Canedo, cidade que administrou por dois mandatos, e especula-se  que pode inclusive lançar a mulher, Izaura Cardoso, a prefeita. Para o prefeito, que parece não acreditar na aliança com o PSD, o apoio de Vanderlan é importante, mas não imprescindível.

Tribuna do Planalto – Como o senhor recebeu a pesquisa Serpes divulgada na terça-feira, 6, que aponta seu crescimento de 15% para 23% das intenções de votos? 

Fernando Pelozzo – Na verdade, fiquei sabendo da pesquisa agora, porque estou com a cabeça no trabalho. Eu sei que é ano eleitoral, sei da importância do momento e já estamos preparando, mas é com a mão na massa. São 3 anos, um mês e 7 dias de gestão e estou, de certa forma, muito empolgado com esse trabalho. Não que esteja alheio, mas fiquei sabendo agora da pesquisa e meu sentimento é que estamos nos recuperando de um desgaste natural, porque em novembro (período da pesquisa anterior) a cidade enfrentou falta de água, até o nosso reservatório ficar pronto, e já ficou, um reservatório de 458 milhões de litros, mas não estava pronto em novembro e sofremos, como o Brasil inteiro sofreu, com seca; e teve uma greve de professores que hoje estou conseguindo enxergar que é um movimento político, porque o pessoal da oposição está participando. Ontem (terça-feira, 6), teve uma assembleia do sindicato e havia três pré-candidatos a prefeitos, um movimento que não representa toda a educação, porque o sindicato está em negociação com a prefeitura sobre o plano de carreira. O momento agora é político, e eu vejo retomada como uma recuperação do prestígio que tinha. É igual montanha-russa, às vezes sobe, às vezes desce, mas ainda estou focado muito no trabalho.

O crescimento de 8% de novembro para cá reflete essa retomada ou senhor esperava que fosse um crescimento maior?

Está dentro do esperado, na minha opinião, e a tendência, se continuarmos acertando nas ações, é crescer mais.

A pesquisa mostrou o crescimento de outros candidatos. Isso demonstra que o cenário eleitoral em Senador Canedo não está definido?  

É muito cedo para analisar qualquer crescimento, qualquer queda, porque o eleitor está muito alheio à questão política. Eu me tornei prefeito em minha quinta eleição disputada e conheço bem o comportamento, o timing do eleitor do Canedo. Ele não está conectado. Se ligar para fazer uma pesquisa agora, vai pegar ele de surpresa, ele não está pensando. Tem uma parte da cidade muito politizada. Você ganha eleição e no outro dia esse eleitores já perguntam se vai para a reeleição. Tem uma parte da cidade que acompanha e é como  jogo de futebol para eles, têm paixão pela política. A grande massa do Canedo, nesse momento, e no meu ponto de vista, está um pouco desconectada. É natural que alguns candidatos apresentem crescimento, até porque eles estão andando muito. Estamos em janeiro e a movimentação dos desses pretensos candidatos está a todo vapor. Isso reflete na pesquisa, mas eu avalio com reserva para não querer achar que isso é uma previsão de algo que pode acontecer estando tão longe do pleito.

Essa desconexão que o senhor mencionou justifica o número de brancos e nulos, que soma 18% e fica em terceiro lugar na pesquisa?

O comportamento do eleitor é analisar a análise da pesquisa. Ele deixa para tomar essa decisão mais para frente. 

23% das intenções de votos te deixam confortável?

Fala que estamos no caminho certo e que tem espaço para crescer se trabalhar mais, tanto na gestão quanto politicamente.

O senhor continua sendo mais rejeitado, com 40%. A que é que o senhor atribui essa rejeição?

Eu vejo uma desconexão da análise do eleitor entre o trabalho da gestão e a pessoa do prefeito, porque a gestão é muito bem avaliada, a cidade está bonita, está limpa, iluminada, recapeada. Se você perguntar para o cidadão de Senador Canedo como avalia a gestão, ele vai dar nota boa, nota alta. Se perguntar sobre o prefeito, ele diz que não sabe. Parece que há uma falta de conexão entre o trabalho, que é bem avaliado, e a minha pessoa. Isso é natural do eleitor do Canedo. Eu até brinquei uma vez com um pesquisador, para o eleitor do Canedo, o melhor prefeito é sempre o próximo e o próximo pode ser eu mesmo. Mas ele não conecta o trabalho feito, porque a cidade está muito bem avaliada, à questão política. Eu atribuo essa essa rejeição aparente a essa desconexão entre o trabalho realizado por mim na prefeitura e a minha pessoa como prefeito.

A população tem conhecimento das ações que a prefeitura vem desenvolvendo? 

Não sei se essa pesquisa analisou isso, mas em alguns monitoramentos que fizemos é nítida a satisfação da população, principalmente com a zeladoria, infraestrutura, melhora um pouquinho na educação e na saúde, que são bem melhor avaliados que a pessoa do prefeito.Isso me deixa, de certa forma, tranquilo por ver que o trabalho está no rumo certo e que temos que melhorar e adaptar melhor essa questão política.

Em relação à Câmara dos Vereadores, os conflitos do final do ano passado já foram superados?

Sim, está um clima de muita harmonia, inclusive, em novembro, quando tivemos problema com a água e com alguns professores que não eram os professores que representavam a maioria da classe, nosso trabalho já estava sintonizado com a Câmara. E, do ano passado para cá, quatro vereadores foram substituídos, um teve o mandato cassado por não prestar conta e depois mais três foram tiveram seus mandatos cassados por não ter respeitado a cota de gênero. A Câmara passou por uma certa renovação, sendo que dos 15, 4 vereadores foram trocados, e todos esses mantêm um diálogo tranquilo com a prefeitura. Hoje o cenário é de um apoio muito importante com 13 vereadores na nossa base.

O senhor declarou, em abril do ano passado, que sairia à reeleição somente se a população estivesse satisfeita com o trabalho que a prefeitura estaria realizando. O senhor está com 40% de rejeição. Se isso persistir, o senhor pode desistir da reeleição?

Eu estou sendo coerente, a população está satisfeita com o trabalho. Foi o que eu falei. Neste momento não vejo uma conexão com a pessoa do prefeito, mas o trabalho não vai ser candidato, mas o nosso trabalho está sendo muito bem aprovado e isso nos deixa em condições de disputar a reeleição.

O senador Vanderlan Cardoso declarou recentemente que o problema da  gestão é que o senhor adotou pautas de esquerda e que Senador Canedo é uma cidade conservadora, que a sua rejeição se dá por uma questão ideológica. Como que o senhor recebe essas críticas?

Até hoje eu não entendi essa declaração dele porque ela não bate com a realidade. Nós trabalhamos para todos e eu li a reportagem e não entendi o fundamento ou a base do que ele falou. Pareceu-me que ele estava querendo jogar para a plateia, porque dizer que uma gestão é ideológica tinha que ter fundamentos. Quais são as bases dessa gestão ideológica? Para se ter uma ideia, se ele está falando do aspecto religioso, estamos trabalhando com um grupo de vários pastores para fazer a quarta edição de um grande evento, que é o Adorai. Tive reunião ontem com esse grupo de pastores e, na parte da tarde, com um grupo de quase todos os quadros de Senador Canedo para fazer o evento em março, que será o Celebrai. Eu não vejo uma conexão da fala dele, de uma gestão ideológica, e para mim ele está jogando palavras e eu não achei conexão com as ações da nossa gestão.

O apoio do senador a sua reeleição ainda é possível?

Isso vai depender dele. Eu estou no União Brasil e junto ao governador Ronaldo Caiado, e eles têm ainda questões para resolver. O fato hoje é que eu tenho o apoio do governador, um governador dos mais bem avaliados do Brasil. Fiz uma escolha em 2023 que eu considerei muito importante, que foi passar do PSD para o União Brasil, onde eu tenho um grande respaldo do governador e de toda a base dele. Diante dessa mudança de partido, eu não sei dizer se é possível ter ou não o apoio dele.

O distanciamento entre o senhor e o senador se deu por causa do apoio à candidatura de Caiado, ou porque o senhor deixou o PSD?

Foi um conjunto de tudo. A gestão exige muito e às vezes não dá para manter um contato, assim como ele também é muito exigido em Brasília. Devido à própria contingência, as próprias demandas, isso foi acontecendo. E havia um combinado, ele fez uma promessa de apoio ao governador e depois resolveu apoiar outro candidato. O que eu fiz foi manter a palavra que tínhamos empenhado junto ao governador. Eu continuei com o apoio ao governador, que ganhou no primeiro turno, e ele, por sua vez, voltou atrás do que havia dito ao governador e apoiou outro candidato.Eu acho que daí para a mudança de partido uma coisa levou à outra.

O apoio do senador, considerando a influência que ele tem no município, é imprescindível para a eleição de qualquer candidato em Senador Canedo?

Ele é importante, mas não é imprescindível. A influência do governador e sua capacidade de transferir votos, a aliança entre meu nome e o nome do governador têm mais resultado do que a junção do meu nome com o do senador. O apoio dele pode ser importante, mas não é imprescindível.

Em Senador Canedo o apoio do governador pode compensar o não apoio do Vanderlan e qual a dimensão da influência de Caiado na cidade?

Nós fizemos uma medição no ano passado e percebemos que a população do Senador Canedo é apaixonada pelo governador Ronaldo Caiado e que a influência dele é muito importante aqui, bem mais que a do senador.

Essa influência se estende aos empresários, considerando que Vanderlan é empresário?

Em todos os setores a aprovação do governador é sempre muito elevada.

Em um eventual segundo mandato, quais seriam as prioridades do senhor?

Ainda tem aqui, para acabar de estruturar a nossa saúde, principalmente a construção de um hospital; a cidade não tem um grande centro esportivo, tem obras de drenagens importantes a serem feitas, a duplicação das rodovias estaduais, que, embora não seja da atribuição do prefeito, é importante trabalhar junto ao governo estadual. Canedo cresceu muito e essa explosão que a cidade passou nos últimos 12 anos não foi acompanhada das devidas obras de infraestrutura e de um crescimento condizente com sua arrecadação. O hospital, que é um sonho meu e dos canedenses, é uma coisa para se falar muito e ver se começa já agora, neste ano ainda, mesmo sendo sendo um ano eleitoral, mas entregar de fato um hospital para a população.

O senhor esteve com o senador Jorge Kajuru, que inclusive declarou apoio à sua candidatura. O que o senhor tem buscado em Brasília?

Recursos. A vida de prefeito é ir a Brasília atrás de recursos, atrás de emendas. E nesse aspecto, Kajuru tem ajudado. Fomos ao secretário (de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde) Helvécio Miranda e conseguimos um aporte para a saúde de quase R$ 4 milhões ao ano. Agora que conseguimos tirar o setor de uma crise financeira, porque quando assumi,  em 2021, a saúde tinha déficit e uma dívida de mais de R$ 30 milhões e viemos alcançando esse equilíbrio financeiro ao longo desses três anos. A  saúde é muito lenta para dar resposta. Se você investe hoje, vai ver o benefício lá na frente, e como no passado não investiram e deixaram sucatear, a gente sofreu muito – descontando a pandemia – para colocar a nossa saúde nos eixos  com mais de 30 unidades carentes de reforma e estamos conseguindo. Já reformamos mais de 12 unidades de saúde, a UPA está em reforma, o pronto-socorro da Vila São Sebastião está em reforma, o pronto-socorro da Vila São João já terminou a reforma. A saúde sofreu muito com a falta de investimento ao longo dos anos e estamos conseguindo contornar essa situação e o senador Kajuru tem sido um parceiro da nossa saúde, um parceiro da nossa cidade. 

Qual será a marca de sua administração? 

Reformas e conclusão de obras que estavam paradas, como o Paço Municipal, que ficou parado por mais de 13 anos, o Cristo, que é nosso ponto turístico e a  obra ficou parada por 9 anos, e agora estamos tentando retomar a obra do centro de especialidades médicas, que também tem mais de 13 anos que foi paralisada. Fora isso, conseguimos concluir a construção de três escolas no começo do ano passado, o que aumentou a nossa capacidade de alunos matriculados, e até o final deste primeiro semestre, vamos entregar mais duas escolas. Vamos ter conseguido concluir cinco novas escolas, além de algumas praças que reformamos e outras que fizemos. Emblematicamente foi a conclusão do Paço Municipal, que passou por várias gestões sem conclusão, e conseguimos concluir, e ele estava praticamente igual a 12, 13 anos atrás. E a obra do Cristo é uma comprovação do esforço que fizemos para entregar para a população as obras, independentemente de quem começou.

O senhor é servidor público concursado e tinha uma visão da administração pública de um prestador de serviço. Nos últimos anos, o senhor passou a ser o responsável pela gestão. Qual a visão que o senhor tem hoje da administração pública?

Eu sempre fui muito, não vou dizer compreensivo, mas nunca me dei ao luxo de ficar batendo em gestor sem saber o que está acontecendo. Hoje, que estou na gestão, vejo exatamente o que é possível e o que não é possível fazer. Eu fui do sindicato e, à época que fui do sindicato, eu já via uma contaminação política das ações do sindicato, a ponto de certa vez falar: se for para fazer mobilização para defender os trabalhadores, conta comigo, mas se a mobilização tiver o intuito de elevar um gestor ou de de diminuir um gestor,  não contem comigo. Hoje, o sindicato continua bem neutro, luta pelo trabalhador, conversa com o prefeito, rejeita qualquer situação e também aprova. Mas, infelizmente, uma parcela pequena dos servidores, inclusive os concursados que acabamos de convocar, estão usando das deficiências da gestão, das deficiências dos servidores para fazer, não é nem política, para fazer politicagem mesmo. Eu tive essa comprovação ao assistir uma assembleia que o sindicato fez para colocar em pauta a nossa proposta de plano de carreira e não houve a assembleia porque virou uma arruaça. E lá estavam presentes dois ou três pretensos candidatos a prefeito. Isso infelizmente é politicagem, que procura travar a máquina para depois tirar algum proveito disso.

O senhor se descobriu político ao administrar Senador Canedo? Pretende continuar político?

Essa é uma questão interessante do ponto de vista pessoal. Eu estou observando que eu sempre neguei ser político, mas tenho visto que tenho me tornado um bom político, mesmo falando que eu não gosto. O que eu percebi que eu não gosto é da politicagem, mas é impossível ser prefeito e não saber ou não gostar de política. E estou tendo prazer de trabalhar junto com os outros secretários e, este ano, que é um desafio novo para mim, que é a reeleição, estou tendo o prazer de ver que a política é uma ferramenta que pode melhorar a vida das pessoas. Eu tomei gosto pela política. O pessoal sempre fala que eu  não faço política, mas a melhor política para mim é o trabalho. Isso me fez chegar a ser prefeito; eu virei prefeito atendendo no PSF do Uirapuru, onde eu trabalhava até às 3 horas da tarde. Hoje eu fiz uma visita às unidades de saúde e reencontrei pacientes que viraram amigos. Eu acho que eu atendi metade dessa cidade ao longo dos 21 anos em que sou fisioterapeuta aqui. Eu tenho muita convicção de que o trabalho leva a consequências políticas muito positivas. Fato é que hoje eu sou prefeito. dr Túlio, que era médico, foi vice, virou prefeito; dr Márcio Polo, que é médico, virou vereador muito bem votado. O povo procura retribuir politicamente aquilo em que se sente atendido.